Capítulo 29

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Callen propôs Cari e Gian jogar com ele na sala. Se passaram mais ou menos duas semanas em que ainda estavamos na cabana. Isolados e sem muito entretenimento. Nesse meio tempo, não havia visto Fellix. Soube por Gian que ele estava tendo problemas com a posse da mansão Ryut.

– Eu tenho 10, 11 e 21. – disse Callen olhando para as cartas.

– Como assim? – perguntou cari.

– 10, 11 e 21. Eu ganho. – Afirmou Callen pegando as moedas de ouro que Cari e Gian apostará. Me aproximei os observando.

– Qual o nome desse jogo? – questionei, sem entender. Callen guardou as cartas rapidamente.

Eu ganho. – Respondeu ele. Cari bufou.

– Mas isso não foi justo! – reclamou.

– Foi um jogo limpo. – Exclamou Callen.

– Claro, com as regras que você mesmo criou. – Supôs Gian.

– Olha, eu expliquei as regras, vocês que não souberam jogar. – Cari cruzou os braços parcialmente irritada. Gian apenas balançou a cabeça e suspirou.

– Podemos discutir o plano? – perguntou ele. Estavamos há mais de duas horas jogando cartas e batendo papo. – Wagner planeja fazer um baile de máscaras no salão principal do palácio.

– Por que ele faria um baile de máscaras? – perguntei enquanto me sentava no chão da sala ao lado de Callen. Estavamos todos juntos ao redor da mesa.

– Para que você vá e ele te mate de uma vez. – Disse Callen com a voz arrastada. Mesmo estando com as pernas em formato borboleta eu consegui o chutar fortemente. Ele gemeu e pensou em chutar de volta, mas Gian interveio.

– Talvez Tany não seja o principal motivo. – Ele continuou: – Vi que Wagner convidou o marido de Mynna, Rei Arthur de Svartal.

– Isso parece... bom? – comentei, mas todos na mesa negaram com a cabeça.

– Svartal é um reino conhecido por ainda ter magia em pontos específicos e um deles é as Montanhas de Muspelheim. – Gian desenrolou um mapa na mesa onde mostrava Midgard, Svartal e Asgard. – Essas montanhas são conhecidas por serem intocadas, justamente por reterem bastante magia e também onde habitam os guardiões do fogo. – Cari soltou uma risada.

– Ele realmente acha que pode vencer os guardiões de fogo? – Gian deu de ombros.

– Eu espero que não, mas eu temo que ele conte com magia negra e não sei o que esperar se ele tomar conta de Svartal. - Além do mais, os dois podem fechar algum tipo de acordo para tomar as terras de Asgard.

– De que forma ele pretende fazer isso? – questionei.

– Talvez matando o rei Arthur. Embora Mynna seja rainha de Svartal, ela ainda é esposa do rei e isso não a faz totalmente legitima do trono. Se os soberanos dessas terras morrerem, Svartal, Asgard e Midgard, serão um só. – Franzi o cenho.

– Porque Wagner quer tomar o poder de Asgard e Svartal, sendo que Midgard tem um certo poder sobre essas terras? – perguntei.

– Por interesses. Svartal pelos guardiões do fogo e Asgard não tenho muita ideia, mas pode ser simplesmente pelo poder. – Explicou o arqueiro.

– Os jogos de Wagner são difíceis de prever... O que acha que ele realmente quer com os guardiões do fogo? – perguntei.

– A única explicação que vejo é a ganância de Wagner. – Concluiu Gian. Conhecendo o histórico de Wagner, ele realmente pode querer tomar posse de Svartal e Asgard apenas por conta de seu ego. Talvez eu devesse falar com Mynna, ela pode ter algum tipo de informação.

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Ao ver o sol abrir espaço para a lua, resolvi sair da cabana e ir na cidade pequena mais próxima de Jotunheim. Ergui o capuz ao andar pelas ruas e nada havia mudado. Mercadores andavam de um lado para o outro, crianças brincavam na rua... É certo que Wagner herdou o trono a pouco tempo, mas não acho que ele esteja sendo ruim para Midgard. Sem querer, havia esbarrado em uma criança que corria pela rua. Ela vestia camadas de vestidos de contrastes marrons e o cabelo estava preso por uma única trança. 

– Tome cuidado! – disse enquanto me agachava para conferir se ela estava bem.

– Você não é a procurada? – perguntou a criança, o rosto sujo de terra, assim como suas mãos.

– A procurada?

– Sim, o rei Wagner está oferecendo bastante moedas de ouro quem a achar. – Informou a menina. Eu não estou nem um pouco surpresa. – Ah... – A menina retirou um papel do bolso. 
– Estão oferecendo dinheiro também por eles. – Peguei o papel de sua mão. Eram dois retratos de Lillian e Mory, meus pais adotivos. 

– Ei você! – Olhei para trás e vi um guarda vindo em minha direção. Corri na direção oposta esbarrando nos mercadores. Ao olhar para trás vi que havia os feito derrubarem seus produtos, tive mais uma dose de adrenalina ao ver mais cinco guardas correndo atrás de mim. Respirei fundo ao entrar em um beco e escalei até o telhado das casas. Alguns guardas passaram reto por mim. Raramente as pessoas olhavam para cima. Com o papel em mãos, voltei para a cabana.

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Ao chegar em casa, retirei a capa com o capuz a deixando no cabideiro perto da porta. Fui em direção a Callen que estava sentado no sofá, segurando seu caderno de desenho. Callen franziu o cenho quando entreguei o retrato de meus pais para ele.

– O que é isso? – perguntou.

– Um esboço de meus pais adotivos. Wagner está oferecendo boas moedas para achá-los. – Ele me devolveu o retrato.

– E o que isso quer dizer?

– Eu que deveria me questionar. Por que Wagner está atrás de meus pais? – Callen deu de ombros.

– Eu não sei, talvez porque eles já eram prisioneiros. – Neguei com a cabeça.

– Não... Não acho que seja só por isso. Por que ele se importaria tanto assim em encontrá-los?

– Porque eram seus pais adotivos, ou mais um plano de Wagner para capturá-la. – Disse Callen por fim. Eu sabia que essa teoria estava fora de cogitação. Não fazia nenhum sentido Wagner ainda estar atrás de Lillian e Mory. Além de o valor de moedas ser extremamente alto para duas pessoas que Wagner alega serem insignificantes.

Quarto em Vermelho e ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora