Capítulo 20

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Não queria voltar ao palácio tão cedo, mas precisava falar a Callen sobre Hud e como poderíamos enviá-lo de volta a Svartal caso ele nos ajude com Wagner.
Ao atravessar o salão e ir direto para o jardim torcendo para não ver Haru no caminho, esbarro em uma garota.

— Sinto muito! — lamentou ela.

— Tudo bem, a culpa foi minha. — Ela olha para trás como se estivesse fugindo de alguém. — Se importa de me acompanhar? Estou fugindo das mulheres dos lordes. — Cochichou.

— É tão ruim assim? — perguntei curiosa. Ela parecia ser uma dama de alta classe, mas isso ao mesmo tempo seria impossível, já que a maior parte delas ao me ver me ignoram.

— Ah sim, elas te obrigam a ouvir sobre o quão feias estão por determinada coisa e planejam o que vão comprar de novo para seus closets. — Dou uma risada.

— Qual seu nome? — perguntou pegando em meu braço. Eu não me sentia incomodada com ela. Era raro conhecer garotas gentis.

— Tany. — respondi. Ela me olhou com certo brilho no olhar.

— O meu é Mynna. — Levantei as sobrancelhas.

— Espere, você é a princesa da corte vermelha? — ela afirma sorrindo. Admito que era encantador. Mynna de Svartal, além de rainha ela era princesa de Midgard. Eu poderia facilmente querer ser ela.

— Você parece assustada — observou. Eu realmente não contive minha expressão de espanto.

— Não, é que eu imaginava você de outro jeito...

— De que jeito? — Indagou ela. Idiota e irritante como Callen, Victoria e Wagner. Pensei.

— Achei que tinha cabelos loiros... — O que não era mentira, já que Victoria tinha cabelos longos e loiros por parte de sua mãe Bella, mas já Mynna, tinha cabelos pretos curtos até os ombros e seus olhos eram pretos. Suas feições são graciosas e delicadas, o que a deixa com uma aparência mais velha, além de ter um sorriso extremamente bonito. Mal lembrava dela no palácio quando pequena. Geralmente ela vivia cercada de criadas ou com a companhia de sua irmã.
Continuamos a andar enquanto tentávamos despistar as mulheres dos lordes.

— Porque veio a Midgard? — questionei realmente curiosa.

— A coroação está próxima e eu queria passar um tempo perto de meu pai e meus irmãos. — Era o que eu imaginava. Ela continua: — Ainda não tive a chance de falar com meu pai. — Ela me olhou. 
— Callen já me falou sobre você. Acho que ele realmente gosta de você. — Dou uma leve risada.

— Impossível! — Callen aparece em nossa frente como se tivéssemos o invocado por apenas ter dito o seu nome. 

— Callen! — disse Mynna o abraçando. Sua chegada fui tão recente que ela não havia visto nem o irmão.

— Desde quando voltou de viagem? Ryut disse para vir? — a irmã o encara como se pedisse para que calasse a boca. 

— Acho que preciso descansar. — Disse a irmã vindo em minha direção.
Ela inesperadamente me abraçou forte como se me conhecesse a anos. 

— Até mais. — Disse se despedindo de Callen, o mesmo encarava a irmã com uma expressão estranha.

— Sua irmã é realmente legal. — Comentei enquanto observava Mynna voltar para o castelo com seu vestido de seda bege. Seu sorriso era bastante marcante e sincero.

— Quer me dizer algo? — havia me esquecido que vim para falar sobre Hud.

— Eu encontrei o assassino de Ryut na prisão e o libertei. — Joguei as palavras sem pensar muito.

— O que? Por quê? 

— Ele vai nos ajudar com a coroação, digo, se tudo der errado, ele pode me ajudar com meus pais. — Callen não parece convencido. 

— Como tem certeza de que ele é confiável? — dei de ombros. 

— Eu preciso de ajuda e eu não tenho nada a perder. — Callen suspirou. 

— Tanto faz. — Eu o segui pelo corredor. 

— E Wagner, anda se comportando? 

— Ele vem tentando convencer meu pai a aproximar a coroação. — Ando ao seu lado. Toda vez que o encarava, me lembrava do beijo e toda vez que isso acontecia, meu estômago gelava. Eu odeio ter que olhar para ele e acha-lo atraente. Muito, muito atraente. Pensei ao encarar novamente seus lábios carnudos e olhos tão pretos quanto seus cabelos.

— Você ainda não contou seu plano. Desconfio que não faz a mínima ideia do que fazer. — Novamente o mesmo assunto. Callen fica em silêncio após alguns guardas passarem por nós. Um deles me encara.

— E você parece que está inventando planos com assassinos. — Cruzei os braços andando enquanto encarava meus pés pisando na grama verde do jardim.

— São meus pais, se tudo der errado eles morrem. Você não entende? — Ele parou na minha frente. Como eu não havia visto, eu esbarrei nele batendo minha cabeça em seu peito.

— Que bom que você gosta tanto deles assim. — Afirmou Callen, a voz um pouco irônica.
Às vezes eu sentia pena de Callen. Crescera em uma família sendo excluído pelo pai, sua mãe morreu ainda quando pequeno e sofre nas mãos do irmão mais velho. Seria isso que ele invejava em mim? Por eu ter pais que me amam? De qualquer forma, Callen tem motivos suficientes para agir que nem o irmão.

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Fellix serviu uma xícara quente de chá e se sentou. Laura encarava o chá como se quisesse tomar um gole. Marcamos de conversar na biblioteca da mansão. Já que no quarto de Fellix estava se tornando algo realmente enjoativo.
— Acha que Hud pode ajudar mesmo? — uma criada colocou duas xícaras de chá na mesa de madeira e, em silêncio, saiu da biblioteca.

— Ele é bom com arco e flecha. Isso pode ser bastante vantajoso. — Fellix toma um gole do chá.

— Tany, ele é um assassino e tentou matar meu pai. — Coloquei as duas mãos envolta do chá, sentindo seu calor aconchegante.

— Eu sei, mas ele agora quer apenas voltar para Svartal. Se ele colaborar conosco, podemos achar um jeito de leva-lo novamente. — Sugeri.

— Irei pensar. Só peço que tome cuidado com ele. Não revele coisas que podem serem usadas contra você. — Concordei com a cabeça.
Eu não confiava em Hud, mas sabia que ele me ajudaria com a coroação e com ele, me sinto mais confiante de que, se Callen não elaborar um bom plano, conseguirei pensar em um plano B para impedir que meus pais morram.

Quarto em Vermelho e ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora