CAPÍTULO 25

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3 anos atrás

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3 anos atrás

Os fios de cabelo negro, como a penugem de um corvo, foram trançados para trás com delicadeza, mesmo sabendo que desmancharia em pouco tempo. Aquilo havia se tornado a rotina da princesa, calças e tranças na parte da manhã, junto com uma boa dose de suor e sangue, a tarde vestidos e maquiagens ganhavam espaço, para as obrigatórias aulas de etiqueta, escrita, história, cálculos e tudo mais que sua mãe ditava ser o dever de uma princesa conhecer.

Olívia se dedicava a cada aula com o mesmo afinco e interesse.

Sua mente era uma bagunça completa, oscilando entre o foco em seus treinos e o desespero escondido por baixo da pele. E então havia aquele outro lado, escuro e sombrio, que a chamava com promessas de grandeza e sangue, ela tentava ignorar tudo, os impulsos e os pensamentos cruéis. Mas uma parte dela ficava tentada a se entregar para as sombras. Uma parte dela queria machucar e destruir.

Aquilo a lembrava ao rei, então ela sufocava os pensamentos até eles virarem um pontinho pequeno dentro de si.

Os olhos da princesa pousaram no espelho, encarando seu próprio reflexo, suas feições se distorceram em uma careta de repulsa.

- Eu não sou como ele- as palavras cortaram o silêncio do cômodo.

Ela respirou fundo antes de dar as costas e sair do quarto, preparada para ir a arena de treinamento, mas do lado de fora, um guarda real a esperava.

A princesa o conhecia muito bem.

O guarda mais fiel do rei. Ele tinha passado dois anos vendo-a entrar e sair do quarto real, das câmaras frias e escuras escondidas nas masmorras do castelo. Sempre de guarda do lado de fora, sempre a observando sair e entrar do pesadelo com um sorriso de escárnio.

Um arrepio desceu por sua espinha ao vê-lo parado ali, olhando-a dos pés a cabeça com um sorriso malicioso estampado nos lábios. Fazia anos que o rei tinha perdido o interesse nela, cinco anos e três meses, Olívia não tinha passado um dia sem contar, o medo à espreita, sempre imaginando que aquele seria o dia que o rei a chamaria novamente.

A mera visão do guarda, lhe causou pânico, ela teve a sensação de estar sendo jogada de um precipício.

- Alteza - apesar das palavras sérias, os olhos dele brilhavam cheios de zombaria - Vossa majestade a espera nos aposentos reais.

Ela tinha esperado nunca mais ouvir essas palavras, um sonho bobo e despedaçado, no instante em que a esperança se infiltrou minimamente em seu coração, o destino sorriu e destruiu qualquer resquício dela.

A princesa não demonstrou nenhuma reação, não se dignou muito menos a responder. Apenas caminhou, seguindo na direção do pesadelo.

As portas do quarto real eram imensas, a maçaneta de ouro brilhava, estranhamente bela para um lugar que tinha visto tantas coisas ruins. Antes que ela pudesse tocá-la, a mão do guarda agarrou seu pulso.

Olívia (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora