CAPÍTULO 1

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 OLÍVIA

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OLÍVIA

- Você tem que pagar pelo quarto !!

Cala a boca.

- Vou pagar o senhor, eu já disse.

Me levanto da cama, a queimação pela minhas costas se intensifica e quase desmorono no chão.

O senhor Brassard, dono da pousada fedida na qual estou hospedada está apoiado no batente da porta do quarto com o rosto enrugado vermelho de raiva.

- Você está dizendo a mesma coisa há dias, pague o quarto até amanhã ou dê o fora daqui !! - ele bate a porta a suas costas com força.

Eu poderia torcer aquele seu pescoço cheio de papas e esmagar cada parte do corpo, até vazar cerveja e gordura de suas veias. Chacoalho a cabeça para afastar o pensamento. A verdade é que não tenho força e nem disposição suficiente para achatar a cabeça careca do velho Bassard, respirar já faz eu ver estrelas, imagine tentar levantar as mão para fatiar alguém.

Me arrasto até a mesa e pego o jarro de água e despejo na bacia antes de pegar um pouco com as mãos em concha e lavar o rosto. A água gelada incomoda meu rosto machucado, apesar dos olhos terem diminuído o inchaço, as manchas roxas e feridas ainda seguem sensíveis ao contato dos meus dedos. Encarar o meu reflexo nos últimos dias não tem sido a visão mais bonita do mundo.

Mas nada disso pode superar o horror da pele dilacerada em minhas costas, nenhuma dor se equipara a agonia interminável de cada segundo desde que saí daquela praça maldita. Qualquer movimento desencadeia uma dor lancinante por cada parte do meu corpo sem dar descanso.

Pelo menos as alucinações já haviam passado.

Com cuidado me deito na cama, estremeço quando a pele se repuxa, e por um segundo minha visão fica completamente nublada. Pisco mil vezes até que a janela apareça, até que eu possa ver a neve caindo lá fora, encaro as árvores cobertas até a visão embaçar. Percebo com um terror crescente que são lágrimas que desfocam tudo, então pisco com força mais mil vezes até que elas corram para o canto mais escuro dentro de mim. Lágrimas não são uma opção, não enquanto eu estiver sã, e para meu pesadelo a sanidade tem parecido cada vez mais distante.

A escuridão lança suas garras sob mim, me embalando lentamente com a promessa de sonhos e descanso, mas não quero ir, não desejo fechar os olhos para o mundo e me aventurar pelos corredores de minha mente, sonhos e descanso não existem mais em minha cabeça, quando fecho os olhos há apenas um espetáculo de dor e sangue. O escarlate escorre de corpos que eu conheço, eu vi o brilho esmaecer de seus olhos... eu fiz com que eles se apagassem para sempre.

Não consigo lutar contra a névoa do sono, não sou forte o bastante para lutar contra a escuridão que pesa em meus olhos até que eles se fechem, me levando para o inferno.

Olívia (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora