CAPÍTULO 6

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OLÍVIA

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OLÍVIA

Estou presa.

Isso mesmo, presa.

Horas depois que o homem que todos chamavam de Adam foi embora, dois guardas haviam aparecido e amarrado minhas mãos e pés.

Isso foi a duas semanas.

A primeira foi mais difícil pelas feridas ainda doloridas e as limitações dessa situação não eram agradáveis, mas agora está ficando melhor. Passei meu tempo tentando conter a vontade de me livrar da corda em minhas mãos, e estou orgulhosa por não ter dado sequer uma escapadinha apesar de desejar explorar o local, mas não quis abusar da sorte.

Pedi apenas uma vez para o guarda bonitinho tirar ao menos a corda do tornozelo, mas ele me respondeu que de acordo com seu chefe eu era uma ameaça nível alto e não devia ser solta até segundas ordens.

Tentei levar isso como um elogio.

O guarda fica sempre do lado de fora, mas isso não me dá privacidade. Há duas mulheres na casa também, pelo que entendi são mãe e filha.

Não agradeci a senhora Lucinda, curandeira que me salvou.

Ela não chega perto de mim, nem sua filha Crystal, com exceção para olhar as lacerações em minhas costas.

Uma das duas sempre dá minha refeição para o guarda e ele me entrega. Dizer que a reação das duas não incomoda, seria mentira.

Às vezes ser conhecida como um mostro é doloroso e solitário.

Apesar disso, sempre flagro a garota mais jovem me olhando sorrateiramente, parece querer dizer algo mas sempre se afasta antes que a mãe a pegue.

Ficar sozinha jamais me incomodou, na verdade sempre preferi, mas antes eu podia escolher, eu saia e corria, lia um livro e fazia o que eu quisesse.

Eu nunca estava parada, porque parar significava ficar na companhia da minha própria cabeça.

Significava ser assombrada por lembranças.

E agora estou presa. Cada segundo parece uma tortura.

Tento contar os riscos no chão de madeira, cantarolo no ritmo do estalar do fogo, já até decorei o som das passadas das duas mulheres.

Mas estou ficando sem opções, e as vezes à noite fica difícil deixar as memórias distantes.

Ignoro a chama da vela que insiste brilhar em minha cabeça, tento deixar a lembrança da dor e das feridas, tento esquecer a sensação de estar sem ar, da água entrando em minha boca.

Tento esquecer que não lutei contra isso... que escolhi aquilo.

Às vezes parece que se eu conseguir deixar esses pensamentos distantes, talvez eles deixem de ser verdade.

Olívia (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora