Vila

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Depois disso, olhei para o nosso casal e o mesmo estavam me encarando como se tivesse 20 cabeças-isso é ridículo, nem a que você tem funciona- para ficar quieta, estou tentando pensar-nossa, agora está explicado o cheiro de queimado-.                                                                      Enfim, voltando ao que importa, continuei olhando para o casal que agora conversavam entre si e dirigiam o olhar para mim às vezes. Ignorei, peguei minha mala e fui conhecer o namorado de Invryl. Assim que me aproximei pararam de conversar e olharam em minha direção.

— Olá! Sou a Larissa, muito prazer em conhecê-lo, Invryl me falou muito bem de você.— disse simpática para o namorado, o mesmo sorriu olhou para a namorada e me respondeu:

— Que bom, o prazer é todo meu, seja bem-vinda em Selvik. Sou Haakok.— apertou minha mão e continuou: — Venha, vou levá-la até o centro.— começou a andar e o segui, juntamente com Invryl. Conversamos um pouco, agradeci por me acompanharem, descobri que os pais de Haakok possuem uma loja de conveniência na vila (a única da vila, ou seja, fim de mundo), depois disso seguimos nosso caminho em silêncio. Estamos andando por uma trilha linda, cheia de árvores, flores...que passa pelo meio da floresta e nos levará até o centro; já estamos nela há um bom tempo, estou suando (e está fazendo -1 grau aqui), sem mencionar que uma mulher com 95 kg não foi feita para trilhas. Quando percebi já os tinha perdido de vista e ficado para trás, andei mais rápido e quando os alcancei notei o lindo casal que eram: de mãos de dadas, loiros, olhos claros, lindos, magros, Haakok alto, musculoso, com o maxilar quadrado, olhava para ela de uma maneira tão apaixonada; será que algum dia alguém me olhará assim?                     Tive tantos relacionamentos horríveis que simplesmente parei de tentar, mas agora estou correndo contra o tempo, com 29 anos, sem namorado e gorda (como se isso fosse algo ruim ou me tornasse feia), talvez nunca consiga isso, nunca consiga o amor. Antes que terminasse de me fechar em minha bolha de tristeza e depressão percebi a paisagem mudando ao meu redor, vi casas iguais de filme, com o telhado inclinado, uma única rua central de paralelepípedos coberta com neve, uma loja de conveniência, uma clínica, uma escola, um posto de gasolina; enfim uma única unidade de cada coisa. Só as casas que são mais numerosas (sim CASAS, pois nem prédio tem), e amei tudo isso, estou realmente me sentindo em uma vilas-é porque você está em uma, dããã-cala a boca autora.  

— Chegamos!— avisou Haakok sorrindo.

— Que bom.— respondi educada (como se não tivesse percebido), se continuasse andando sofreria um enfarte, já fiz aeróbica demais por hoje.

— Se quiser podemos te mostrar a vila.— ofereceu Invryl sorrindo.

— Muito obrigada, mas a única coisa que quero agora é descansar.

— Tudo bem, não tem muito o quê se mostrar mesmo, para chegar na pousada é só ir reto, virar a esquerda e continuar reto.— informou-me Haakok.

— Obrigada, mas como você sabia onde iria ficar?

— Só tem uma coisa de cada aqui.— respondeu rindo. E perguntei:

— Por acaso, tem onde pegar um táxi por aqui? Minhas pernas estão me matando.— assim que terminei de dizer isso, eles caíram na risada e eu vermelha de tanta vergonha, caramba eu só faço merda-que bom que você sabe-não vou nem comentar.

— Não temos carros aqui, só usamos motos, cavalos e charretes. O único''carro''que temos é da prefeitura que só usa-se para tirar a neva da rua.— respondeu-me Haakok, ainda se controlando da crise de riso.

— Nossa que diferente!— disse realmente surpresa e continuei: — Tenho que ir agora, muito obrigada por tudo.— abracei cada um, que travaram mas depois me abraçaram de volta.

— O prazer foi todo nosso!— disse Invryl ainda surpresa e se despediu, já Haakok só assentiu e acenou, fiz o mesmo e segui meu caminho em direção a pousada. E pelos deuses, como fui burra, eles não são brasileiros, não poderia fazer isso, mas enfim a merda já está feita. Continuei na calçada e óbvio que virei a novidade da vila, por onde passava os nativos me olhavam, uns mais amigáveis, outros não e eu linda continuei meu caminho plenamente.                                             Quando finalmente cheguei na pousada, fui direto para a recepção onde encontrei uma jovem, linda, ruiva e com o celular na mão; assim que me viu disse:

— Olá, sou a Anya, seja bem-vinda! Você é a Larissa certo? Aqui a chave de sua cabana.

— Sou sim, muito obrigada.— como já tinha acertado tudo pela internet, peguei a chave e fui direto para a cabana. A pousada é muito bonita, é perto da floresta e o último imóvel da rua, tem uma casinha na frente que é a recepção e depois um enorme pátio redondo com cinco cabanas; a minha é a última, no final e grudada na floresta, quando estava quase entrando senti que estava sendo observada, olhei para os lados e vi em frente a cabana quatro, uma senhora olhando fixamente para mim, lhe cumprimentei e ela retribuiu, bom até que está tudo bem. Minha vizinha é normal, mas quando cheguei mais perto percebi que era cega. Arregalei meus olhos e entrei correndo em minha cabana. Exausta, fechei tudo, tomei um banho, liguei o aquecedor e apaguei.                                                                                               

Meu SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora