Djalma

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POV: Djalma

  Lembro-me de sempre ser diferente, desde minha infância até minha vida adulta, meu clã dizia que eu era um corvo branco, ou seja, o que não encaixava. Confesso que nunca entendi muito bem os motivos para isso, sempre fiz o melhor para meu povo, principalmente, para minha família, a qual sempre preferiu meus irmãos a mim, sempre foram eles a terem roupas novas, brinquedos novos, a melhor comida e mais tarde as melhores armas. E eu bom... Ficava sempre com o que sobrava, quando sobrava, e assim fui crescendo, fui sobrevivendo e aproveitando a solidão para me dedicar às lutas e me especializar na arte da guerra, tornando-me o melhor guerreiro do meu clã, principalmente com o machado; e isso foi comprovado quando houve a guerra Arvelighet entre cinco clãs para decidir o controle dos territórios do Norte, minhas tropas sofreram um ataque surpresa, por isso, ficamos em desvantagem e tivemos muitas perdas, eu consegui não perder o controle e lutei bravamente até chegar no comandante inimigo e pegando o machado que estava cravado no corpo de um guerreiro, avancei em sua direção, o derrubando do cavalo e arrancando sua cabeça. A partir daquele momento, fiquei conhecido, contudo, isso não melhorou o tratamento que recebia, ficando solitário e tendo apenas minha própria companhia. 

  O tempo foi passando e fui em muitas expedições à procura de novas terras e conquistei os territórios oeste do reino dos francos e saxões, quando, retornava aguentava as implicâncias de meus irmãos e a indiferença de meus pais, não me relacionei com nenhuma mulher, não me sentia atraído por ninguém e além do mais, elas também não me queriam. Não suportando mais, fui em um templo, no alto de uma montanha e nele pedi aos Deuses que me colocassem em meu lugar, em meu lar, senti naquele momento que fui atendido e voltei para meu clã, as luas foram mudando e um dia estava caminhando pela floresta, quando ouvi corvos grasnando muito alto, curioso, segui o som até que encontrei centenas deles, juro que nunca vi tantos em toda minha vida, assustado, virei para ir embora, porém, todos voaram para cima de mim, sem ter como fugir, apenas fechei os olhos. Quando acordei, estava em um lugar completamente estranho, sem minhas roupas e sem meu machado, fiquei em choque e saí em busca de informações, afinal, os francos podiam muito bem estar por trás daquilo, mas, fui totalmente surpreendido, pois, encontrei uma mulher linda, corajosa e mandona; confesso que fiquei fascinado por ela e quando contou-me o que aconteceu liguei os pontos em minha mente e fiquei feliz, pois, sei que os Deuses atenderam meu pedido.

  O tempo foi passando na presença de Larissa e minha admiração por ela só foi aumentando, contudo, outro sentimento cresceu, esse demorei para identificar, afinal não era somente paixão ou atração, era mais, era reconhecimento, era amor. Tive que me dedicar para conquistá-la e torná-la minha, não foi fácil, admito, mas consegui e quando a tive em meus braços e a amei como a mulher incrível que ela é, finalmente, me senti inteiro, me senti eu mesmo, me senti em meu lar. Depois, tivemos que visitar aquele ancião, que explicou tudo sobre meu passado, ou melhor dizendo, sobre minhas vidas passadas e tudo foi fazendo ainda mais sentido, principalmente, sobre os sonhos que tinha desde pequeno com uma mulher de cabelos negros e cacheados nos braços de um homem ruivo, além de ampulhetas e alguns objetos de mármore; tudo isso, foi afirmando que estou no lugar certo e que devo ficar aqui, por isso fiquei insano quando a Cachinho sugeriu de descobrir uma forma para eu voltar, não quero retornar e não vou. Estava tudo indo bem e tinha planejado ficar agarrado na Larissa o máximo de tempo possível, quando nosso dia foi interrompido por aquele casal estranho e infelizmente tive que acompanhá-los, podia sentir seus olhos em mim e consegui até supor o que pensavam, afinal, aquela energia densa emanava deles e me deixava extremamente desconfortável, suportei e quando a Cachinhos terminou de obter o que precisava, a agarrei e fomos embora, afinal, não consigo fingir por muito tempo; ao chegarmos em casa, percebi a mesma brava e me acomodei no sofá para conseguir lidar com ela e fiz isso, quando conversarmos e decidimos os próximos passos a serem feitos, comecei a beijá-la, até que me recordo de algo: meu machado! E sem me conter onde que ela colocou o mesmo, percebo que meu deu inúmeros beijos para me fazer esquecer e por pelo menos naquele momento esqueci. Contudo, isso não muda o fato que iremos até os vestígios daquele templo e que não abrirei mão do meu machado, afinal, tenho que proteger a pessoa mais importante da minha vida, minha mulher, minha Larissa ou Larisae, confesso que sendo minha, está tudo certo.


Estou pensando em colocar as duas versões, tanto da Larissa, quanto do Djalma em um capítulo, o que acha?

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