As Explicações

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  Fico estática por alguns segundos, afinal, como o ancião entrou aqui? Eu tranquei a porta e as janelas também estavam fechadas, simplesmente não faz sentido e não tem lógica alguma. Porém, se há algo que percebi ultimamente é que nada está sendo o que parece e o habitual não tem nada de normal, pelo menos, não aqui; noto que o ancião está me encarando com a expressão fechada e retribuo o ato falando:

— O que foi? Aconteceu algo?

— Talvez eu possa explicar se a senhorita fazer o favor de se sentar, ou virou uma estátua? — abro a boca chocada com sua ousadia e antes que pudesse rebater Cronos comenta:

— Direto como sempre sábio ancião. — o mesmo encara meu titã e exclama:

— Cronos?! Senhor do Tempo? É você mesmo titã? — ele apenas acena sorrindo e responde:

— Sim sou eu mesmo, finalmente estou de volta. — o ancião sorriu e levantando os braços disse:

— Obrigado! — curiosa, fui até eles e sentei à mesa para os escutar, pelo visto eles já se conhecem e não sei como, nem em minha vida passada vi  o ancião, onde será que Cronos o viu? Sem me aguentar, pergunto:

— Vocês se conhecem? — os dois me encaram e o Grandão acena falando:

— Sim, quando você voltou para seu mundo fiquei extremamente revoltado e cego pelo ódio, lancei a maldição. Este homem, sabiamente, tentou me aconselhar porém não o ouvi, porém, não consigo entender, como está aqui ancião?

— Simples, acabou se tornando minha missão de vida ajudá-los a quebrar a maldição, já que não consegui evitá-la, por isso, estou aqui e só irei descansar quando tudo voltar a ser como era antes. — Cronos acena em entendimento e eu também, me conforta saber que temos um aliado, que não estamos completamente sozinhos. Depois disso, um silêncio predomina no ambiente e todos parecem perdidos em seus próprios pensamentos, inclusive eu, até que me lembro do homem que nos espionava no passeio e falo:

— Ancião, fomos caminhar hoje e um rapaz estava nos seguindo, quando ele notou que o vimos se virou e correu em direção à floresta, em seu casaco tinha o número cinco em romano, sabe o que isso significa? — a expressão do velho muda na hora de serenidade para preocupação e raiva, suspirando alto, ele apoia os braços na mesa e pragueja:

— Não acredito que aqueles desgraçados já sabem sobre vocês. — para por um momento e respirando fundo continua — Sei sim, na verdade, já os encarei algumas vezes, eles são um grupo de 5 obviamente que tem homens e mulheres, porém, não são sequer humanos. São entidades, ou seja, as forças malignas que com o passar do tempo conseguiram sugar energia, oriunda do caos que criam, suficiente para incorporarem, ou melhor, se transmutarem no ser vivo que quiserem, seja homem, animal, planta... E dessa forma, conseguem acabar com tudo e todos; e o pior é que eles sabem que estão de volta e que irão quebrar a maldição, por isso, estão com um alvo nas costas. — arfo alto, caramba, era só o que faltava. Antes que pudesse falar algo o ancião continua — Mas como ficaram sabendo sobre eles? Eu vim aqui explicar sobre isso. — olho para Cronos esperando ele dizer e o mesmo diz:

— Por meio de Aldfis, a mulher que mora na cabana ao lado, fui passear um dia e ela me viu e começamos a conversar. 

— Ela te viu? — o ancião pergunta chocado olhando para o meu Grandão que responde:

— Sim. — com isso, escuto baixinho o velho sussurrar ''Caramba!'', percebendo que ninguém diz nada, respiro fundo e falo:

— Esses 5 como eles ficaram sabendo sobre nós? 

— Eles têm olhos e ouvidos em todos os lugares, sem mencionar, que se transfiguram em humanos importantes como empresários, políticos, enfim... Qualquer coisa que os permita influenciar e manipular todos ao redor. — balanço a cabeça concordando e depois comento:

— Hoje quando fomos no beco atrás do homem que nos espionava caiu um bilhete sujo de sangue com uma adaga, sabe o que isso pode ser? — enquanto minha voz soa preocupada e angustiada o ancião aparenta estar bem tranquilo, até demais, e apenas dá de ombros em minha direção e responde:

— Claro que sei! Fui eu que mandei. — não escuto mais nada e levanto de supetão, sem me conter, exclamo:

— Como assim? Sabe que aquilo poderia ter me acertado? Eu poderia estar morta agora. — apesar do meu surto, ele não se abala e segurando o riso, isso mesmo esse velho está querendo rir, ele diz:

— Dramática como sempre Larisae, enfim, como estava dizendo antes de ser brutalmente interrompido por uma histérica. — me sento o encarando com os olhos estreitos e ele continua — Eu mandei por meio de um corvo, afinal, pode até não parecer mas há muitos espíritos de luz protegendo e ajudando você, porém, à medida que a lua de sangue se aproxima as sombras ganham mais força e nosso auxílio é extinguido aos poucos até não restar nada. Por isso, é importante que se escondam e se protejam o máximo possível; afinal eles estão atrás de vocês e não podem ficar sozinhos, desse modo, ficam mais vulneráveis e correm sérios perigos, entenderam? — ambos acenamos concordando e ainda assimilando o que foi dito, deixando as palavras entraram em nossos cérebros e serem processadas. Depois de alguns segundos, o ancião se levantou e diz — Meu trabalho aqui está feito! Aviso dado, agora tenho que ir, se cuidem. 

— Tchau! — falamos juntos, eu e Cronos, após isso ele acenou e tirando uma chave dourada do seu bolso, abriu a porta e foi embora. Senti um clique em minha mente e concluí que provavelmente a chave é enfeitiçada ou mágica, por isso, deve funcionar como uma chave mestra ou algo do tipo; me sentindo cansada vou deitar no sofá enquanto me Grandão permanece sentando e olhando para o nada, o deixo quieto por alguns minutos e aproveito tal tempo para limpar minha mente também e refletir sobre o que aconteceu. Confesso que o ancião está sendo de incrível ajuda e, apesar de quase acertar uma adaga em minha cabeça, está do nosso lado e devemos o ouvir; assim que coloquei os pensamentos em ordem, levanto e abraço meu titã por trás, ficando perto de seu pescoço e depositando um suave beijo em sua face, o mesmo me agarra e com uma velocidade surpreendente me puxa para seus braços, colocando-me em seu colo. Decido, então, retribuir seu gesto o abraçando apertado e digo:

— Como você está? Acha que vai ficar tudo bem? — ele me encara profundamente e responde:

— Estou ótimo é bom saber que não estamos sozinhos e pode ficar tranquila, pois, enquanto estivermos juntos nada vai nos derrotar. — sorrio amplamente e o beijo, o mesmo foi se aprofundando e aprofundando que quando vi já estamos no quarto, rio e abraçados caímos na cama aproveitando e muito a presença do outro, já que tudo está bem por hora.

Meu SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora