[N/A:Olá, seja bem-vinda/o/e a mais um capítulo da fanfic. Perdão por qualquer erro grotesco que eu tenha deixado escapar sem notar. Faça uma boa leitura!]
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Residência dos Cave; Domingo, 16:40 p.m
Clinton bate na madeira da porta e aguarda dois minutos, o silêncio se faz presente e então ele dá outras duas batidas, mas ainda sem resposta. Ele me encara e encolhi os ombros, o encarando de volta e então ele encara a porta e gira a maçaneta, empurra a porta criando uma fresta por onde coloca a cabeça e observa lá dentro.
Ele suspira e adentra o cômodo, abrindo espaço para que eu o siga e assim o faço, com cautela. A cena que vejo no interior do quarto inicialmente poderia soar cômica, sendo comparada ao episódio em Crepúsculo, onde que Bella fica deprimida, pois Edward a deixou. Mitchel estava em cima de sua cama, abraçando os joelhos enquanto observava a vista da janela. Ele nem mesmo se vira para ver quem adentrou seu quarto, permanece calado e inexpressivo com suas tranças bagunçadas.
Clinton vai até o computador do irmão e ouço o som de seus dedos pressionando algumas teclas até que de repente "Possibility" começa a ser reproduzida através do auto falante do dispositivo. O Cave mais novo não faz menção de se mover e Clinton sai, fechando a porta atrás de si e me abandonando com seu irmão em estado de imensa tristeza e coração partido.
Receoso, eu me aproximo da cama do garoto de tranças. Encolhi os ombros ao me dar conta de que havia sido inserido no ambiente mais íntimo de Mitchel Cave em um de seus momentos mais tristes. As paredes antes cobertas por uma tintura azul marinho, agora estavam cobertas por uma tinta acinzentada. Anteriormente ele costumava ter pôsteres de Star Wars nas paredes, - pois dizia ser um dos únicos elementos da cultura nerd que se orgulhava de se exibir como fã. - Agora em uma das paredes havia um mapa, em outra uma estante de livros pequena e a luz de led que estava desligada no momento.
Me sentei à beira da cama e meus mirantes captaram a figura entristecida, os fios de cabelo emaranhados, a expressão de tristeza e o olhar vago que me deu a certeza de que o garoto não estava mentalmente presente ali naquele instante, o que me obrigou a mudar minha posição na cama e ficar a sua frente, tocar em seu ombro e curvar os cantos de meus lábios em um sorriso para tentar faze-lo falar, ainda que fosse para me expulsar de seu quarto.
- Mitchel - eu o chamo, a voz extremamente baixa e vacilante. E não obtive resposta alguma, ele nem mesmo chegou a se movimentar. - Mitchel! - Chamei mais uma vez e ele pareceu despertar de seu transe, piscou repetidamente e se esquivou para trás, assustado.
- Anthony? Se veio procurar pelo Clinton, está no quarto errado. O dele fica do outro lado do corredor, tem a porta vermelha e...
- Não vim procurar pelo Clinton, Mitchel - interrompi, vendo seu cenho franzido em confusão, que me fez suspirar. - Na verdade vim ver seu irmão, mas então ele me contou sobre sua situação de melancolia e coração partido. Me disse que tentou continuamente falar contigo por todos os dias da semana e não conseguiu resposta alguma e então queria que eu tentasse a sorte com você - expliquei e vi sua expressão relaxar.
- Eu disse pro Clint que não precisava se preocupar, que não queria falar e se eu estivesse pronto e preparado eu falaria com ele. Só não disse quando, garoto desesperado - respondeu e rolou os olhos.
- Ele é seu irmão, Cave. Irmãos se preocupam com os outros sempre. É perceptível que você tá passando por um momento ruim, triste, melancólico e pra você pode estar até sendo um tanto deprimente, mas sabe que se você falar mais cedo com alguém sobre o que rolou e como você tá se sentindo agora, vai aliviar e te deixar um pouco melhor.
- Eu sei que ele se preocupa. Não sou cego, sabe? Enxergo isso claramente, é óbvio. E não sei se quero falar sobre em quantas partes meu coração se partiu depois dessa merda. Sinto que... Eu me sinto sem esperanças, Christian. E mesmo que pareça bobo pra caramba, e é bobo, sei disso também. Mas meu coração tá ferido, eu tô desnorteado. Como uma pessoa pode fazer assim tão mal pra outra só com uma merda de término? Que caralho de vida fodida - socou o colchão de sua cama e escondeu a cabeça entre as pernas para chorar.
Comprimi meus lábios, sentindo meu peito doer. A dor de Mitchel refletia em mim, meus sentimentos sobre ele me faziam um tolo apaixonado e mais empático do que de costume, torturando a mim mesmo com o sofrimento alheio. Me aproximo mais de Cave que permanece de cabeça baixa, o corpo treme e o som de seu choro alcança meus ouvidos.
- Clint me contou que você está assim há dias, Mitty. Você não apareceu na escola nem mesmo na sexta-feira. No dia do seu treino e ainda que seja um babaca estúpido e se negue a falar comigo por um motivo que desconheço, senti falta da sua figura nos corredores.
- Eu não consegui, sabe? Erguer a cabeça e desfilar pelos corredores fingindo estar bem e superado porque me conheço e sei que caso eu a ver em minha frente, vou desmoronar - se justificou, a voz falhando por conta do choro.
- Pois então se permita desmoronar, Cave. Relacionamentos são instáveis. Te levam ao céu em um momento e no minuto seguinte, te jogam na camada mais profunda do tártaro. Você se desmorona, sangra, sofre e chora, faz parte do processo. O Clinton está ao seu lado, é um de seus maiores pilares para te auxiliar a manter tudo firme; - mesmo que pra isso você leve semanas ou meses, você vai superar, mas tem que se deixar desmoronar para que possa se erguer novamente com peças mais fortes e polidas.
Em tom baixo, ainda meio receoso eu disse e o escutei fungar. Seus mirantes avermelhados foram fixados em meu rosto. Ele me observava em quase completo silêncio, se não fosse por conta da música que se reproduzia continuamente. E então as lágrimas param de cair por seus olhos e de repente sua cabeça se move de forma afirmativa para mim.
- Eu nunca pensei que lhe diria isso, mas você está certo, Christian - ele responde, sua voz ainda baixa.
Esquadrinhei seu rosto, buscando sinais de que ele estivesse sendo verdadeiro ao concordar comigo, mas seu rosto permanecia igual. O olhar sem brilho, desesperançoso, quebrado. Não foi preciso de muito para crer que àquele que amo apenas estava dizendo o que julgou agradar meus ouvidos.
- Não diga que eu tenho razão só porque acha que é o que eu quero ouvir, Cave. Isso está bem distante daquilo que eu espero ouvir de você. Não acha que em algum momento você vai precisar parar de fugir? - Indaguei, parecia ter o pego de surpresa, pois a forma como seus lábios se abriram e ele balbuciou, mas nada proferiu. - Eu iria te chamar pra fazermos algo legal e te tirar desse fundo do poço, mas é melhor te deixar sozinho. Me procure quando resolver enfrentar seus problemas e as consequências de seus atos ao invés de continuar fugindo tão covardemente para dentro do seu quarto. Cresça, Mitchel. Os bichos-papões não estão mais debaixo da cama, você não é capaz de afugentá-los com um simples cobertor - me levantei e girei os calcanhares, saindo sem olhar para trás enquanto meu peito queimava com as dores da empatia por aquele que um dia fôra meu melhor amigo.
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Te vejo em uma próxima atualização! (:
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Let Me be Your (Boy) friend? ⭑ manthony.
FanfictionÉ de consenso social que para grande maioria das pessoas ao passar pela adolescência, são construídos fortes laços de amizade durante o tão tenebroso ensino médio que irão perdurar pelo resto da medíocre existência humana. Christian Anthony costumav...