Capítulo 06

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Bati na porta do escritório de Ryut e a abri. Ele arrumava uma papelada em cima da mesa e sorriu ao me ver. Percebi que seu escritório vivia desorganizado, mas de uma forma aceitável. Em sua mesa, haviam papéis espalhados e também alguns livros. Enquanto no chão, havia um baú aberto cheio de pergaminhos, havia tantos que transbordavam e caiam no chão. Do lado de sua escrivaninha, na parede, havia um painel com um mapa de Midgard cheio de rabiscos.
Provavelmente ele marcava pontos de viagens, ataques ou algo do tipo.

— Sente-se. — Eu me sentei na cadeira inquieta. Era estranho estar na frente de Ryut. Lembro que quando pequena, ele quase sempre estava me observando. Houve uma vez que Callen havia me empurrado fortemente, o que me fez cair no chão. Eu não chorei, mas Ryut foi até mim para conferir se eu havia me machucado.

 — Acredito que veio até aqui para me dar uma resposta. — Supôs ele, organizando as folhas de papéis para que ficassem alinhadas. 

— Eu decidi aceitar. — Ele abre uma gaveta e pega um papel, como se já esperasse que eu viesse.

— Você só precisa assinar. — Eu peguei a pena e molhei a ponta na tinta preta. Talvez eu devesse esperar mais alguns dias antes de tomar uma decisão tão radical. Ser espiã? O que eu sei sobre ser uma? Seria uma perversidade de minha parte trabalhar com pessoas que jurei sempre odiar.

— O senhor tem poder sobre o exército, não? — ele concorda enquanto olhava para o papel e depois para a pena. — Então deve saber o crime de meu pai. — A tinta preta da caneta respingou no papel com a minha demora para assinar. 

— São informações confidenciais. Por mais que eu tenha poderes sobre o exército, meu irmão Haru ainda tem controle sobre o que eu digo. — Justificou ele. Com cuidado, eu assinei meu nome. Após isso, Ryut pegou uma adaga e me entregou. 

— Preciso que faça um pequeno corte na palma da mão e pingue o sangue no papel. Todos os espiões fazem isso. Jure lealdade a Midgard. — Sem dizer nada, peguei a adaga e a posicionei na palma da mão e então fiz o corte sem hesitar. Duas gotas mancharam o papel amarelado. Ao fazer isso, lembrei da dor que senti quando Eric cravou a adaga em minha coxa. Me lembrava da dor latejante que senti naquele dia toda vez que olhava para a cicatriz que fica escondida em baixo do suspensório da coxa.

— Juro lealdade ao Senhor Ryut e ao reino de Midgard... Até a morte. — Sussurrei. Palavras são apenas palavras. Por mais que Ryut fosse melhor que seu irmão, eu ainda tinha dúvidas sobre ele.

— Fico feliz que esteja se juntando a mim. - Ele guardou o papel com cuidado em uma gaveta com uma tranca. Ao ver isso, me dei conta do que tinha feito. Sinceramente? Me sinto uam criança jogada ao mundo após a prisão de meus pais. O que eles diriam sobre isso? Afinal, nada disso estaria acontecendo se eles não tivessem sido capturados.

— Eu entendo o senhor na questão de meus pais, mas não acha que deveria ter mais que seu irmão? — perguntei. Ryut franziu o cenho sem entender. 

— Você quer que eu deixe de seguir as ordens de meu irmão? — afirmei com a cabeça. Ele sorriu amigável.

— As coisas não são o que parecem, Tany... — Disse arrumando novamente a mesma pilha de papéis na escrivaninha. — Arrumarei um quarto para você. Meu filho Fellix, irá ajudá-la com seu novo cargo. Por enquanto você está dispensada. — Fiz novamente uma reverência, logo após, saindo do cômodo.

Ao cruzar o corredor, por sorte, pude encontrar com Fellix. Vagas lembranças com ele vieram a minha mente. Lembranças das quais ele já deve ter se esquecido.
— Tany. — Fiz uma reverência surpresa que ele se lembrou de meu nome. Era a primeira vez que Fellix conversara comigo após meus 14 anos. 

Quarto em Vermelho e ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora