Capítulo 36

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As visitas de Mynna estavam bastante frequentes. Devo admitir que não me importava com visitas. Ficar  o dia inteiro sozinha em uma cabana no meio de uma floresta era realmente entediante. Nós andávamos pela pequena trilha observando a imensa floresta ao nosso redor. Era totalmente verde e bonita. 

- Wagner está reagindo bem após minha fuga? - perguntei curiosa. Era difícil prever as reações de Wagner ou imaginá-las.

- Eu raramente o vejo e, nas poucas vezes, ele me deixa conversando sozinha. Eu disse a ele para desistir da ideia de matá-la, mas ele disse que você não morreria. - Encarei Mynna, o cenho bastante franzido. 

- Victoria havia dito que Wagner a usou como isca para que seus pais viessem até você. - Mordi a bochecha. Novamente as mesmas perguntas vieram a tona em minha mente.

- Ele acha que um dos dois matou Bella, não? - chutei algumas folhas á minha frente.

- Pior, Tany... - Ela parou no meio da trilha. Olhei para ela. - Wagner alega que eles então envolvidos no assassinato de Ryut e Haru. - Dei uma risada secamente. Wagner está tentando se livrar de dois assassinatos e os jogando a culpa em meus pais adotivos, mas porque ele quer se vingar de nós?

- Mynna, acha mesmo que meus pais tem relação com o assassinato dos três?  Quando Ryut e Haru foram assassinados, meus pais estavam na prisão. Não há nenhum motivo para eles quererem matar Bella. - Mynna molha os lábios. Ela parecia um pouco nervosa.

- Eu não sei o que faz Wagner acreditar na morte de Bella, mas...

- Então você acredita que não foi ele quem matou Ryut e Haru? - ela colocou uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. 

- Acredito em Wagner. Ele é nosso irmão. - Eu me aproximei dela.

- E daí? Wagner sempre teve um caráter duvidoso. - Mynna direciona sua cabeça para o chão, evitando o contato visual.

- Sou irmã dele e fui criada ao seu lado. Tenho meus motivos. - Suspirei enquanto continuava a andar. 

- E Arthur? Alguma novidade de sua relação com Wagner? - Perguntei mudando de assunto.

- Arthur pretende ajudar Wagner com os guardiões do fogo, enquanto ele o ajuda com Asgard. - Ela continuou: - Não é de hoje que Arthur se sente ameaçado com Asgard. Midgard e Svartal tem um tratado de paz, mas Svartal e Asgard, não tem. O que faz meu marido acreditar que o rei Cristian possa enviar seu exército a qualquer momento. - Cruzei os braços.

- Não acho que Cristian possa tentar invadir Svartal. Até porque ele não é burro de invadir terras com apoio de Midgard.

- Sim, mas Arthur teme que Asgard se junte com Wagner para destruir Svartal. Por isso ele quer se aliar. 

O que Wagner estaria planejando? Se seu objetivo era apenas prender meus pais adotivos porque ele precisa saber sobre a maldição de Callen e porque precisa dos guardiões do fogo? Tenho certeza que ele está planejando algo ruim para Midgard e acusar meus pais de assassinato é apenas um de seus planos para se livrar de culpa e dedos apontados de minhas irmãs á ele.

♛♚

Puxei a adaga do suspensório e entrei no escritório de Wagner. As coisas não estavam tão bagunçadas quanto antes. Voltar para cá, era o mesmo que cair em uma armadilha. Talvez Mynna estivesse certa. Eu era como uma raposa e Wagner o lobo. Olhei para a cadeira do escritório vazia. Ele estava parado de costas, de frente para a janela.

- Sabia que viria. - Disse ele ainda de costas. - Foi você quem roubou o livro, não? - eu me aproximei dele.

- Sim e garanto que está bem guardado. O que pretendia fazer com o conhecimento? - Wagner mantem a expressão neutra.

- Uma coisa que você nunca fará. 

- Usar Callen para virar uma besta cuspidora de fogo? - ele anda pelo cômodo.

- Falando assim, parece que eu sou o vilão da história. - Ele colocou um mapa na mesa apontando para as montanhas de Muspelheim. - Mas já que se interessa tanto pelo assunto... O profeta que escreveu o livro mora por essas redondezas.

- E por que quer ver o profeta?

- Para matar dois coelhos numa cajadada só querida irmãzinha. - Disse enquanto brincava com os anéis de seus dedos. - Quero saber sobre a maldição de Callen e também sobre Bella. - Franzi o cenho. Estava cada vez mais confusa.

- Porque quer saber sobre Callen? E qual a ligação de Bella com o profeta? - Wagner suspirou.

- Não vou contar meus planos a você, já que é de criação de traidores. - Me aproximei dele.

- Meus pais não são traidores! - rosnei. Wagner apenas riu.

- Você ainda os considera? Que bonitinho da sua parte. - Ele se virou abrindo a gaveta de sua escrivaninha logo após, retirou o documento que comprovava meu direito ao trono.

- Esse mísero papel é todo seu, mas com algumas condições. - Fiquei em silêncio, tentando decifrar os movimentos e planos de Wagner. - Diga Tany, não quer o maldito papel para procurar seus pais e enfim livrá-los da sentença de morte? - perguntou já irritado.

- O que você quer? - ele sorriu pegando um pergaminho e me entregou.

- Assine isso. - Abri o pergaminho e o li.

"Wagner Hurtys, terá total liberdade durante um ano, sem acusações da corte, do rei e da rainha e de toda a nobreza, sendo assim, sendo um homem livre de leis. [...]"

- Mas o que seria isso? - perguntei.

- Minha garantia de que não irá me atrapalhar. - Eu ri.

- Pretende ganhar alguma coisa com isso? - ele sorriu perversamente.

- Você não tem noção. - Afirmou entregando uma pena com tinta. Me inclinei na mesa e sem pensar muito assinei. Wagner pegou o pergaminho enquanto analisava minha assinatura. Ele segurou meu rosto. - Enquanto se diverte com o novo cargo majestade, brinque de descobrir sobre o passado de Lillian e Mory. - Ele deu uma piscadela para mim antes de sair do cômodo. Me sentei na cadeira em silêncio. 

Eu teria sido burra em assinar aquele papel? Olhei para o documento em minhas mãos. Eu sabia o que deveria fazer, mas agora que sou rainha não consigo pensar em nada. 

Quarto em Vermelho e ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora