CAPÍTULO 33

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OLÍVIA

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OLÍVIA

Observei o Sol nascer através do minúsculo quadrado na parede, que mostrava por tras das grades de ferro grossa, um céu claro pontilhado por alguns pássaros. A pequena abertura me dava a vista de um terreno coberto por um mato alto e algumas árvores sem graça, não havia sinal de vida humana, apenas folhas mexendo com a força do vento.

Desço do bloco de madeira que deveria ser chamado de cama, com um suspiro cansado. Estou de pé em cima dessa coisa a tanto tempo, olhando para o nada e pensando em coisas que não devia, em alguém que eu não poderia, em hipótese alguma pensar.

Eu sempre tinha sido tão boa em fingir que nada me incomodava até que se tornasse uma verdade, eu sorria quando meu peito doía, levantava a cabeça cheia de arrogância quando só queria correr e me esconder. Eu passei quase toda minha vida fingindo que estava bem, fingindo ser imbatível. E agora sinto que não tenho forças para isso, por mais que eu tente, só me sinto cansada demais para tentar.

Olho para o chão, onde um raio de luz que atravessa a pequena janela brilha em um formato quadrado.

Apenas um quadrado de luz, em meio a escuridão restante. Penso em Adam, em Crystal, penso na vida que sempre sonhei em ter e que sempre soube que jamais teria, penso em Lívia que sempre esteve em minha vida, que sempre esteve em meus planos, mas agora está tão distante do meu alcance, da minha proteção. Penso em tudo que escondi da minha irmã, as lágrimas, a tristeza, a dor insuportável de ser violada constantemente, de ser agredida e humilhada e de ter que ainda assim acordar todas as manhãs, sabendo que teria que olhar para a causa de toda a minha ruína. Penso em como talvez ter tentado protegê-la da verdade foi um erro que a deixou vulnerável, à mercê de todos os lobos que eu deixei para trás, e que agora iriam se amontoar a sua volta. Penso em minha mãe, em sua expressão de nojo toda vez que me via, eu me tornei um reflexo constante de seus erros, de sua fraqueza e impotência diante de sua própria vida,e ela me odiaria até a morte por isso, mesmo que não fosse culpa minha.

E não era, nunca tinha sido minha culpa. Nada do que tinha acontecido poderia ter sido minha culpa. Eu jamais poderia ter impedido que Lívia caísse e se machucasse, eu era uma criança tanto quanto ela, e agora, tantos anos depois daquele dia, o primeiro de muitos de terror, eu sabia que não foi por deixá-la se ferir que ele havia me punido. O incidente fora uma desculpa, para algo inevitável, algo que ele faria de qualquer maneira, porque ele podia, e porque ele queria.

Por fim, penso em meu pai, cheio de orgulho por ter sido o pintor da minha vida, contente por ter me moldado da maneira que desejava, da mesma forma que seu próprio pai tinha feito com ele.

"Eu vi a fraqueza em você Olívia no dia em que deu seus primeiros passos."

"Eu vi sua pureza e inocência, e eu quis destruí-la."

Suas palavras, agora parecem se encaixar em minha cabeça, como uma peça que estava faltando.

Eu estava fadada, cedo ou tarde a cair em suas mãos, porque eu tinha nascido com o mais terrível dos defeitos.

Olívia (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora