Capítulo 13: Remissão

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E, de repente, Léo acordou

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E, de repente, Léo acordou. Encontrava-se em um lugar onde nunca esteve antes: um pequeno quarto de madeira, cheio de ferramentas e produtos químicos. Estava deitado de bruços sobre uma mesa de granito, bem no centro do cômodo. Suas mãos estavam amarradas às suas costas.

Garoava lá fora. Não dava para saber que horas do dia eram. Um cheiro forte de terra molhada e de urina de gato se levantava com a chuva. O moleque sentia uma dorzinha chata na cabeça. Ele não fazia ideia de onde estava ou de como foi parar ali. Tudo o que sabia é que arranjaria algum jeito de sair.

Suspirou, irritado; não conseguia afrouxar as cordas de seus pulsos. Farto, pulou para fora da mesa, caindo de pé. Sua atenção voltou-se para a porta. Estava trancada. Encarou a maçaneta literalmente de mãos atadas. Só conseguiria abri-la se a arrombasse com os pés.

Com uma breve retomada de ar, desferiu um chute contra a porta. Depois, outro e mais outro. Ele pouco se importava se seu sequestrador ouviria ou não; o ódio falava mais alto.

Seus golpes, no entanto, pareciam não funcionar. P da vida, antes de mudar sua estratégia, deu uma última e impiedosa bicuda na pobre portinha. Pôs tanta força que acabou abrindo um buraco na coitada. Sua perna tinha atravessado a madeira.

Sentou-se no chão de cimento, em frente ao estrago que havia causado. Via nada além de neblina e grama molhada no outro lado. Uma corrente de ar fria vinda do rombo retraía suas canelas magrelas e arranhadas. Léo suspeitava estar na zona rural de Guaiatuba. Sua casa não era muito longe dali.

Porém, antes mesmo que pudesse fazer qualquer coisa, um grito de espanto ecoou do lado de fora da sala, cortando o som da chuva, que já havia praticamente parado.

— Mas o que está acontecendo aqui?! — reclamou o dono da voz, destrancando e abrindo a porta, preocupado.

Um homem grande e pálido, todo de preto e com uma tipoia que envolvia seu braço esquerdo bloqueou completamente a passagem. Era Zacarias. Ele tinha uma tigela de porcelana com uma colher dentro apoiada em seu braço engessado.

— VOCÊ?! — O rapaz levantou-se rapidamente, recuando para o fundo do cômodo, como um animal encurralado.

— Eu sabia que não devia ter te deixado sozinho! Saio por quinze minutos, e a peste já me quebra a porta do escritório!

— Como é que eu vim para aqui, hein, velhote?

— Você não se lembra, garoto?

— Lembrar de que, porra? Eu deixei a Lena em casa e... Nossa! O que aconteceu comigo?!

— Você escapou da minha mão e bateu a cabeça na lápide de um dos meus inquilinos. Já faz três dias. Você se machucou feio, sabia? Demorei um bocado para conseguir costurar sua testa direito... Vai deixar cicatriz...

Nenhuma palavra saía dos lábios de veneno do larápio. Estava perplexo: três dias inteiros desperdiçados. Tudo começou a vir à tona feito assombração: os vestígios do Pesadelo os quais nunca encontrara, o medalhão furtado e Lena aos prantos.

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