Capítulo 40

10 1 0
                                    

Callen e eu seguimos viagem com os cavalos. Ainda não havíamos saído da trilha da floresta para uma de pedras que normalmente ficam em cidades. Retirei o mapa que estava na minha mochila e o desenrolei.– Há uma taberna próxima daqui. – Olhei para Callen que cavalgava ao meu lado. – Está com fome? – perguntei.  

– Claro. Podemos parar lá. – Disse dando de ombros. Guardei o mapa novamente e seguimos até a taberna. Soube que estava em Asgard por placas locais. Callen desceu de Lil a deixando beber água. Ele encarou a taberna da onde saiu um homem alto e robusto quase caindo no chão de bêbado. 

– Nunca gostei também de lugares assim. – Comentei descendo de Zeus que soltou o ar pelas narinas. Me perguntei se ele me achava uma péssima cavaleira. Fomos até a entrada e o lugar não era nem de longe agradável. Um cheiro de homens suados penetrou em meu nariz. O fato daquele lugar ser fechado apenas piorou as coisas. Alguns deles nos encararam com um sorriso de canto.  

- Esse rato miserável! – resmungou o que parecia ser o dono da taberna. Não me surpreenderia se houvessem ratos aqui. Isso me fez perder totalmente a fome.  Olhei para Callen para indicar que saíssemos, mas ele olhava fixamente para frente.

- Oh, é a criança feérica novamente? – questionou um homem.  

- Sim, aquela praga roubou três pães da cozinha. - Um outro homem sem camisa e barbudo se aproximou segurando o menino pelo braço. 

- Está falando dessa peste? – perguntou ele. 

- Soltem-no! – mandei. Minha voz ecoou. O dono apenas riu e voltou sua atenção para o menino.

- Quem é você? Quem pensa que é para dizer o que fazer ou não na minha taberna? – Callen riu. 

– Chama isso de taberna? – no mesmo instante em que ele se aproximou de Callen, eu havia puxado o arco, pronta para atirar uma flecha. 

- Melhor o casal ir embora se não quiserem problemas. - O homem pegou Callen pelo colarinho, e após isso, soltei a flecha que voou e acertou o ombro do homem que segurava o feérico. O menino rapidamente engatinhou até mim retirando minha adaga da coxa e a cravando em um homem que estava prestes a partir para cima de mim.

Callen puxou a adaga a cravando no pescoço do barmen e a retirando logo após. Alguns fugiram da taberna enquanto outros vinham para cima de nós. 
Um homem puxou o menino pelos cabelos o jogando no chão. Mirei uma flecha em sua direção o acertando.  
– Ei, vamos embora. – Sussurrou o feérico. Tive a sensação de que apenas eu o ouvi. Sem dizer nada, peguei no braço de Callen o levando para fora. Subimos nos cavalos seguindo pela trilha rapidamente até despistar os homens. Paramos alguns metros encarando o caminho percorrido.
Apenas quando me certifiquei de que não havia ninguém, olhei para o garoto.

-Isso é seu. - Peguei a minha adaga ensanguentada e a guardei no suspensório da coxa. Eu nunca havia visto um feérico, então eu o encarava dos pés as cabeças toda vez que o olhava. 

- Então você vive assim? Roubando pão? – perguntou Callen.

- Parece que sim. – respondeu o menino.

- Suba! - Estendi a mão a ele aceitou. - Qual é o seu nome? - perguntei.

- Lorenzo. - Lorenzo tinha cabelos grisalhos e lisos. Uma pele pálida, olhos verdes e dentes caninos bem afiados, além de orelhas pontudas. Ele andava de pés descalços e sua roupa poderia ser facilmente confundida com coisas verdes.

- O meu é Tany e o dele Callen. - Lorenzo parecia me fitar enquanto cavalgávamos em direção ao castelo de Asgard. 

- Você é humana? - perguntou ele.

- Sim, porque essa pergunta? - ele colocou as mãos em meus ombros para se apoiar. 

- Você me lembrou alguém. Para onde estão indo? 

- Para o castelo. Temos uma missão importante. - O feérico riu.

- Não vão consegui entrar. - Olhei para ele.

- Porque não? 

- Vocês são tecnicamente forasteiros, os guardas não deixam qualquer um entrar. - Callen molhou os lábios.

- Ela é rainha de Midgard. - Informou. Lorenzo franziu o cenho.

- Sério? - eu confirmei. - Soube que havia uma nova pessoa ao trono, mas não imaginei que seria uma mulher. Sem contar que as noticias aqui demoram para chegar. - Disse enquanto dava de ombros. 

Asgard é uma terra pequena e um pouco esquecida, mas parece que nunca ouve nada de inovador vindo dessas terras além de colheitas. É compreensível não saberem que uma mulher subiu ao trono, já que eu não sei nem ao menos o nome do filho do rei Cristian. 

- O que faremos então? - perguntei.

- Conheço uma pessoa que pode ajudar. 

Quarto em Vermelho e ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora