OLÍVIA
Ofegante, abro meus olhos para o quarto ainda escuro. Suor encharca o lençol, e apesar de tremer de frio e medo jogo o cobertor para o lado e me levanto.
Um guarda havia me entregado uma bengala para me ajudar a ficar de pé, não sei a quantos dias isso aconteceu, desde que me trouxeram para este quarto as únicas pessoas que vi foram os guardas que sempre trazem uma refeição. Me apoio na ponta arredondada do cajado e ando até a jarra de água, mas não importa quantos copos cheios eu beba a sensação de ter algo intalado na garganta não vai embora.
Sinto uma necessidade excruciante de correr, treinar, fazer qualquer coisa que não inclua ficar presa dentro deste quarto por mais meio segundo.
Qualquer coisa que me tire de minha própria mente.
As janelas do quarto são trancadas a chave, não posso sequer olhar a paisagem lá fora, mas mesmo assim me sento na delicada poltrona em frente a janela trancada.
Tenho feito isso ultimamente.
Antes, quando os pesadelos me acordavam eu saia para fazer alguma coisa, as vezes corria pela floresta até às pernas fraquejarem outras eu andava em direção a área de treinamento e empunhava a espada, treinando além de meu limite e fazendo os braços arderem de dor.Às vezes eu ficava tão cansada que conseguia dormir um pouco mais tarde. Outras eu só continuava e continuava até a dor física ser tão forte, que a que eu sentia lá dentro parecia apenas uma lembrança distante, quase esquecida.
Não posso fazer nada disso agora.
Então apenas me sento, encarando as ranhuras na madeira até um dos guardas aparecer com a comida.
Sempre demora muito para alguém aparecer, acordar de madrugada e esperar até o sol nascer para encher o estômago vazio, incomoda.Mas gosto da sensação, às vezes o vazio parece tão grande que amortece um pouco a angústia contínua. Tenho me demorado um pouco mais para comer quando o guarda finalmente trás a comida, tentando prolongar ao máximo a sensação, outras vezes a fome vence.
A porta do quarto se abre, um guarda ainda jovem entra no quarto acompanhado de outro mais velho. Nenhum dos dois trás uma bandeja.— Levante e vire-se de costas, junte as mãos nas costas.
— Se se mexer acerto um belo soco nas suas costas.
Faço o que eles pedem com um sorriso no rosto.
— Eu gostaria de vê-lo tentar.
O mais jovem amarra meus pulsos com uma corda com cautela, então lado a lado os dois me acompanham para fora. Uma criada passa pelo corredor, os braços abarrotados de cobertores parece lhe dar trabalho, mas não o suficiente para que ela passe por mim sem uma pausa para cuspir aos meus pés, o rosto uma máscara transbordando de raiva.
— Queime no inferno traidora.
Me mantenho impassível e sigo em frente, não tenho direito de contesta-lá.
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Olívia (CONCLUÍDA)
Fantasy🚫 ESSE LIVRO É O SEGUNDO DE UMA TRILOGIA, PARA ENTENDER OS ACONTECIMENTOS É NECESSÁRIO A LEITURA DA PRIMEIRA HISTÓRIA. 🚫 🚫 A SINOPSE ABAIXO CONTÉM SPOILERS DO PRIMEIRO LIVRO. 🚫 UMA PRINCESA EXILADA. UMA GUERREIRA CR...