Capítulo 43

15 1 0
                                    


Me sentei na escrivaninha pensando se deveria enviar uma carta a Fellix. Talvez eu devesse avisar que Callen e eu ficaríamos mais tempo do que o esperado em Asgard. Bufei enquanto largava a pena. Deveria me perguntar se valia a pena mesmo ficar em Asgard, mesmo sabendo que Wagner poderia tentar algo contra o rei, mas mesmo que seus planos não sejam precisos, eu temo que ele consiga o que quer. 

Fui tirada de meus pensamentos após alguém bater à porta.  

- Imaginei que estaria aqui. - Disse Cristal fechando a porta. Sempre quando ela andava, suas joias de ouro emitiam um barulho baixinho e um pouco agradável. Acredito que ela não os use em missões que requerem silêncio.

- O que é isto? - perguntei me referindo aos trajes que estava apoiado em cada mão de Cristal.

- Nicolas pediu para que eu entregasse essas roupas para o baile hoje à noite. - Eu me levantei indo até ela.

- Vocês haviam marcado isso a quanto tempo? - Cristal pensou.

- O rei havia anunciado faz uma semana. Desculpe não a ter avisado. - Neguei com a cabeça. O baile seria um bom momento para ataques e eu torço para que essa informação não tenha chegado até Wagner.

- Não acha perigoso demais? - ela deu de ombros colocando as roupas em cima da cama.

- Se pensar em falar com o rei, pode esquecer. - Soltei um suspiro. Eu havia desistido de conversar com Cristian após sua proposta de me casar com Nicolas.

- Ok, obrigada! - Callen que havia entrado no quarto fez uma reverência para Cristal que fez o mesmo antes de sair do quarto.  

- O que é isso? - perguntou ao olhar para as roupas.

- Cristian havia organizado um baile já faz algumas semanas. - Ele se aproximou colocando uma carta a poucos centímetros de meu rosto ignorando completamente as roupas e o baile.

- Me entregaram isso hoje de manhã. O destinatário é para você. - Informou. Seus olhos por cima da carta me encarando. Ele ficava bonito quando fazia isso. Callen virou a carta. - Adivinhe o remetente. - Tentei pegar a carta e ele a desviou. - Gian. - Completou com um sorriso nos lábios.

- Callen, pare de ser importuno. - Pedi a ele tomando a carta de sua mão. Ele apenas revirou os olhos e se jogou no sofá. Peguei o abridor de cartas desprendendo a cera e retirei o papel do envelope.

"[...] Estive investigando o paradeiro de seus pais, mas também fiquei de olho em Arthur. Descartei ele como suspeito por não ter mais ligações com Wagner. Quero que leia os próximos parágrafos com atenção:

Arthur havia me dito que Wagner pretendia atacar com um pequeno exército na primeira oportunidade o palácio de Asgard. Isso me leva a crer que ele atacara com os gigantes de fogo no próximo evento do rei. Sei que a carta demorara para chegar e talvez seja muito tarde, mas se não for, por favor envie cartas pedindo ajuda. Sei que dará um jeito mesmo sem nós."

- Como o esperado. Wagner irá usar um exercito de guardiões do fogo para invadir o palácio. - Eu me virei para Callen.

- O que ele ganha com isso? - questionou ele com um livro aberto em mãos.  Estava escrito "Reino Animalia" na capa.

- Um soberano e seu filho mortos. Depois disso eu não sei muito bem. - Callen desvia o olhar do livro para mim.

- Se ele matar Cristian e Nicolas, as terras de Asgard serão de sua responsabilidade. - Callen suspirou. - Ele pode ter ocasionado tudo isso, Tany. 

- O que? 

- Wagner pensou que estaria aqui para proteger a família real. Se ele matar você, Cristian e seu filho, Wagner poderá herdar o trono facilmente. - Mordi a bochecha. Victoria não poderia ser herdeira do trono por ser jovem demais e Mynna estava fora de cogitação por motivos obvieis. 

- Mas porque tirar Cristian e Nicolas da jogada? Ele poderia simplesmente me matar a qualquer momento

- Wagner deve pensar no poder e quer tirar praticamente todos da jogada. - Neguei com a cabeça.

- Ele não faria nada de ruim a Mynna, ou faria? - Callen apenas deu de ombros. 

Eu queria acreditar que ele não seria capaz de achar um jeito de tirar Mynna e Arthur do controle de Svartal. Se Wagner está nas montanhas recrutando gigantes de fogo para isso, então ele sabe que sou um inimigo forte para ele. Mas afinal, qual tese estava certa sobre as ações de Wagner? Ele apenas quer a posse de todas as terras matando todos os reis ou apenas me usa como isca para matar meus pais adotivos? 

- O que está lendo? - perguntei. 

- É um livro sobre espécies de borboletas. - Dei uma risada.

- Desde quando se interessa por borboletas? - ele me encarou. Seus olhos pretos sobre mim as vezes me deixava nervosa.

- Eu sempre as achei interessante, desde pequeno, mas sempre tive preguiça de pesquisar sobre. - Eu sentei ao seu lado olhando para um desenho de uma borboleta.

- Isso não parece ser propriamente do livro. - Ele riu. 

- Claro que não. - Ele folheou as paginas mostrando mais de 20 desenhos de diferentes borboletas. Algumas estavam pintadas e outras não.

- Você já viu todas as espécies? - ele negou.

- Não, por isso tem páginas que não tem desenhos.  - Apontei para uma pagina do livro que estava marcada. 

- Porque marcou está? - ele abriu revelando uma borboleta de cor laranja com preto, com alguns detalhes brancos em sua asa e seu corpo. 

- Porque essa espécie me lembra você. - Franzi o cenho.

- Ela foi adotada por plebeus e descobriu ser herdeira do trono? - ele negou. 

- Essa borboleta é confundida com outra espécie venenosa, isso faz os predadores temerem-na. - Cruzei os braços.

- Você adora me atazanar, não é? - ele deu de ombros fechando o livro. 

- Limenitis é um bom nome, não? - Soltei o ar pelas narinas.

- Quando eu precisar de um nome eu volto a conversar com você.


Quarto em Vermelho e ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora