CAPÍTULO 22

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9 anos atrás

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9 anos atrás

A princesa observou o grupo de crianças brincando com um aperto desconhecido no peito.

Eles não a chamaram, e ela não se importava muito com isso, se quisesse, Olívia poderia se aproximar e nenhum deles ousaria destratar uma princesa.

Mas ela não queria que fosse desse jeito, não queria forçá-los a gostar dela, a princesa sequer tinha certeza se desejava mesmo estar ali junto com aquelas outras crianças.

Talvez aquele desejo fosse aquela menininha de um ano atrás, que não se importava com nada além de brincar, que ainda não conhecia o pior que o mundo poderia lhe mostrar, a garota que se importava com todas essas coisas tinha ficado cada vez mas pequena dia após dia, até não ser mais visível em lugar algum.

A garota que se importava com fitas e brincadeiras teve que aprender a sobreviver.

Olívia tinha sido um quadro completo e belo um dia, mas a vida apagou seus traços e rasgou a tela para que ela não pudesse desenhar novamente. As vezes, ela se deparava com momentos como aquele, o grupo de crianças brincando como um dia ela mesma fez, e nesses instantes pensava se não estava tendo uma chance de mandar a vida se ferrar e finalmente pegar uma nova tela, onde ela começaria a rabiscar seus traços até se encontrar novamente.

Não importava.

Nada mais importava.

Não podia começar de novo, porque se tentasse ela sabia que não haveria traços belos para ela nunca mais, apenas uma tela manchada de tinta, uma bagunça completa e irreconhecível, cheia de nós e linhas que se cruzavam com brutalidade, formando algo terrível demais para ser visto, tão monstruoso e sujo que causaria repulsa em qualquer um.

Seus olhos azuis permaneceram apenas mais alguns segundos e então a princesa deu as costas aos gritos felizes. Antes de dar mais alguns passos, alguém segurou seu braço.

Olívia se encolheu ao toque, o pânico se enrolando em sua garganta antes mesmo de descobrir quem era, mas quando se virou, a única pessoa que encontrou foi uma garotinha magrela, com olhos tão grandes que pareciam querer saltar de seu rosto redondo e rosado.

Ela sorriu para a princesa, havia mais buracos que dentes em sua boca.

— Olá

Olívia pensou por um segundo em simplesmente seguir seu caminho e ignorar, mas tão rápido quanto veio a idéia viajou para longe, levada por uma vontade excruciante de ter alguém da qual ela não sentisse o peso de proteger.

— Oi — respondeu por fim.

A garota estendeu a mão, e Olívia hesitou apenas por um instante antes de segurar, mesmo com um parte dela gritando para que se afastasse.

A princesa sabia que não devia continuar, e ainda assim permaneceu.

— Sou a Jen.

— Olívia.

Olívia (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora