Capítulo 53

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Havíamos chegado até o quarto de Callen. Ele pegou uma bolsa com kits médicos e sentou ao meu lado na cama. Aquilo tudo foi tão rápido. Desde descer os dutos até a fera nós atacar.
— Está doendo? — perguntou ele. Olhei para minha ferida. Eu estava tão imersa no passado sobre o suposto poder de Callen que mal havia sentido algo.

— Um pouco. Está ardendo. — Respondi. Ele limpou a ferida com um pano delicadamente e após isso enfaixou meu braço. Callen não parecia machucado, pelo menos. — Você que fez aquilo? — perguntei me referindo quando a fera se contorceu de dor, como se algo estivesse a corroendo por dentro.

— Eu nunca havia usado isso para... Matar alguém. - Aquela besta morreu? Eu duvido muito.

— Mas era um animal, não uma pessoa. — Callen afirmou com a cabeça. Ele parecia perturbado.

— Tany, não se trata disso... Eu... Eu odeio lembrar dessa coisa que eu tenho. É perturbador.

— Se refere a sua maldição? — ele afirmou. Parece que sua maldição não se resumia apenas a se transformar em uma besta cuspidora de fogo, mas também em um ou mais poderes. Seria isso que Wagner havia descoberto sobre Callen? — Desculpe. — Pedi. Ele me encarou.

— Não se desculpe. Eu fiz porque quis. - Callen se levantou colocando o kit médico na gaveta. 

— Acho melhor não dizer nada sobre isso a ninguém. Nem sobre a besta e nem sobre...

— Tudo bem. — Disse enquanto olhava para o meu braço enfaixado que ia desde meu ombro até metade de meu braço. Espero que eu não sofra algum efeito colateral. 

♛♚

No dia seguinte, não pude pensar em outra coisa que não fosse as entradas subterrâneas do castelo e como aquela besta de quatro patas foi parar lá. Callen tomou a iniciativa de colocar um cadeado no alçapão da biblioteca e ficar com a chave, mas acredito que isso não resolveria muita coisa. Eu tinha várias pergunta em relação a isso. Como aquilo foi parar lá? Eu estava curiosa o suficiente para voltar e explorar as outras passagens, mesmo que aquela besta ainda estivesse lá, pronta para outra batalha comigo.

Fui até o jardim com Lithium, que corria pela grama livremente. Enquanto ele corria em passos freneticamente desengonçados, observava o céu e as arvores. Eu consigo sentir o inverno rigoroso de Midgard chegar aos poucos.

Voltei meus olhos para Lithium. Vic estava ocupada pela manhã e me pediu para que eu cuidasse dele. Não era incomodo para mim, já que eu dormia até tarde por falta do que fazer no castelo. Victoria se adequou bem ao papel de dona canina.

Me aproximei de Callen que pintava um quadro. Ele não tinha um rosto de pessoas que desenhavam. Não que pessoas desse tipo tenham uma cara, mas definitivamente, eu nunca imaginaria que Callen soubesse desenhar tão bem. Dessa vez, ele desenhava uma paisagem. 

- Esse lugar existe mesmo? – perguntei. A paisagem era composta por um morro e no alto havia uma plantação de trigo bastante crescida. Ao fundo estava o sol se pondo. O que me chamou atenção foi a mulher que Callen estava desenhando. Ela recebia bastante destaque. Ele ainda não havia a pintado então isso me dificultou saber quem era exatamente.

- É o campo aberto de Midgard. - Respondeu sem tirar os olhos da tela.

– Deve ser bonito o pôr do sol lá. – ele jogou a cabeça para trás a fim de tirar seus cabelos do rosto.

– Está chateada por ontem?

- Um pouco. Só porquê trancou a entrada para os túneis, não significa que não entrarei lá novamente.

Quarto em Vermelho e ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora