OLÍVIA
Minha cabeça continuou martelando enquanto eu andava, me afastando cada vez mais de casa e da filha da curandeira. Eu sei que não estou sendo justa com ela, na verdade, nunca fui muito justa com ninguém em minha vida. Eu me importei com apenas uma pessoa por todo esse tempo, e agora me vejo cercada de pessoas que não estão sussurrando pelas minhas costas uma maneira sigilosa de me matar.
Mas para sobreviver à corte, eu me tornei algo terrível demais para se encaixar em um lugar como esse. Essa ideia tem me desesperado mais a cada dia, porque sei que não vou encontrar um lugar bom no qual me sentirei normal. Não posso ser o que os outros são.
Sigo andando na borda da estrada, deixando as carroças e cavalos passarem pelo meio, caminhando à minha frente, um grupo de mulheres mais velhas seguem sem pressa alguma, conversando umas com as outras, sem notar que estou bem atrás delas. Me imagino por um instante ali, conversando e rindo de coisas bobas, caminhando para casa sem preocupação exceto as roupas sujas em um cesto esquecido. Então pisco e estou de volta, andando sozinha e sem risadas, apenas uma espectadora da felicidade alheia.
Balanço a cabeça para afastar as tolices, não preciso dessas coisas. Eu só quero viver tranquilamente, sozinha e sem ninguém querendo saber mais do que deve.
Uma carroça decrépita passa pela estrada fazendo barulho, o cavalo corre velozmente levantando poeira bem na minha cara, assim como nas mulheres à minha frente, que gritam ofensas para o condutor apressado.
Vejo o cabelo louro de Crystal de relance antes que a carroça faça uma curva e desapareça.
— Merdinha atrevida — murmuro.
Suspiro cansada, e acelero meus passos, é melhor chegar antes que o Sol fique forte demais e piore minha dor de cabeça.
Ultrapasso as senhoras na minha frente, e sigo em frente, rumo a taberna no centro da cidade. Em pouco tempo deixo a estrada para trás e entro no centro, onde a terra escura fica mais firme. Há pessoas para todo lado, cada espaço é ocupado por grupos e mais grupos de gente, há algumas barracas espalhadas, mas nada tão expressivo quanto nos dias de feira. Estabelecimentos mais nobres já estão com as portas abertas, mas todas as pessoas que vejo andando na minha frente não parecem ter condições de adentrar nenhuma dessas lojas. Por um instante me lembro de Adam, e o pensamento fugaz dele adentrando um daqueles negócios, me faz relembrar que apesar de muitos ricos viverem em Volterra, ninguém com dinheiro estaria aqui uma hora dessas.
Vejo a taberna do outro lado, e atravesso a rua movimentada. Dois vendedores ambulantes tentam me parar, mas os dispenso com um aceno de mão, o centro da cidade fica em polvorosa assim que amanhece, todos despertos tentando vender o máximo que podem, antes que o Sol se ponha de novo. Paro em frente as portas por um instante, tomando um segundo a mais para me lembrar que não devo sob hipótese alguma perder a cabeça, então suspiro e adentro a taberna.
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Olívia (CONCLUÍDA)
Fantasy🚫 ESSE LIVRO É O SEGUNDO DE UMA TRILOGIA, PARA ENTENDER OS ACONTECIMENTOS É NECESSÁRIO A LEITURA DA PRIMEIRA HISTÓRIA. 🚫 🚫 A SINOPSE ABAIXO CONTÉM SPOILERS DO PRIMEIRO LIVRO. 🚫 UMA PRINCESA EXILADA. UMA GUERREIRA CR...