CAPÍTULO 29

74 17 41
                                    

OLÍVIA

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

OLÍVIA

Eu não consigo dormir. Mesmo depois de dias e noites vivendo na nova casa, eu ainda não conseguia fechar os olhos e descansar. Eu deveria ter imaginado que isso não mudaria, devia saber que apesar da minha nova vida, meu passado continuaria ecoando, me arrastando para pesadelos infinitos em um castelo agora muito distante, marcado eternamente pelos momentos de desespero que muitos tinham vivido entre aquelas paredes de pedra. Tão marcado quanto minha mente.

Encaro o teto sem piscar por muito tempo, já perdi por completo a noção das horas, mas quando meu olhar recai sob a janela entreaberta, posso ver a lua brilhando no alto e as estrelas desaparecendo no céu que logo se iluminará pelos raios do Sol, indicando que a madrugada avança em poucas horas em direção ao amanhecer. Suspiro, cansada de ficar deitada esperando o sono e encontrando apenas pesadelos. Sigo para a cozinha, na esperança de encontrar alguma erva para fazer um bom chá, mesmo que eu não goste, a mistura de ervas acalma minha mente barulhenta. Assim que adentro o pequeno cômodo, reparo na bagunça espalhada sob a mesa, utensílios esperando que eu os guarde no delicado armário de madeira.
A verdade é que toda essa desordem já devia ter sido organizada, nunca tive tão pouca coisa a fazer e tanto tempo de sobra. Sem ninguém para ver e muito menos lugares para ir, meus dias são tão rasos quanto um pires, desprovidos de qualquer emoção ou aventura. Tento dizer a mim mesma que preciso desse tempo sozinha, preciso acreditar que seja uma decisão minha, ou então irei sufocar dentro de toda essa solidão. Talvez eu já esteja caindo, desmoronando em completa loucura, completamente sozinha, assim como sempre desejei estar. Sem preocupações, sem deveres, nada de perigoso à espreita, nenhum demônio do qual eu precise me proteger que não esteja em minha própria cabeça.
Mas o que me restava ser, quando não havia batalhas a serem travadas ? O que eu era quando não estava protegendo minha irmã ou lutando e cortando gargantas ? O que eu sou, se não uma mulher perdida em sua própria cabeça, sozinha e desprezada por todos a sua volta ?
Antes, no castelo, eu tinha ocupações demais para ter tempo para perguntas bobas, mas agora tempo é tudo que tenho, e sem ter como fugir, me afogo em perguntas para as quais não quero saber a resposta.

— Que patética — falo baixinho, para mim mesma.

Que coisa patética e fraca eu estou me tornando.
Coloco as folhas de camélia no bule cheio de água, acendo os pedaços de madeira em seu compartimento e deixo o bule na pedra para esquentar. Estou a caminho do quarto novamente, quando escuto galhos se partindo do lado de fora. Paro de imediato, tentando ouvir com mais atenção. Espero mais um segundo, mas o barulho não se repete.
Em silêncio, volto para a cozinha e pego uma das facas, antes de seguir em direção a porta. Com cuidado, abro a porta com a faca bem posicionada, preparada para qualquer ataque.
Mas apenas o vento me encara do outro lado. Não há nada nem ninguém.

— Idiota — sussurro. Estou prestes a me virar quando meus olhos recaem sob a gaiola vazia, pendurada na parede.

Rìgh. Meu adorável papagaio, não estava onde devia estar.

Olívia (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora