Sou guiada por Cronos até nossa cabana, minha mente está um turbilhão de pensamentos e questionamentos, afinal, como tal bilhete foi para embaixo de nossa mesa? Simplesmente não faz sentido, já que ninguém se aproximou, a maioria nem sequer olhou para nós, estou assustada, apavorada e com medo, justo quando tudo parecia estar se encaminhando acontece tal fenômeno para lá de estranho. Volto a realidade assim que escuto:
— Larisae abra a porta, por favor. — com sua voz preocupada e urgente o Grandão me chama e noto que já estamos de frente para nossa cabana, sem pensar muito e guiada pelo instinto pego a chave e coloco na fechadura, permitindo assim nossa entrada. Assim que visualizo tão conhecido local vou tirado para a cozinha e pego um copo com água, sentindo a mesma descer por minha garganta e lavar minha alma, afogando um pouco as preocupações; Cronos vistoriou todos os cômodos verificando a segurança dos mesmos e agora está sentado no sofá, analisando tal bilhete, confesso, sua postura tensa com o maxilar trancado, as sobrancelhas franzidas e os lábios exprimidos em uma linha fina me preocupam e extermina minha paz interior que estava em seu auge algumas horas atrás. Respirando fundo, como se isso fosse encher-me de coragem, ando até meu amor e sento ao seu lado, fico quieta esperando o mesmo falar porém isso não acontece, decido então quebrar tamanho silêncio e começo:
— Eu estou surpresa, não sei como isso foi parar sobre nossa mesa. Pensa em algo Cronos? — seu olhar afasta-se do bilhete e volta-se para mim, encarando-me tão profundamente que sinto meu corpo paralisado, ele responde:
— Não sei, na verdade, penso em tudo e em nada. Estou repassando o que aconteceu em minha mente para ver se deixei algo passar despercebido, porém, ninguém se aproximou o suficiente para isso. — sinto um estalo e lembro de algo, animada levanto de supetão e falo quase gritando:
— A atendente! — percebo sua face chocada com minha reação, mas, assim que absorveu o que disse seu rosto se iluminou, com isso praticamente jogo-me no sofá e continuo — A garçonete foi a única que ficou tão perto de nós, perto o suficiente para colocar esse bilhete e além disso também era a única com uma caneta para escrever a mensagem, acredito que possa ter sido ela, o que acha?
— Acho que tenho sorte de ter uma mulher tão inteligente e sagaz ao meu lado, faz muito sentido e acho que está certa. — sorrio e o abraço, sou retribuída e ficamos assim por alguns segundos, sentindo nossas forças serem recuperadas e a esperança reacender em nossas almas. Assim que nos separamos, sento em seu colo e o olhando digo:
— Podemos procurar informações sobre ela, talvez possamos descobrir algo. Penso que isso tudo faz parte de um quebra-cabeça maior do que imaginamos. — sua testa se franze e ele fala:
— Por que acha isso?
— Pois tenho muitas ideias em minha mente, afinal, ela pode ter sido paga por alguém para fazer isso ou pode fazer parte de algum grupo de pessoas que atuam para tais forças malignas, e ao investigá-la podemos descobrir mais respostas e nos prepararmos, afinal, acho que de alguma forma eles, sejam lá o que ou quem sejam, já sabem que nos lembramos e isso deve os assustar.
— Só não entendo como podem saber disso. — penso um pouco antes de o responder e comento:
— Também não sei, minha hipótese é que provavelmente estão em mais lugares do que pensamos, nos espionando ou simplesmente estão atacando pois estão com medo de perderem seus domínios e terem que voltar para o lugar de onde vieram.
— Isso faz sentido, afinal, o mundo das sombras é extremamente desagradável, seus cidadãos valorizam e anseiam por controle e poder. — concordo com ele e sinto-me mais calma, apesar de todos os desafios estamos juntos nessa e trabalhando para permanecermos assim, juntos e seguros. Com isso, levanto de seu colo e fico pensando em como obter tais respostas sem levantar suspeitas já que este lugar é tão pequeno que se alguém arrotar todos os habitantes sabem; a menina da recepção vem em minha mente, não a vi hoje e ela sabe sobre a profecia, foi ela inclusive que nos falou sobre o ancião, arfo e penso em o quanto fui idiota por não ter percebido tal fato antes, ela pode muito bem estar envolvida com tais forças. Sou tirada de minhas reflexões ao escutar:
— No que tanto pensa? — encaro o Grandão que me olha curioso e o respondo:
— Penso em como obter tais informações e me lembrei que a garota da recepção não estava lá hoje, isso não é estranho?
— Talvez ela tenha ido ao banheiro.
— Sim, mas, também pode estar envolvida nisso. Lembra que foi ela que falou da profecia? — a compreensão surge em sua face e ele diz:
— Claro, acha que ela sabe de algo né? — com convicção, respondo:
— Acho.
— E te conhecendo como conheço já tem uma ideia de como descobrir não é mesmo? — sorrio satisfeita, afinal, ele está certo e falo:
— Óbvio que sim, você me conhece tão bem querido. — ele ri, dando de ombros e comenta:
— São anos de experiência.
— Com certeza. — com isso, rimos juntos e concordamos, afinal, bota anos nisso. Animada e orquestrando como fazer tudo da maneira correta decido ir para o quarto e o chamo, como vamos ficar por aqui mesmo, tomamos banho e nos arrumamos, indo para a cama; com a mente a mil sinto seus braços me envolverem e sua mão acariciar suavemente minha cabeça, depois de alguns segundos, escuto:
— Saiba que estou aqui sempre, não se esqueça disso. — sorrio levemente e digo:
— Eu também, nunca vou te deixar meu titã.
— Meu titã? — sua voz sua orgulhosa e divertida — Gostei disso, pode me chamar assim, dá um ar de autoridade sabe. — ri e concordei, acho que alguns daqueles clichês tinham razão, o amor não é uma tempestade, apesar de poder surgir de uma, o amor é tranquilo, gentil, caridoso e engraçado; não há nada melhor do que rir de nós mesmos, não importa o quão desafiante a realidade seja. Já me sentindo sonolenta e o agarro e entro no mundo dos sonhos sento protegida por seus braços, porém antes da inconsciência me tomar, meus instintos me mando olhar para a janela e assim o faço, vendo o corvo negro que estranhamente me encara e assim perco meus sentidos.
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Meu Selvagem
ChickLitLarissa nunca teve uma vida fácil, sempre menosprezada, batalhou muito para ter tudo que possuí. Jornalista, foi para a Noruega para escrever uma matéria sobre o quê era amor para os vikings. Só não esperava em encontrar um VIKING de 2 metros, com m...