Alfdis

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  Acordo sentindo um som vindo da janela, abro meus olhos e percebo que ainda está amanhecendo, viro minha cabeça procurando a origem do barulho e noto que vem da janela. Levanto, me afastando lentamente de Cronos e com muito cuidado para não acordá-lo, admito que foi difícil sair de seus grandes braços, porém, consegui; sigo até a grande janela e percebo um corvo na mesma, assim que vou a abrir ele sai voando, que estranho. Normalmente, esse animal vem para nos ajudar ou informar sobre algo, mas, parece que isso não ocorreu dessa vez; cansada e com sono, volto para a cama, contudo, assim que me viro percebo algo preso na janela, arqueio minhas sobrancelhas e, curiosa como sou, volto, a abrindo e pegando rapidamente o objeto para não o perder para o vento. Com isso, fecho a mesma, a tranco e vou para a cama, analisando o que está em minhas mãos e é uma garrafinha de vidro, muito pequena mesmo, tampada por uma rolha, vejo algo branco dentro dela e abro, como meu dedo não cabe, bato a garrafinha em minha mão fazendo sair um papel enrolado e amarrado por um barbante, pelos Deuses isso já está ficando além do esquisito! Sento na cama, colocando a garrafa na mesinha ao lado, desamarro o nó e estico o papel em minhas mãos para ver o que está contido nele, meus olhos arregalam ao ler:

'' Desconfie do que conhecido e confie no desconhecido, fiquem juntos e cuidado! ''

  Arfo assim que termino de absorver o que está escrito, claramente é uma mensagem para mim e para o Grandão, porém, quem a enviou? Não tem destinatário ou remetente, simplesmente foi deixado aqui por um corvo e duvido muito que ele tenha a criado, estou em choque, não sei o que pensar nem o que fazer. No momento, não há muitas opções, por isso, decido por seguir o conselho dessa mensagem e a guardo na primeira gaveta da cômoda ao lado da cama, assim que amanhecer vou mostrá-la para Cronos, porém, agora só quero dormir e deitando-me perto de meu companheiro é isso que faço. Algum tempo depois, sinto os raios de sol em minha face, me obrigando a abrir os olhos e despertar, sento no colchão e olhando em volta percebo que o Grandão não está ao meu lado, surpresa e um pouco preocupada, levanto de supetão e começo a procurar pela cabana, como não o encontro fico desesperada e sinto meu coração acelerado, pelos Deuses, onde ele foi parar? Sem saber o que fazer, saio e olho para o jardim da pousada, respiro fundo quando o vejo sentado no banco conversando com uma senhora, vou até eles e não me preocupo com o fato de estar de pijamas, afinal, isso não me incomoda nem um pouco, pelo contrário, sou uma seguidora assídua da corrente que defende a normalização do uso de pijamas em público; à medida que me aproximo deles, noto que a senhorinha foca seu olhar em mim e começa a me encarar, apesar de não parar de conversar com Cronos, porém sinto calafrios em meu corpo quando constato que essa mulher é a mesma que me analisou quando cheguei e que ela é cega. Contudo, parece estar me vendo muito bem e assim que para atrás de meu Grandão, ela me cumprimenta dizendo:

— Olá, bom dia! Acredito que você seja Larissa certo? — com isso, Cronos vira para mim e sorri lindamente, ando ficando na frente dos dois e falo:

— Sim, sou eu mesmo. E você como se chama? — estranhamente seus olhos acompanham cada um dos meus movimentos e responde:

— É incrível te conhecer, meu nome é Alfdis. 

— Que bonito, o que significa? — a vejo sorrir para mim e diz:

— Significa espírito. — arregalo meus olhos e me contenho em acenar em concordância. Cronos que até agora estava quieto, comenta:

— Olá Cachinhos, bom dia! Acordei mais cedo e decidi respirar um pouco de ar fresco, por isso, vim para cá, encontrei a Alfdis no banco e começamos a conversar. Ela nasceu aqui e conhece tudo e todos da vila. — entendo o que o mesmo quis me passar, ele está procurando informações e nada melhor do que uma nativa para as fornecer, sorrio e falo:

— Que legal, entendo meu querido. Vim te buscar para tomar café. 

— Ah sim! — ele concorda e se virando para a mulher continua — Muito obrigado pela companhia. Foi muito bom te conhecer. — ela acena, assim ele levanta e vamos para andando para nossa cabana; porém no meio do caminho, Aldfis diz alto:

— Que os Deuses os abençoe e cuidado! — a encaro chocada, ficando paralisada, volto a caminhar apenas depois de Cronos ter me puxado suavemente. Assim que entramos na cabana, nos encaramos e falamos juntos:

— Preciso te contar algo. — tamanha coincidência rimos, ele comenta:

— Você primeiro. 

— Tudo bem, hoje bem cedo, quando o sol ainda estava despertando ouvi um barulho na janela e fui ver, era um corvo e tinha um objeto preso, o peguei e vi que era uma garrafinha de vidro com um bilhete dentro. Vou pegar para te mostrar. — com isso, vou até o quarto, com ele me seguindo, abro a gaveta e lhe entrego a mensagem, ele arregala os olhos e fica quieto. Depois de alguns segundos, Cronos me olha e fala:

— Isso é muita coincidência. — percebendo a dúvida em minha face, ele rapidamente começa a explicar — Hoje cedo, assim que acordei, senti uma sensação estranha e fui respirar ar fresco, encontrando aquela mulher. Começamos a conversar e ela me disse que sabia sobre a profecia e que a ouvia desde pequena, que a vila sabe que algo está acontecendo. E o mais importante, ela me explicou que há uma fundação, seus membros são pessoas discretas e misteriosas da região. — como não entendi nada, o olho e pergunto:

— E? Não compreendi o que está querendo dizer. — sentando na poltrona e me puxando para o seu colo, Cronos responde:

— Ela me contou que desde sua chegada eles estão mais presentes e ativos, se encontrando mais e andando pela vila. São poucos, aproximadamente, uns cinco. O símbolo deles é uma serpente. — arfo em entendimento e caramba! Estamos realmente chegando em algum lugar, como fico quieta, ele continua — Ela me disse várias vezes sobre tomarmos cuidado e ficarmos juntos, pois, eles são covardes e mesquinhos, nunca encaram mais de uma pessoa por vez. Pelo o que me falou, os mesmos não estão acostumados com muitos humanos e rapidamente vão embora. É isso. — sem me conter, o beijo e sou retribuída com fervor, logo sinto suas mãos em minha cintura, indo para minha bunda e sabendo o que vai acontecer o para e digo:

— Cronos isso é incrível! Provavelmente, eles são as forças malignas e devem assumir as formas que quiserem, porém, elas não duram muito tempo. Isso explica o desconforto mediante muitos humanos e também o fato de quase não serem vistos. 

— Cachinhos, você inteligente demais e linda, sabe o quanto de tesão que me dá? — ignoro sua provocação e comento:

— Seu bobo, eu te amo! — ele sorri e diz:

— Eu também te amo demais. — o abraço e me separo rápido para falar:

— Agora, devemos ouvir esses conselhos, procurar mais respostas e nos proteger até a lua de sangue. — ele acena concordando e sussurra em meu ouvido:

— Com certeza, mas, agora nesse momento, vou te levar para nossa cama. — arfo em excitação e sinto seus braços me levantando, pelos Deuses, neste instante só irei aproveitar tal titã maravilhoso.

Meu SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora