Quem diria?

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  Terminamos o banho com muitas brincadeiras e carícias; faz tempo que não me sinto tão feliz quanto estou agora, sei que ainda irá acontecer muita coisa e aquela sensação de mau agouro parece estar agarrada a minha nuca, contudo, decidi aproveitar o agora e é isso que estou e irei fazer. Assim que cheguei no quarto, coloquei a roupa que tinha separado e ajudei o Grandão a escolher a dele: uma calça jeans e uma blusa branca básica; como não temos nada programado para hoje nos vestimos casualmente. Fui direto para a cozinha, e como sempre, Djalma está atrás de mim, percebi que ele sentou-se na cadeira do balcão e ficou me observando enquanto eu arrumava o café da manhã, o de verdade dessa vez, ri com esse pensamento e o Grandão diz:

— Está tudo bem Cachinhos? Por que não ficou na cama comigo? — o olhei e vi sua expressão de aborrecimento, confesso que me senti mal por isso, de repente esse homem começou a ser muito importante para mim e sua felicidade virou uma prioridade, o que é estranho, mas um estranho bom. Com isso, o respondi:

— Eu estava na cama Grandão, mas meu celular tocou e fui atender, era minha secretária, do meu trabalho, ela precisava falar comigo, por isso levantei. — vi quando acenou a cabeça em consentimento e continuei minha missão de fazer uma deliciosa omelete com queijo, torradas e um café. 

— Entendi, apesar de não saber muito bem o que é um celular, mas, enfim, o que ela falou? — com a atenção no preparo da comida, falei de costas mesmo:

— Ela me contou como estão as coisas lá na emissora, emissora é o nome do meu local de trabalho, perguntou se estava tudo bem e foi isso. — ocultei o final da ligação, pois não quero o preocupar com isso. 

— Ah sim, foi só isso mesmo? — sinto meu coração falhar uma batida com essa pergunta, e agora o que eu faço? Digo a verdade para Djalma ou continuou acobertando aquela parte do sonho? Perdida nos meus pensamentos e sem saber como prosseguir, nem percebi a aproximação do Grandão que agora está do meu lado e o meu silêncio por tempo demais, o suficiente para ele suspeitar de algo errado. — Cachinhos, foi só isso? — ele repete a pergunta e sem aguentar mentir para ele, respiro fundo, olho em suas lindas orbes verdes e falo:

— Não Grandão, não foi só isso, ela queria saber se eu estava bem pois teve um sonho comigo e nesse sonho algo ruim acontecia. Por isso ela me ligou, não queria te falar para não te preocupar, mas, prometemos não esconder nada um do outro. — assim que termino vejo sua expressão séria e seu corpo tenso, não me contenho e continuo: — Você está bravo comigo? — ele balança suavemente a cabeça e fala:

— Estaria se mentisse para mim, entenda que não me aborrece em nada e é meu dever e minha honra te proteger, você é minha mulher, então, por favor, nunca esconda nada de mim, está bem?

— Está bem! — sorrio e o abraço, sou prontamente retribuída pelo Grandão, nos separo, mas antes beijo sua bochecha e sussurro — Agora vai se sentar que em poucos minutos a nossa comida estará pronta. — ele me obedece e finalmente termino o café da manhã. 

  Pego tudo e coloco no balcão, me ajeito e começo a comer, o Grandão me acompanha e pelos Deuses, ele come muito, fiquei embasbacada ao ver a quantidade de omelete que ele colocou na boca de uma só vez; disfarço minha surpresa e foco no meu prato. Assim que finalizamos, viro para Djalma e falo:

— Como eu já cozinhei, você irá arrumar a cozinha, pode ser? — o vejo arquear as sobrancelhas e me responder:

— Tudo bem, mas eu preciso que me explique como quer que eu faça isso. — justo, saio da cadeira e recolho tudo, o ensinando o que se faz com cada coisinha e como que organiza tudo. Confesso que me diverti muito com sua singela curiosidade e suas caras e bocas, estávamos nos divertindo com algo tão simples quanto lavar a louça e arrumar a cozinha, acho que é isso que as pessoas chamam de estar apaixonada, de repente, coisas insignificantes começam a ser importantes e apreciadas. Minhas reflexões são interrompidas com um beijo do Grandão que retribuí, quando nos afastamos que vi o que tinha acontecido, irada falei:

— Não acredito que colocou esta sua mão gelada na minha cintura, molhou minha blusa toda Djalma. — o besta só ria e ainda teve a audácia de responder:

— Na hora não te ouvi reclamando. — quando fui em sua direção disposta a lhe fazer boas cosquinhas ouvi o barulho da campainha. Paramos, nos olhamos e disse:

— Quem deve ser? Não estou esperando ninguém Grandão. — o mesmo me olhou, me colocou atrás de si e fomos até a porta. Assim que abrimos fiquei muito mais do que surpresa. 

Meu SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora