Capítulo 5: Brincando com o Desconhecido

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No dia seguinte, Lena estava animadíssima para almoçar na casa de Marini

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No dia seguinte, Lena estava animadíssima para almoçar na casa de Marini. Já Léo, um tanto relutante. Ruminava sobre a conversa de ontem com seu amigo. O larápio não daria o braço a torcer, por mais que o marinheiro tivesse razão na maior parte.

Quando chegaram na loja de pescados, no Água Rasa, pouco depois do meio-dia, os irmãos desceram o lance de rampas que levava para as profundezas, abaixo do nível do mar. Em frente à porta de metal, a leda menina bateu o código secreto de seis toques rítmicos.

— Já vai! — ouviu-se a voz abafada de Marini do outro lado.

O homem-peixe abriu as trancas com pressa e recebeu seus companheiros de braços abertos:

— Até que enfim vocês chegaram! — Ele abraçou a garota com força e a deu um beijo na testa.

— Oi, grandalhão! — respondeu ela, toda risonha.

— Tá cheirosa, hein, piquetuxa? — E então, dirigiu-se a Léo — Ah! É bom te ver também, maninho! — O brutamontes abriu os braços a fim de abraçá-lo. O moleque pouco resistiu; aceitou com cara de deboche. — Vamos, entrem!

A moradia de Marini, além de feder a peixe, era pequena e bagunçada. O piso sempre estava molhado pelo encanamento malfeito e as paredes eram cobertas de musgos verdes-cintilante. Apesar das condições, os três se sentiam bem lá dentro. Era mais acolhedor que qualquer caçamba de lixo.

Os irmãos logo repararam no cheiro da comida. Nas bocas do pequeno fogão de tijolos, numa frigideira, o óleo esquentava, e uma panela, ao lado, borbulhava. A pia continha uma tábua com batatas e cenouras picadas.

— Hum~! — exclamou Lena. — Que cheirinho bom, mano! O que é, hein?

— É só arroz, ué? — respondeu o chef. — Eu ainda tenho que fritar as hismínias e colocar os legumes para cozinhar.

— E não é que preparaste um rangão mesmo? — enfatizou Léo, rindo enquanto encarava o solitário peixinho dourado de estimação do marujo dentro de seu aquário redondo.

Marini sorriu realizado:

— Vamos, sentem-se! Não vai demorar muito.

O marinheiro não tinha cadeiras. Sua casa era repleta de barris e caixas minimamente desgastados. A pequena mesa de jantar redonda era baixa. Marini havia serrado seus pés para que o chão molhado, de alguma forma, o ajudasse a recuperar sua memória.

Sentados no velho ladrilho, os irmãos esperavam ansiosamente pelo almoço enquanto o anfitrião dava os toques finais na comida. Lena pulava sentada. Léo se continha.

— Prontinho! — Marini colocou as panelas sobre a mesa. Em seguida, montou os pratos de seus convidados e, por fim, juntou-se a eles para saborear a refeição.

A menina, esfomeada do jeito que era, começou a devorar o almoço como se não houvesse amanhã, sujando sua roupa e a mesa. Seu irmão logo se irritou:

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