Capítulo 52

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Algumas semanas se passaram após a chegada de meus pais ao palácio. Devo confessar que nesse meio tempo não havia pensado em minha situação. Se eu deveria deixar ou não o trono. Mas por algum motivo, eu não queria chegar a uma conclusão. Talvez porque eu não faço a mínima ideia do que fazer em relação a magia, Álfheim, Akira, Laura...
Andei pelo jardim e, de longe, notei os túmulos de Ryut e Haru. Ambas as lápides estavam sempre com rosas e flores de todos os tipos, em sua maioria eram rosas vermelhas em homenagem a corte. Sempre que vejo as flores, começo a ter certeza de que não foi somente o povo que adorou Haru e Ryut, mas também lordes, damas e até criados. 

Eu me aproximei das lápides em silêncio. Mory encarava a de Haru. Ele não parecia triste e nem feliz.
-Você o odeia? - perguntei. - Ou já odiou? - Em minha cabeça, Mory o odiava, no fundo do coração. Talvez por prender ele e Lillian ou o considerava, por ter dado uma oportunidade de sair da pobreza. 

-Não. Por que o odiaria? - dei de ombros. Mory tinha feições de um homem ruim. Barba perfeitamente feita, rosto com maxilar levemente marcado, olhos intensos e distantes. Quando pequena eu o conhecia. Ele era meu pai... Mas agora eu me pergunto, quem é você Mory? 

Se eu mudei, você também deve ter mudado. Assim como nossa relação parece ter esfriado de pai para filha. Eu queria ouvir de sua boca o que sempre desejei. Que ele odeia tudo isso que estamos fazendo e vamos voltar novamente para aquela vida. 

-Por causar tudo isso. - Ele me encarou.

- Haru me deu um bom emprego. Graças a ele que você cresceu... Forte. - Olhei para minhas mãos. Diga Mory, diga que o odeia.

- Ele não deveria ter feito aquilo. 

- A que se refere?

- A adoção... A perseguição contra os seres místicos... - Mory suspirou. O quanto ele sabia sobre tudo isso? Ele viu tudo o que aconteceu, ele de alguma forma também participou da perseguição com os seres místicos, mas por algum motivo, ninguém sabia a verdadeira razão da qual eles foram caçados.

- O importante é que você está bem. Não? - Concordei com ele, embora Mory não tenha me dado a devida resposta sincera. Após alguns minutos em silêncio, retirei a espada do suspensório.

- Isso estava em seu escritório. - Ele analisou a espada em minhas mãos antes de pegar.  - Eu queria saber porque a espada de Akira estava com você.

- Haru a me entregou antes de fugirmos para Jortunheim.

- Ele tem alguma ligação com Akira? - Ele deu de ombros.

- Disso eu não sei, mas acho estranho o fato de ele ter essa espada. - Confessou enquanto cruzava os braços pensativo.

- Acha que Akira seja a filha dele? - Ele deu uma leve risada.

- Se seguirmos uma linha de raciocínio, até pode, mas acredito que não.

- Se ela for, não precisarei ser herdeira. - Mory segura minhas mãos.

- Esqueça isso querida. Não vê o poder que tem?

- Disse que me apoiaria se eu quisesse deixar o trono. - Ele concordou com a cabeça.

-Sim, tem razão, mas quero que pense seriamente antes de tomar uma decisão.

♛♚

Fui até a biblioteca com o tempo livre que me restou. Eu saiba que nos corredores mais fundos e talvez esquecidos pelas pessoas, poderia ter alguma coisa que explicasse sobre magia ou Álfheim. Vi que o tapete vermelho do corredor estava dobrado revelando uma pequena porta aberta. Provavelmente deve ser uma entrada para os túneis do castelo.
Me agachei para abrir, mas como a porta tinha as laterais feitas de ferro, era pesada.
- O que está fazendo? – pulei de susto ao ver Callen. Me pergunto se ele me seguiu até aqui.

Quarto em Vermelho e ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora