Algumas semanas se passaram após a chegada de meus pais ao palácio. Devo confessar que nesse meio tempo não havia pensado em minha situação. Se eu deveria deixar ou não o trono. Mas por algum motivo, eu não queria chegar a uma conclusão. Talvez porque eu não faço a mínima ideia do que fazer em relação a magia, Álfheim, Akira, Laura...
Andei pelo jardim e, de longe, notei os túmulos de Ryut e Haru. Ambas as lápides estavam sempre com rosas e flores de todos os tipos, em sua maioria eram rosas vermelhas em homenagem a corte. Sempre que vejo as flores, começo a ter certeza de que não foi somente o povo que adorou Haru e Ryut, mas também lordes, damas e até criados.Eu me aproximei das lápides em silêncio. Mory encarava a de Haru. Ele não parecia triste e nem feliz.
-Você o odeia? - perguntei. - Ou já odiou? - Em minha cabeça, Mory o odiava, no fundo do coração. Talvez por prender ele e Lillian ou o considerava, por ter dado uma oportunidade de sair da pobreza.-Não. Por que o odiaria? - dei de ombros. Mory tinha feições de um homem ruim. Barba perfeitamente feita, rosto com maxilar levemente marcado, olhos intensos e distantes. Quando pequena eu o conhecia. Ele era meu pai... Mas agora eu me pergunto, quem é você Mory?
Se eu mudei, você também deve ter mudado. Assim como nossa relação parece ter esfriado de pai para filha. Eu queria ouvir de sua boca o que sempre desejei. Que ele odeia tudo isso que estamos fazendo e vamos voltar novamente para aquela vida.
-Por causar tudo isso. - Ele me encarou.
- Haru me deu um bom emprego. Graças a ele que você cresceu... Forte. - Olhei para minhas mãos. Diga Mory, diga que o odeia.
- Ele não deveria ter feito aquilo.
- A que se refere?
- A adoção... A perseguição contra os seres místicos... - Mory suspirou. O quanto ele sabia sobre tudo isso? Ele viu tudo o que aconteceu, ele de alguma forma também participou da perseguição com os seres místicos, mas por algum motivo, ninguém sabia a verdadeira razão da qual eles foram caçados.
- O importante é que você está bem. Não? - Concordei com ele, embora Mory não tenha me dado a devida resposta sincera. Após alguns minutos em silêncio, retirei a espada do suspensório.
- Isso estava em seu escritório. - Ele analisou a espada em minhas mãos antes de pegar. - Eu queria saber porque a espada de Akira estava com você.
- Haru a me entregou antes de fugirmos para Jortunheim.
- Ele tem alguma ligação com Akira? - Ele deu de ombros.
- Disso eu não sei, mas acho estranho o fato de ele ter essa espada. - Confessou enquanto cruzava os braços pensativo.
- Acha que Akira seja a filha dele? - Ele deu uma leve risada.
- Se seguirmos uma linha de raciocínio, até pode, mas acredito que não.
- Se ela for, não precisarei ser herdeira. - Mory segura minhas mãos.
- Esqueça isso querida. Não vê o poder que tem?
- Disse que me apoiaria se eu quisesse deixar o trono. - Ele concordou com a cabeça.
-Sim, tem razão, mas quero que pense seriamente antes de tomar uma decisão.
♛♚
Fui até a biblioteca com o tempo livre que me restou. Eu saiba que nos corredores mais fundos e talvez esquecidos pelas pessoas, poderia ter alguma coisa que explicasse sobre magia ou Álfheim. Vi que o tapete vermelho do corredor estava dobrado revelando uma pequena porta aberta. Provavelmente deve ser uma entrada para os túneis do castelo.
Me agachei para abrir, mas como a porta tinha as laterais feitas de ferro, era pesada.
- O que está fazendo? – pulei de susto ao ver Callen. Me pergunto se ele me seguiu até aqui.
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Quarto em Vermelho e Chamas
FantasyTrilogia: Vermelho e Chamas Vol. 01: Quarto em Vermelho e Chamas Sinopse: Tany cresceu como uma plebeia, mas desde pequena frequentava o palácio por causa do trabalho de seu pai, tendo contato com príncipes e princesas o que a fez ser odiada não ape...