Capítulo 32

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Callen me ajudava a apertar o vestido enquanto Laura colocava grampos em meu cabelo, fazendo dois coques. Confesso que não gostava de penteados assim, embora eu me sentisse bonita, não gostava de coisas exageradas.
O baile começaria daqui a duas horas, estávamos bastante adiantados.
Olhei para Callen através do espelho. Ele comicamente parecia focado no que fazia. 

 - Tenho um mau pressentimento. - comentei. Senti os dedos de Callen delicadamente tocarem minhas costas. O vestido diferente do que eu normalmente usava, era de um tom alaranjado fraco. Já que a fantasia seria de uma raposa.
Mynna havia me dito que eu era esperta como uma raposa após ter me entregue o vestido. Me pergunto se ela estava fazendo uma alusão a ser fraca fisicamente, mas astuta o suficiente para "derrotar o lobo mau".
Dei uma risada interna após pensar nisso. Por sorte, Callen não percebeu.

- E desde quando você é sensitiva? Habilidades novas majestade? - revirei os olhos o ignorando.
As vezes pensava que a maioria das pessoas me chamavam de majestade como uma forma de deboche, mas vindo de Callen, é certamente um deboche.

- E se der errado? - ele havia terminado de amarrar o vestido, agora, Callen tentava fazer um laço. 

- E se der certo? Você não deveria ser tão negativa. - Eu me virei fazendo um laço em mim mesma. Callen me encarou com desdém como se quisesse dizer "eu iria conseguir".

- Você sabe que estamos colocando a vida de muitas pessoas em risco. - Ele respira fundo. Tenho a sensação de que o laço estava torto. 

- Eu sei. Apenas relaxa, vou estar com você. - Ele me entregou a máscara de raposa com penas pretas com laranja que fazia um degrade, as penas eram tão macias e bem feitas que me perguntei de que animal foram tiradas. Callen não tinha uma roupa tão característica. Ele apenas usava uma camisa branca, uma calça de cintura alta preta de couro e uma fita de cetim preta que imitava uma gargantilha, que ia de seu pescoço até sua cintura. Sua mascara era preta também, mas sem penas ou algo decorativo. Seus cabelos estavam um pouco molhados e ondulados. Eu chutaria que ele estava mais próximo de se parecer com um vampiro.

 Laura que até então fazia meu cabelo, finalizou com o último grampo. Ela sorriu para si mesma após ver o belo trabalho que havia feito. Sem enrolar mais, Callen e eu seguimos até o castelo bastante adiantados, já que Jotunheim ficava longe do palácio.. Quando chegamos, estávamos três minutos atrasados, o que era perfeito, já que queríamos ser discretos. Entramos pela porta principal. Havia bastante lordes, mulheres e outros convidados. Acredito que, como há bastante pessoas, ninguém vai nos notar ou nos reconhecer. Victoria estava ao lado de Diana bebendo vinho. Não havia visto Wagner e nem o rei Arthur. Me pergunto se ele veio.

- Quando acha que será a oportunidade? – cochichei ao ouvido de Callen. Não ousei me distanciar dele em nenhum momento. Talvez seja por medo? Por favor, Tany, você já passou dessa fase de ter medo.

- Não sei, talvez quando todos estiverem bêbados escutando música. - Seria uma boa ideia, mas nem todos da festa curtem beber. Andamos pelo salão até chegar em uma mesa com bebidas e comidas. Callen pegou um camarão e levou até a boca. Acredito que quando criança, ele comparecia as festas no salão apenas para comer.

- Pelos Deuses! Como você pensa em comer em um momento desses? – ele coloca a mão na boca enquanto mastiga. 

– O certo seria: quem não pensa em comer em um momento desses? – revirei os olhos olhando ao redor do salão. Wagner descia as escadas com dois guardas e alguns lordes. Por um momento, pude jurar que ele olhou fixamente em meus olhos. Me pergunto se ele teme pela vida. Tem que ser burro para organizar um baile de mascaras sabendo que eu posso muito bem o matar. Ou Wagner apenas me subestimava? Confesso que esse pensamento me deixou com raiva. 

Esperamos mais alguns minutos. Todos dançavam em pares com uma música lenda tocada na harpa por uma mulher alta e magra de cabelos loiros presos em duas tranças. Observei Wagner conversar com o rei Arthur, mal o havia notado. Se a tese de Gian estiverem certas, Wagner pode matar Arthur para ter as terras de Svartal, mas como ele faria isso? Continuei olhando para ambos.

- Vamos dançar? - convidou, os olhos grudados nos meus.

- Isso não faz parte do plano.

- Claro que faz. Vamos dançar até chegar as escadas e subir. - Callen estava esse tempo todo quieto bolando um plano e foi nisso que ele havia pensado?

- Na sua cabeça isso vai dar certo. - Comentei. Sem dizer nada, Callen me puxou contra si colocando sua mão em minha cintura, enquanto a outra segurava minha mão. Envolvi as minhas em sua nuca. Bastante casais estavam no mesmo ritmo que nós. Após alguns segundos de música, ouvimos um barulho de metal caindo no chão. Mynna havia derrubado uma bandeja cheia de cálices com vinho. Wagner e seu marido foram a ajudar a se levantar. Seus olhos encontraram os meus e ela fez um gesto de cabeça dizendo que estava bem. Sem pensar muito segurei a mão de Callen e subimos a escada juntos. O escritório de Wagner continuava bagunçado e o livro sobre a maldição havia sumido, Mynna já havia o pegado? Sem perder tempo, procuramos em todos os lugares possíveis.

- Acha que está no quarto dele? – perguntei. Uma flecha foi disparada acertando a perna de Callen. Segundos depois o atirador se revelou. Antes que ele atirasse mais uma flecha, puxei minha adaga e cravei em seu pescoço a retirando logo em seguida. O homem caiu morto no chão enquanto seu pescoço ainda jorrava sangue. Fui em direção a Callen. Wagner entrou no escritório sorrindo.

- Procuram por isso? - perguntou, o testamento em mãos. 

- Sabe que está sozinho nessa Wagner. - Ele se recostou na parede nos encarando. 

- Esse é o preço da vingança, você acaba sozinho justamente porque isso fere somente a você. - Cerrei os olhos.

- Do que está falando? Está causando tudo isso por ego. - Ele riu ficando em silêncio. Retirei a mascara do rosto de Callen para que ele respirasse melhor. 

- Wagner – Victoria entrou no escritório retirando a máscara de cisne branco que usava. A parte do seu vestido que arrastava no chão, por algum motivo estava manchado de sangue. Só após isso, me dei conta de que o chão do corredor estava encharcado do sangue do guarda que eu havia matado.

- Volte ao salão! - Ordenou Wagner.

- Durante algum tempo eu me questionei o porquê se tornou uma pessoa tão egoísta. - Começou a irmã. Ela se aproximou de Wagner, o rosto erguido. - É por causa de Bella, não é? - Wagner se manteve em silêncio. Victoria direcionou seu olhar para mim.

- Nossa mãe morreu por uma infecção... - Começou Vic, mas Wagner a interrompeu.

- Ela foi assassinada! - Gritou irritado.

- Por que não aceita de uma vez isso? Por que precisa achar um culpado pela morte de nossa mãe? - questionou Victoria. Wagner levou as duas mãos ao rosto. Aquela conversa parecia ter acionado um gatilho nele.

- Guardas! - Dois deles apareceram no cômodo. - Predam-vos! - Ordenou se referindo a Callen e eu.

Quarto em Vermelho e ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora