Capítulo 6: Tempestade Repentina

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— Tu achas mesmo que foi um fantasma que estourou o copo e o aquário? — perguntou Lena enquanto ela e seu irmão caminhavam até em casa

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— Tu achas mesmo que foi um fantasma que estourou o copo e o aquário? — perguntou Lena enquanto ela e seu irmão caminhavam até em casa.

— Puft! Claro que não! Deve ter sido todo o bafo daquela sala. Eu já vi isso acontecer numa taverna antes. Calor pode estourar vidro, sabia?

— Não! Nossa, Léo, tu és tão esperto!

Com a presença iminente da chuva e do crepúsculo, passeavam pelos becos obscuros, com medo de ficarem ensopados. Relâmpagos dançavam pelos céus, mas não ouviam os trovões ameaçadores. Contornando os muros da ralé, o jovem ainda remoía algo no fundo da mente:

— Lena?

— Oi, mano.

— Tu me achas antipático?

— Er... Eu não-

Lena nem conseguiu elaborar sua resposta. Na encruzilhada em que passavam, trombou de frente com um homem esquisito, de ombros tortos. Esse tipo não era muito raro em Guaiatuba.

— Ei! Por que não olha por onde anda, maluco? — confrontou Léo, defendendo sua irmã.

— É, moço! Eu não sou de borracha, não! — acrescentou a menina.

O sujeito não respondeu. Observaram-no melhor. Vestia um manto cinza e uma máscara de pano que lhe cobria quase todo o rosto. Tinha olhos castanhos claros, frios e sem brilho, totalmente esbugalhados. Encarava sem a menor vergonha algo no peito da menina. O larápio, achando aquilo tudo muito esquisito, tomou uma postura defensiva:

— Escuta, mano, a gente não quer confusão. Segue o teu caminho que a gente segue o-

Antes mesmo que os olhos conseguissem acompanhar, o infeliz tomou o medalhão de Lena à força, puxando-o e rompendo-o de seu pescoço. A menina ficou paralisada de medo. Seu irmão logo pegou sua adaga para assustar o bandido — uma tentativa inútil. O foragido já corria da cena do crime com seus passos desiguais e o objeto em mãos.

Tentaram persegui-lo e quase o alcançaram, mas foram desencorajados com uma faca sendo arremessada contra os dois. Por sorte, ninguém foi atingindo.

Léo parou, Lena não. Estava determinada, possessa, movida pelo ódio e pela angústia de perder o insubstituível. Ignorava os chamados apreensivos de seu irmão. Ela corria mais rápido, aos prantos, com as emoções à flor da pele.

A árdua perseguição a levou até um enorme paredão no fim daquela ruela sem saída. Só conseguiu ver parte do corpo do meliante descendo para o outro lado do muro, inalcançável.

Exausta, sentou-se no chão e começou a chorar. Chorou como nunca antes. Era como se uma parte sua houvesse sido roubada junto com o pingente. Ela também era uma ladra, uma cúmplice, mas jamais havia passado pela sua cabeça que isso poderia acontecer consigo.

— Lena! — Seu irmão finalmente a alcançou. — Cadê ele?!

O moleque deparou-se com ela naquele estado deplorável, digno de pena. Percebeu que ela o havia perdido de vista. Ele não sabia o que fazer. Sentiu-se impotente. Foi aí, então, que seu raro lado emocional tomou conta, envolvendo a pobrezinha em um abraço, selado por uma promessa:

— Lena... Eu juro que vou pegar o medalhão da mamãe de volta. Eu juro... Eu juro...

Tentaram procurar mais um pouco, porém, não encontraram nada pelas redondezas. Tudo piorou quando a prometida chuva forte começou a se esbarrar contra a terra, lavando toda poeira e sal que cobriam a cidade.

Chegaram em casa encharcados. Lena tremia sem parar; sem fôlego de tanto chorar. Nenhuma palavra saía dos lábios do rapaz, apenas o silêncio bruto e constrangedor de um fracasso repentino.

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EM busca das estrelas. Direção de Makoto Shinkai. [S. l.]: CoMix Wave Films: Media Factory, 2011. GIF: second impact. Disponível em: https://second-impact.tumblr.com/post/23546896830. Acesso em: 21 jul. 2024.

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