Surpresas

131 18 2
                                    

POV: Larisae

  Todos os pelos do meu corpo se arrepiaram, meu coração parece que está dançando axé, minha respiração fica pesada e cansada; tenho vontade de sair correndo e de irmos embora, nos escondermos de tudo e de todos. Porém, Cronos parece querer o contrário, pois, assim que faço pressão em sua mão para andarmos e retornamos à pousada, ele simplesmente não vem e ainda por cima me puxa até o local que aquele homem estava. Nervosa e um tanto quanto temerosa, falo:

— Vamos voltar! Por favor, vamos! — sou ignorada e vendo que não tenho outra solução, o sigo. Começo o analisar e fico surpresa, a expressão de Cronos demonstra concentração, foco, determinação e poder; isso é perceptível pelas sobrancelhas franzidas, o maxilar travado e os olhos semicerrados. Nesse momento, há uma mistura e dominância do titã Cronos e do guerreiro viking Djalma o que me impressionou, afinal, tal habilidade de usar as características necessárias para diversas situações é incrível; sou tirada de meus pensamentos, quando, entramos em um beco escuro e Cronos diz:

— Fique atrás de mim Cachinhos, vamos passar por aqui e vermos se achamos algo. Percebi que ele foi correndo para a floresta, talvez tenha deixado algo cair por aqui. — em choque pergunto:

— Nós vamos atrás dele? — isso seria a maior estupidez, penso, Cronos me olha de esguelha e responde:

— Não, isso pode ser perigoso, afinal, eles podem ter preparado uma armadilha. Vamos apenas inspecionar este beco e vermos e achamos algo. — aceno em concordância e dedico minha atenção para o local que estamos, como o Grandão falou é um beco, entre dois prédios antigos altos, a iluminação é fraca, possui algumas caçambas de lixo, porém, estão vazias; além disso, é muito estreito, com uma aura estranha, desconfortável, é pesada e tem um odor forte, cheira à podridão, lembra a morte e dá para uma floresta, provavelmente, é nela que aquele homem foi se esconder.
Fico prestando atenção em cada detalhe, tentando encontrar algo que possa ser útil, como uma pista. Contudo, não acho nada e isso está sendo muito frustrante e extremamente perigoso; já cansada viro para Cronos o encontrando lá no final há alguns metros de distância, encarando a floresta, suspiro e começo a caminhar até o mesmo rapidamente para podermos ir embora, assim que, chego na metade do caminho percebo algo caindo em minha frente, assustada grito e me afasto.
  Com isso, Cronos vem até mim, me agarrando em seus braços, olhamos para o chão e sinto vontade de sair correndo sem olhar para trás, é um bilhete molhado de sangue, perfurado por uma adaga. Como estou paralisada, Cronos se ajoelha e pega os objetos, leva o sangue até seu nariz e, depois de analisar, fala

— Parece ser de animal, provavelmente, algum réptil por conta do cheiro. Está escrito
“ Cuidado, já os salvamos várias vezes, daqui para frente é com vocês.” Sem me conter, digo:

— Como assim? — ele me olha e balança a cabeça em negação, creio que está tão perdido quanto eu, nos encaramos por alguns segundos e depois continuo — Acho melhor irmos para à cabana.

— Concordo! — com isso, saímos andando de forma rápida e focada, sem querer perder tempo. Ao passarmos no centro, percebi uma movimentação estranha, com muitas pessoas ao redor de um veículo, mas, ignorei e Cronos fez o mesmo, afinal, deve ser alguém da vila e nada mais.
Quando chegamos a recepcionista nos encarou e sorriu amarelo, apenas acenei e entrei na cabana, Cronos me acompanhou; cansada acendi as luzes, fui beber água, comi alguns biscoitos com o Grandão fazendo o mesmo, depois fomos para o quarto, tomamos um banho, os dois quietos e perdidos em nossos próprios pensamentos, tentando encaixar as pecinhas deste quebra-cabeça cada vez mais confuso, ao sairmos nos vestimos e fomos até a sala, lá poderemos conversar e refletir.
Sentamos ao redor da mesa principal e assim que ia falar algo, escuto:

— Até que enfim! Achei que iam procriar agora. Ainda bem que não, vamos temos muito o que resolver. — assutada, dou um pulo da cadeira com a mão no peito e os olhos arregalados vendo que o ancião está sentado no meu sofá! Como esse homem veio parar aqui?!

Meu SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora