Capítulo 38

13 1 1
                                    


O Escritório que antes fora de Haru e Wagner foi minuciosamente limpo. O lugar nem parecia mais o mesmo de antes com frascos jogados na mesa e no chão. Só havia agora mapas, uma escrivaninha, duas poltronas em frente a escrivaninha e a minha cadeira. Me pergunto aonde colocaram o baú que ficava no canto do cômodo que estava cheio de pergaminhos. 
- Majestade, permita-me... Isso estava no chão quando limpei e queria devolver. - Informou a criada. Peguei o papel de sua mão e o analisei. Ela fez uma leve reverência e fechou a porta. Era uma carta ainda lacrada. Parecia que deveria ter sido enviada há mais de três dias atrás. Olhei o remetente e era de Wagner para o rei Arthur. Fui até a cadeira me sentando enquanto pegava o abridor de metal para cartas. Retirei o papel e li as letras cursivas de Wagner.

"[...] Como queira, ninguém conquista terras sem derramar sangue. Então aí está minha última jogada: Após minha missão nas montanhas, voltarei como herdeiro de Asgard, não perca seu tempo me enviando cartas perguntando como. Você deve saber meu único meio. [...]"

O que ele queria dizer exatamente? Que conquistaria o tono de Asgard matando o rei Cristian? Não fazia muito sentido. Sai do escritório com a carta em mãos, procurando por Mynna pelos corredores.
- Seu marido voltou para Svartal? - perguntei. 

- Ainda não, por quê? 

- Diga a ele para ir até a sala de reunião. Quero você lá também. - Informei andando até o salão. Alguns lordes fizeram um reverência enquanto eu caminhava. Os guardas abriram as portas do comitê quando me aproximei. Entrei me sentando na cadeira na ponta da mesa. Me perguntava o do porque estava interessada em resolver aquilo. 

Os guardas abriram a porta e a fecharam após Mynna e Arthur entrarem. Os dois fizeram uma reverência e se sentaram. 

- Mudou de ideia sobre a reunião de ontem, vossa majestade? - Me inclinei sobre a mesa entregando a carta.

- Leia, por favor. - Pedi. Sua expressão ficou séria. 

- Eu não sei o que esta carta tem a ver comigo. - Se defendeu. 

- O que está acontecendo? - perguntou Mynna. 

- Acontece que está carta foi escrita a punho por Wagner. - Ele entregou a carta para a esposa que a leu com os olhos correndo.

- E o remetente era para você, Arthur. - Informei. Ele não demonstrou nenhuma reação. -  Você e Wagner planejam algo contra o rei Cristian? Não quero criar teorias. Por isso estou lhe perguntando antes. - Mynna colocou a carta sobre a mesa enquanto encarava o marido, esperando uma resposta.

- De forma alguma. Tanto que Wagner nem chegou a mandar a carta e se mandasse eu não seria tão baixo a esse ponto. - Justificou. Eu ainda tinhas minhas dúvidas. Arthur parecia convencido em acabar com Asgard se Wagner estivesse ao trono.

- Conheço o caráter de meu marido. Ele não faria isso. - Defendeu Mynna me encarando. 

- Se Wagner planeja conquistar o trono de Asgard, acho que deveríamos tentar descobrir como ele fará isso. - Sugeriu Arthur.   

- Os gigantes de fogo. - Foi mais um sussurro do que uma fala. A desculpa de que Wagner foi até Muspelheim para saber mais sobre a maldição de Callen pode ser apenas uma distração. Talvez ele tomaria conta de um exercito de gigantes para conquistar o trono e, com a ajuda do exercito pequeno de Asgard, ele poderá se tornar rei novamente por meios sujos, mas não fazia sentido ainda Wagner me dar o trono tão facilmente para fazer tudo isso.  - Devemos ir até Asgard e impedir os planos de Wagner. - Informei.

- Acha que ir até Asgard é uma boa ideia mesmo? Podemos enviar exércitos para lá. - Sugeriu Mynna. Eu neguei com a cabeça.

- Quero ir até lá por conta própria. Não quero guardas, a maioria não fará um bom trabalho. 

- Podemos enviar Gian. - Eu suspirei.

- Não, eu o deixei encarregado de procurar pelos meus pais. Cari também está fora de cogitação por já estar em outra missão. - Mynna repensou. - Irei marcar uma reunião com ele para saber sua opinião. Até lá vou mantê-los informados. - Após essas palavras eu encerrei a reunião. Não havia perguntando mais nada a Arthur sobre seus planos com Wagner porque não havia motivos para ele estar envolvido em planos supostamente assassinos.

 Ao ir para o salão novamente, vi Fellix  cercado de lordes do comitê. Ele e os demais fizeram uma reverência para mim. 

- Perdão não ter vindo antes. Parece que quase todos sabem da sua posse a coroa. - Analisou Fellix enquanto os lordes seguiam seus caminhos.

- É, isso foi mais rápido do que eu pensei. - Andamos lado a lado para fora do salão.

- Vim agradecer por me devolver o controle dos exércitos. - Olhei para ele.

- É o que qualquer um faria. Não vejo ninguém tão qualificado quanto você para o cargo. - Ele sorriu em agradecimento.

- Soube que tornou Gian seu conselheiro. - Quando tomei essa decisão, me senti mal por não saber o que fazer com Cari. Bastante lordes se sentiram incomodados com a minha decisão. Tanto por colocar novamente Fellix no comando do exercito quanto Gian no posto de conselheiro. Entendo a frustração dos demais que sonharam com os cargos e estavam á anos servindo a coroa.

- Gian tem um ótimo perfil para isso. Confesso que desde sempre me impressionou seus esforços como espião. - Cerrei um pouco os olhos por causa do sol ao entrar no jardim. - Mas você veio apenas para isso? - perguntei.

- Não. Vim também para saber se você está bem, agora que virou rainha. - Ele parou na minha frente, a expressão suave como sempre.

- Sim, confesso que minhas irmãs estão me ajudando bastante. - Ele sorriu. Sempre quando ele fazia isso, seus olhos se fechavam dando um ar mais amigável. Confesso que isso é tão contagiante que tenho vontade de sorrir também. - Quero que venha á reunião amanhã no comitê. É importante.

- Estarei lá. 

Quarto em Vermelho e ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora