Capítulo 19: A Verdade Saúda

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O dia seguinte logo amanheceu com o varrer das cinzas pelas ruas do vilarejo

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O dia seguinte logo amanheceu com o varrer das cinzas pelas ruas do vilarejo. Toda a comunidade exercia a limpeza entre risos e xingos.

Léo estava preocupado com Zacarias. Queria visitá-lo no cemitério e, depois, iria a alguma igreja local. Se o Pesadelo ou seu contratante realmente fosse um extremista religioso, estava certo de que encontraria alguma pista. A teoria de José Romeo poderia parecer um absurdo, mas o que é pouco para quem tem nada?

— Vai pra onde? — Lena interceptou o ladrão na saída do beco.

— Andar um pouco.

— Eu vou contigo. Tenho nada melhor pra fazer...

— Ué? Não tens que trabalhar?

— Hoje não. O restaurante tá fechando. Meu chefe foi levar a mãe dele no médico lá em Argilosa. — Caminhou até seu irmão. — Além disso, vou poder ficar de olho em ti.

O moleque inspirou bem fundo e soltou todo ar pela boca. Sabia que, no fundo, a menina mais o atrapalharia que ajudaria. Mesmo assim, não negaria a presença dela tão fácil assim:

— Tá bom, Lena... Só não vai ficar no caminho, hein?

— Oba! Fechado! Bora vadiar!

— Ih! Eu não vou vadiar, não, tchonga! Eu vou... Er... — Lembrou-se de que ela tinha medo do coveiro. Decidiu mudar o roteiro. — Eu vou procurar o colar da mãe, ora!

— Ah~! E onde a gente vai procurar, então?

— Tenho uma ideia de onde. Só preciso passar em um lugar primeiro...

Como não sabia perfeitamente a localização de nenhum templo universalista, o larápio resolveu ir perguntar para José Romeo, um dos poucos homens de fé daquela cidade. Foram procurá-lo na sede do jornal.

Não havia ninguém na recepção. Lena até pensou em tocar a campainha, mas Léo, paranoico do jeito que era, a desencorajou. Seja lá qual fosse o paradeiro do homem de chapéu pork pie, teriam que esperar.

Sentados na sarjeta do outro lado da rua, o jovem queria testar os limites de sua paciência. Tirou seu ioiô do bolso, entediado.

— Eita, mano~! Que doidice é essa?! — perguntou sua irmã, encantada. — Posso brincar? — Estendeu a mão.

— Desculpa, maninha! — debochou. — Comprei isso com meu dinheiro sujo! Acho que a senhorita certinha não vai querer, né?

Ela franziu o cenho:

— Onde compraste isso, então? Vou lá agorinha mesmo!

O ladrão, com um sorriso malandro, apontou com o beiço para a banca no fim do quarteirão. A garota, toda bravinha, foi até lá desviando das poças remanescentes da limpeza. Estava começando a nutrir seu próprio orgulho; nem chegou a olhar para trás. Retornou somente três minutos depois — e nenhum sinal de vida de José.

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