Vaca Profana

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''respeito muita minhas lágrimas, ainda mais minha risada''

Quando era pequena lembro-me como se fosse hoje, da forma como me tratavam. Talvez por ter nascido em uma família extremamente conservadora, não podia: gritar, xingar, sentar com as pernas abertas, ter o meu cabelo natural (que agora é a minha jubinha), usar calça...Enfim era vista basicamente como uma futura máquina de fazer bebês.

E vamos dizer que nunca gostei de seguir regras, quando mais me reprimiam mais eu florescia, mais gritava, e normalmente mais apanhava. Até que resolvi mudar e quando isso aconteceu me senti livre pela primeira vez, claro que os nomes pelos quais me chamaram eram os mais horríveis: puta, vagabunda, mulher da vida. Porém me auto nominei de ovelha negra ou vaca profana e o melhor de todos: livre.

Graças a isso, a essa força que tive me encontro aqui, em Oslo na Noruega. Quem diria que a vaca aqui evoluiria tanto? Mas a verdade é que quando acreditamos em nós mesmas, temos força para tudo, somos muito mais corajosas do que pensamos, somos mulheres.

Nossa viajei legal né? Poderia até ser filósofa. Mas enfim, agora que voltei, vou procurar o trem que me levará para o município de Sande, e de lá verei como diabos vou chegar em Selvik, uma VILA no interior de Sande, que já é no interior. Onde é que eu fui me meter? Só porque a anta aqui queria ficar mais em contato com a natureza e com os vestígios dos povos vikings, já que tem muita coisa deles lá.

Quando vou andando para a estação de trem, percebo que os noruegueses realmente gostam de uma latina. Nunca vi tantas pessoas, homens e mulheres olhando para a minha bunda, acho que virei uma Gisele Bundchen no caminho para cá-não surta querida- Não precisa ofender autora queridinha, mas continuando, sou até que uma mulher bonita, tenho um e oitenta, cabelo preto cacheado e longo, olhos castanhos amarronzados e meio avermelhados, um corpo bem cheio, sou gordinha, uso óculos e estou apenas com uma calça jeans, blusa de manga preta, botina preta, um sobretudo preto e sem maquiagem, só com um gloss, enfim tirando minha altura sou normal. Mas aqui, gente, genntttee, estou me sentindo, até inventei um rebolado-está mais para uma lagartixa epilética- olhem o que eu tenho que aturar.

Enfim, depois de dar meu show, entrei no trem coloquei minha única mala grande de rodinhas preta, no bagageiro e comecei a dar uma pesquisada, na história da cidade, melhor dizendo, na história do vilarejo, pois só tem 1500 habitantes, não sei o que esperar desse lugar. Continuando essa vila é bem estranha, quando comecei a pesquisar, só apareceram coisas assombrosas, o que mais me chocou foi essa matéria: existia nessa vila uma floresta, na mesma havia milhares de vestígios dos vikings, porém quando a equipe de arqueólogos entrou lá, não encontraram nada, só o povo local era capaz de ver as coisas que tinham na mesma, intrigados com esse mistério o grupo de arqueólogos ficou na floresta, pensando que assim poderiam achar algo, mas no bater da meia-noite os locais escutaram um barulho de corvos, milhares deles, grasnando, como se estivessem brigando e gritos de completo pavor, como se sua alma estivesse sendo sugada de seu corpo. E quando adentraram a floresta, não acharam nada dos arqueólogos, muito menos eles, a única coisa encontrada foi: penas de corvos.

Caralho arrepie. Puta que pariu, estou indo para a forca, E querem saber o melhor, minha secretária me instalou numa cabana, que fica na entrada da floresta, quando disse que precisava de um lugar calmo para pensar, não era exatamente isso que quis dizer. Em outras palavras, me fudi e nem foi do jeito bom. Mas o que que é um peito para quem já tá cagado? Não é mesmo? E para piorar mais ainda a minha situação, das 5 cabanas que tem na pousada, apenas 2 estão ocupadas, quem será minha vizinha? Do jeito que sou sortuda já posso até imaginar uma velhinha, cheia de mistérios, com o dom de ver coisas sobrenaturais, que vai me fazer cagar de medo. Enfim, definitivamente isso não pode ficar pior.

Meu SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora