Capítulo 42

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Nicolas havia me chamado até seu escritório assim que eu tivesse tempo para ir pela manhã. Havia perguntado a Callen se queria vir comigo, mas ele apenas deu de ombros e seguiu para o salão onde serviam comida. Após entrelaçar meus cabelos em uma trança, pude notar que havia me esquecido que cortar o cabelo, era algo fundamental. Sem pensar muito nisso, fui até o escritório. Fiz uma reverência ao entrar.  

 – Sente-se. – Diferente do meu escritório, Nicolas parecia ser um pouco obsessivo com organização. Não havia mais do que cinco coisas em cima de sua mesa e todas estavam organizadas e espaçadas entre elas.  – Falei ao meu pai tudo o que me contou.  

- E então? 

- Ele acha que é bobagem. – cruzei os braços. Como um rei de um povo pequeno pode achar bobagem uma possível ameaça de morte a ele e ao seu único herdeiro do trono? 

– Bobagem? É nítido que algo vai acontecer. Você mostrou a carta a ele? - O príncipe afirmou. 

- Sinto muito pelo meu pai, mas acho que posso tomar decisões também e assim os ajudar. – Dou um meio sorriso. 

- Não sabemos os passos de Wagner então é aconselhável que os guardas fiquem alertas. – Ele concorda. - Como Wagner é... - molhei os lábios tentando puxar palavras. - meu irmão, irei ficar no castelo para tentar impedir seus planos.  

- Agradeço sua vontade de nos ajudar. - Ele ajeita um livro que já estava perfeitamente ajeitado em cima da mesa. - Você já comeu algo nesta manhã? - perguntou.

- Não. Queria resolver as coisas com você antes.

- Permita-me acompanha-la até o salão onde eles servem as refeições. - Eu assenti. Descemos as escadas passando por um corredor onde haviam bastante estátuas de mulheres esculpidas delicadamente. O castelo de Asgard tinha mais contrastes branco com azul e amarelo. A cada corredor que entramos havia uma bandeira pendurada no alto dos pilares.  Na bandeira tinha a figura de um leão de perfil com uma coroa em sua cabeça, além de duas espadas cruzadas atrás de si. Midgard não possuía uma bandeira com desenho assim como Asgard.

- Não deve ter sido fácil quando descobriu que era a herdeira. – Comentou tentando puxar assunto. 

- Não... É como se tudo que eu vivi antes fosse mentira. – O príncipe parece pensar. Entramos no salão. Haviam bastantes mesas separadas onde lordes ou convidados comiam livremente os pratos que criados ofereciam. Não havia pessoas conversando alto, apenas burburinhos e sons metálicos dos utensílios sendo usados. 

– Devo imaginar. – Uma voz surge atrás de nós. 

- Nicolas. – Nós nos viramos. Era o Rei Cristian. Ele olhou para o filho e depois para mim. Após isso fiz uma reverência.

– É a herdeira de Midgard? – perguntou e o filho afirmou com a cabeça. O rei abriu um sorriso como se tivesse encontrado a tão sonhada agulha no feno.

- Vamos nos sentar, assim me acompanham no café. - Disse se sentando a uma mesa longe de qualquer pessoa.  Callen que estava em uma mesa em frente a minha olhou para mim e acenou. Fiz o mesmo e após isso ele fez uma careta e se virou.

– Acho que os Deuses nos enviaram uma grande ajuda enviando você aqui. – Comentou enquanto colocava o guardanapo em seu colo. Não fiz o mesmo pois não estava com nenhuma vontade de comer. - Mas não precisamos da ajuda de vocês dois. – Nicolas pensou em falar algo, mas calou-se.  

– Acredito que precisará de nossa ajuda vossa majestade. Visto que você não sabe dos planos de Wagner. – Ele batucou os dedos cheio de anéis na mesa. 

 - Acho que você pode evitar tantos transtornos futuros com seu irmão. – Disse o rei com um sorriso divertido nos lábios. 

– Pai – chamou Nicolas, mas ele o ignorou. 

- Case-se com meu filho. - Se eu estivesse comendo ou tomando algo no momento, cuspiria tudo em cima do rei Cristian.

- Mas porquê? - perguntei.  

- Você sendo a herdeira de Midgard e meu filho herdeiro de Asgard, juntos unirão as terras. Teremos poder o suficiente para intimidar Arthur. - Molhei os lábios. Eu estava ficando um pouco irritada com a ignorância de Cristian. Entendo que os dois vivem se cutucando, mas agora não seria um bom momento para pensar em poder político.

- Mas o problema não é Arthur. Tem que entender que é Wagner. - Cristian corta uma panqueca de massa grossa com a faca.

- Wagner está no fundo do poço após ceder o trono. Acha mesmo que um rato como seu irmão nos mataria? - questionou. 

- Pai... Por favor! - pediu Nicolas mais uma vez. Ele parecia envergonhado. 

- Majestade, eu sei o que está tentando, mesmo sendo dona das três terras, não tirarei Asgard de você. - Após uma pausa continuei: - Se quiser empurrar seu filho para ganhar minhas terras, elabore desculpas melhores. – Eu me levantei. – Por mais que não queira se preocupar com meu irmão, eu me preocupo.  – Fiz uma reverência antes de sair e ir para a mesa onde Callen estava sentado. 

- O que vocês conversaram? - perguntou com a boca cheia de comida. Um criado me ofereceu um guardanapo limpo e após ele sair eu o joguei na mesa me recostando na cadeira. Callen sorriu ao ver que eu estava irritada.

- Cristian tentou me empurrar para me casar com Nicolas. Dá pra imaginar? Ele está se importando mais com poderes de terra do que com ameaças de morte. - Ele limpou a boca com as costas da mão.

- Veja Tany, o assassinato não foi em hipótese alguma confirmada por Wagner. É capaz de ficarmos aqui até o verão passar e nada pode ter acontecido. - Neguei com a cabeça.

- Não, eu acredito que Wagner tentará algo. - Callen deu de ombros como se já estivesse acostumado com minha teimosia.

- Se você acha... Pelo menos Cristian sabe que tem apenas mais uma chance. - Olhei para ele. 

- Do que está falando?

– Ele já tentou casar Nicolas com Mynna e agora com você. Só falta Victoria. - Suspirei alto levando as mãos a cabeça. Me pergunto se essa viagem foi atoa e Wagner não pretende atacar Asgard com gigantes de fogo.

Quarto em Vermelho e ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora