Começamos a trilha e confesso que já queria voltar, quem diabos teve a brilhante ideia de ir atrás das ruínas de um templo para obter respostas e depois retornar como se fosse a coisa mais fácil do mundo? -você- estava demorando né autora? Mas, enfim, eu e o Grandão estamos caminhando há um bom tempo e a única coisa que achamos foram animais como pássaros, coelhos, cervos, ou seja, bem tranquilos e, por enquanto, só sinto as dores nas minhas pernas, sou sedentária o máximo que já andei foi da minha sala na emissora até o estacionamento; já o Djalma está bem confortável, como se andar montanha acima fizesse parte de sua rotina todos os dias, e talvez fazia mesmo, admito que estou me esforçando para acompanhar seus passos, que valem cinco dos meus, e mesmo assim, fico para trás fazendo com que ele pare e me espere alcançá-lo. Disposta a quebrar o silêncio e descobrir mais sobre a vida do Grandão, começo:
— Então, como era sua vida em seu clã? — percebo seu corpo ficar tenso e seus ombros retraídos, com isso, rapidamente complemento — Caso não queira me contar, está tudo bem, só quero que se sinta confortável ao meu lado. — ele me olha e sorri para mim, balança suavemente a cabeça e fala:
— Na verdade Cachinhos, se existe alguém que merece saber sobre minha vida, é você. No clã, bom, eu passava a maior parte do tempo viajando nas expedições e conquistando novos territórios, como sempre fiquei sozinho aproveitava para treinar e me dedicar à arte da luta e da guerra, por isso, fiquei conhecido como um dos maiores guerreiros vikings.
— Uau! Que incrível, quero dizer, eu percebi que é todo fortão e seu corpo é maravilhoso, mas, maior guerreiro?! Meus parabéns. — ele ri, vejo suas sobrancelhas arquearem e ele diz:
— Agradeço, mas, o que significa parabéns? — murcho e fico sem entender, será que ninguém nunca disse algo assim para ele? Respirando fundo, o olho e respondo:
— Significa que estou te felicitando, que estou feliz pelos seus feitos e que estou desejando coisas boas para sua vida, isso que significa Grandão. — ele sorri, muito alegre e se aproxima de mim, pegando minha mão, acariciando levemente e fala:
— Muito obrigado Cachinhos, você é a primeira pessoa que fala isso para mim. — a sinceridade e ingenuidade em seu tom me quebram e percebo que meus olhos lacrimejaram, como ninguém nunca o valorizou? Ele é incrível! Balanço minha cabeça, afinal, não posso chorar agora e aperto sua mão, entrelaçando nossos dedos e digo:
— De nada Grandão, saiba que estou aqui para o que precisar.
— Sei sim. — depois disso, ficamos quietos, prestando atenção na trilha e na caminhada, percebo uma placa com informações mais a frente, por isso, aumento minha velocidade e vou até a mesma. Quando chego, começo a ler, em voz alta, o que está escrito:
'' Cuidado! Animais selvagens pelas montanhas e riscos de tempestades de neve. Não recomendado caminhar ao anoitecer, devido aos perigos e as dificuldades de abrigos e comunicações. Favor atente-se aos avisos e não demore! ''
Sinto meu coração falhar uma batida e tenho uma imensa vontade de voltar, como se soubesse que algo vai acontecer. Viro-me para o Grandão que está sério e digo:
— O que acha? Talvez seja melhor voltarmos, estou com medo do que pode acontecer. — percebo que ele está pensando e eu faço o mesmo, afinal, a placa é basicamente um continue por sua própria conta e risco pois não nos responsabilizamos pelo o que ocorrer; e isso me assusta, quando vou chamar o Djalma para saber sua resposta, ele fala:
— Acho que devemos continuar, pois, precisamos saber o que significa tudo isso e vou te proteger de tudo. Além disso, sei que já estive nessa montanha antes, consigo me lembrar e sentir que conheço isso aqui. — apenas aceno, concordando e respondo:
— Então, vamos adiante?
— Vamos! — e juntos seguimos nosso caminho. Depois de um bom tempo subindo e conversando, descobri coisas super interessantes a respeito do Grandão, como por exemplo, ele ama caçar, tomar banho de mar ou rio, gosta de alimentos agridoces, não suporta traição e nunca desiste de um desafio. E ainda me confessou que adorava visitar as plantações de flores escondido, pois naquela época poderia prejudicar sua imagem de viril e másculo, mas, ele sempre achou tão bonito que nunca conseguiu resistir; ri com isso, pois pela forma que me contava parecia que estava cometendo um pecado gravíssimo e sem perdão. De repente, ecoa um trovão alto pelo céu, que nos fez parar assustados, olhamos para cima e vimos as nuvens pesadas, pelos Deuses, irá começar uma tempestade de neve; desesperada, viro-me para ele e digo:
— Podemos nos esconder em meio as árvores até a tempestade passar.
— Tudo bem, vamos fazer isso. — concordando com minha ideia, Djalma pega em minha mão e nos tira da trilha, guiando-nos floresta adentro. Ao avistarmos uma árvore grande e larga, aparentemente antiga, e com uma copa grossa fomos até ela e nos abrigamos, com medo, o abraço forte e falo:
— Será que vai demorar muito para passar?
— Calma Cachinhos, estou aqui do seu lado e dará tudo certo. — percebo a calma em sua voz e me aconchego, me acalmando também. Sentamos no chão e ficamos por alguns minutos apenas assistindo a neve cair, do nada, escuto um barulho diferente, parecia algo rastejando ao meu lado, curiosa viro-me em direção ao barulho e arregalo meus olhos, levanto de supetão, gritando:
— UMA COBRA!!! UMA COBRA, COBRA! — o Grandão se assusta com minha gritaria e fica de pé, aponto para o animal e ele o enxerga. Só que não era uma cobra normal, tenho certeza disso, essa é enorme, grossa, preta e com os olhos vermelhos!! Nunca vi uma serpente com olhos vermelhos, em choque, nos afastamos e noto ela vindo em nossa direção, como se nos seguindo e levantando, armando seu bote, querendo nos morder. Sem saber o que fazer, nos encaramos e começamos a correr, afinal é melhor alguns flocos de neve do que uma serpente sedenta por nosso sangue; eu e Djalma corremos muito por entre as árvores, olho para atrás e vejo ela nos seguindo, deixando um grande rastro pelo caminho. De repente, o Grandão pega minha mão e começa a me guiar por entre a vegetação, ao passarmos por um monte de cipós, ele me puxa e entramos dentro de uma caverna escondida e continuamos a correr, olho para atrás de novo e respiro aliviada: despistamos a cobra. Vamos andando, deixando-me ser conduzida pelo Grandão e paramos, ergo meus olhos e compreendo o motivo, estamos de frente para uma cabana de madeira muito antiga e escondida pela entrada secreta de cipós e pelas paredes da montanha. Sou levada até sua porta por Djalma e só consigo pensar em como diabos há um lugar assim aqui e como ele sabia sobre isso?
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Meu Selvagem
ChickLitLarissa nunca teve uma vida fácil, sempre menosprezada, batalhou muito para ter tudo que possuí. Jornalista, foi para a Noruega para escrever uma matéria sobre o quê era amor para os vikings. Só não esperava em encontrar um VIKING de 2 metros, com m...