Havia nada além de escuridão por lá. Lena não enxergava nada, como se estivesse com os olhos fechados, mesmo tendo ciência de que estavam abertos. Sussurros desconexos cochichavam em seus ouvidos, e gritos de raiva, dor e prazer ecoavam à distância. Não entendia uma palavra; nem queria entender.
Tentou chamar por Léo e Marini, mas sua voz não saía. Tentou mover seu corpo, mas seus músculos não respondiam. Só conseguia movimentar a cabeça e os olhos, paralisada.
No momento em que toda sua vontade se esvaiu, um tenebroso trovão estrugiu por todos os lados. Relâmpagos esverdeados iluminaram sua vista definhada enquanto nuvens carregadas passavam pelo céu marrom-escuro. Quando olhou para baixo, viu que seu corpo estava atolado na lama até o pescoço.
Seu rosto se enchia de pânico a cada segundo que se passava. Escutava gargalhadas desdenhosas e batuques de tambores vindos do Norte, do Sul, do Leste e do Oeste. Os céus queriam invocar algo. Vozes de todos os timbres chamavam incessantemente por "Ax'thra".
De repente, um ser alado cortou o ar, sobrevoando sua cabeça. Era um anjo que empunhava uma lendária espada de luz. Voou tão rápido que sua visão mal conseguiu acompanhá-lo.
E então, os raios tomaram conta de tudo, e penas desgrenhadas caíram lentamente das alturas perante os olhos inocentes da garota. As risadas desgovernadas e selvagens dominaram todo tipo de som. Das nuvens, uma silhueta gigantesca e monstruosa tomava forma, cuja única coisa distinguível era os vários olhos verdes cheios de maldade. Aquele era o fim. O seu fim.
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Ladrões de Túmulos
ФэнтезиAs noites de lua cheia têm um significado bem único para os irmãos Léo e Lena: invadir o cemitério e roubar dos mortos que recentemente reviraram a terra. Correr do coveiro e vender as joias adquiridas tornou-se parte da rotina dos órfãos, que lutam...