Amigos?

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— Meu nome é Larissa, tenho 29 anos e moro no Brasil, estamos agora na Noruega vim tirar umas férias, trabalhar e viajar. — digo olhando bem no fundo de seus olhos e continuo:

— Você entendeu o quê eu disse? Fala inglês?

— Sim, não muito mas entendi o que falou.

— Que bom! — respondi sorrindo. 

— Como cheguo aqui? — perguntou confuso. Como ainda estamos na cozinha, peguei em sua mão e o levei para o sofá, nos sentamos e começo:

— É uma história bem confusa e estranha...— me levanto e continuo: — vim para cá para descansar e trabalhar, sou escritora e jornalista, escrevo livros. Mas quando cheguei aqui e até antes mesmo, coisas estranhas aconteceram como por exemplo: um corvo me seguindo, uma senhora tendo visões sobre mim, um sentimento ruim e obscuro, uma outra senhora cega me encarando, um corvo pousando no meu ombro. E foi assim que te encontrei, um corvo negro que me acompanhou desde que cheguei, me acordou de madrugada e me levou para o meio da floresta, perto de umas pedras gigantes, foi lá que te achei; e por mais que parece loucura foram os corvos que te carregaram.  — termino olhando para ele, que parecia estar se segurando para não dar risada. Esse gigante está rindo de mim? Ahh agora ele vai ver, esse ingrato, olho bem em seus olhos e falo:

 — Sei que para você sou maluca, mas o mínimo que pode fazer é me agradecer, pois se não fosse por mim ainda estaria no meio da floresta machucado, sujo, faminto e sujo.

Ele parou de rir, tencionou o queixo, fez cara de bravo (uííí parece que alguém aqui não gosta de ser contrariado), começa a me encarar e fala:

 — Entendi tudo que falou, aprendi um pouco de inglês para negociar com os saxões, e por mais loucura que pareça acredito em você, de onde venho os corvos são muito importantes pois são o símbolo de nosso Deus Odin e se nos encontramos por meio de um não foi por acaso.  — puta que pariuu que voz é essa, me molhei toda. Larissa foco ele está falando uma coisa séria, para de ser tarada, depois de dizer isso para mim mesma o encaro e falo:

 — Que bom que acredita em mim. Bom acho que pode ficar aqui comigo até descobrirmos como te mandar de volta e pelo tempo que estive aqui, pode ter certeza que as coisas irão se resolver, eu espero.  — ele apenas me encara e depois de me analisar toda fala:

 — Tudo bem, pelo que parece temos que ficar juntos e me diga em que ano estamos, de onde você é, quantas luas tem e se está sozinha.  — olha ele gosta de mandar, imperativo hein, mas tenho que ensinar bons modos a ele, afinal ficaremos um bom tempo juntos. Continuo o olhando e digo:

 — Claro que responderei as suas perguntas, porém tem que ser educado e me pedir por favor. — ele arregala os olhos e eu,  bem plena, simplesmente ignoro e sento na poltrona em frente ao sofá, cruzo as pernas e os braços, e por fim arqueio a sobrancelha o incentivando a falar. Ele fica vermelho e fala:

— Como assim eu? Djalma Kjempen, o grande guerreiro viking, responsável pelas invasões e conquistas do oeste dos reinos francos e saxões devo pedir por favor para uma mulher?  — minha boca abre tanto que dá para entrar um vespeiro inteiro, como ele ousa falar assim comigo. Mas também né Larissa, como você conseguiu esquecer que ele é de outros séculos e que nessa época mulheres e nada eram a mesma coisa. Mas se ele pensa que pode me tratar assim está muito enganado, respirando bem fundo, faço cara de brava, olho em seus olhos, levanto a cabeça e respondo:

 — Olha grande guerreiro Djalma, eu sei que de onde você vem as coisas são bem diferentes. Mas estamos no século vinte e um, muito tempo passou e muitas coisas mudaram. Não se esqueça que está em minha cabana; vai comer da comida que eu pagar; foi ajudado, salvo e limpo por mim; o mínimo que pode me dar é respeito. Agora as mulheres são tratadas igualmente, ou seja, elas tem os mesmos direitos que os homens, principalmente na Noruega que é onde estamos. E antes de falar palavras ruins e ofensivas para uma mulher, garota ou moça, lembre-se que você nasceu de uma.  — depois desse meu discurso, ele arregala os olhos e abre a boca como se estivesse chocado, mas como posso culpá-lo se até os homens que nasceram e vivem atualmente são machistas, como um viking de não sei quantos mil anos atrás não vai ser? Ele abaixa o olhar e depois começa a falar:

 — Tudo bem, desculpa se te ofendi é que aqui as coisas são muito diferente e vou tentar me adaptar ao máximo. Você é corajosa moça dos cachinhos, vou te respeitar, prometo e quem me conhece sabe que quando prometo uma coisa vou cumpri-la até o final. Sem nem pensar rebato:

 — Mas eu não te conheço!!!  — ele mais rápido que eu completa: 

 — Se depender de mim mudaremos isso hoje mesmo, amigos?  — assim que termina, levanta e me estende a mão. Eu levanto e me lembrando daquelas séries antigas, cuspo em minha mão e ofereço a ele, o mesmo me olha estranho mas faz o quê fiz e me dá a mão. Quando acabamos, rapidamente limpo minha mão e ele faz o mesmo e para minha surpresa fala:

 — Sabe cachinhos, somos chamados de bárbaros pelos saxões mas tenho certeza que isso mudaria se eles descobrissem como seu povo firma promessas.  — termina rindo e eu fico o olhando com cara de trouxa e tentando recuperar minha dignidade falo:

 — Como assim? Eu vi isso em filmes antigos que falam que é assim que os povos antigos, vocês, firmavam acordos.  — o ruivo não se controla e curva o corpo de tanto rir e depois de ficar quase cinco minutos só gargalhando,  me olha e fala:

 — Então deve mudar suas fontes, pois nunca fizemos isso cachinhos.

O olho bem no fundo dos olhos e respondo simplesmente:

 — Tudo bem, vamos comer!

 — Graças aos Deuses! Estou faminto, mas antes que me esqueça, onde estão minhas roupas? E meu machado?

 Ohhhh merda, fico o encarando e só consigo pensar: FUDEU.



E aí meu povo, gostaram? Esse capítulo é um pouquinho maior, mas espero que estejam gostando e se apaixonando por esse casal nada convencional tanto quanto eu. Bjjsss de luz e o quê acham de um cap. do Djalma? Coloquem aí nos comentários!😘😘😘

Meu SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora