Capítulo 56

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Laura por algum motivo nunca tocava no assunto de voltar para casa. Embora eu a tenha deixado de lado, acho que ela deveria me cobrar. Não que eu tivesse alguma obrigação com isso, mas mesmo assim, sempre tive vontade não só de ajudá-la a voltar para casa, mas também qualquer outro ser místico que queira.
- Você tem andando quieta ultimamente. - Observei enquanto me sentava na cama. O que Laura escondia de mim? Raramente falava sobre seu passado em Álfheim e de como veio parar aqui.

- No que eu poderia te ajudar? Sou uma fada, não sei nada sobre tronos ou coroas. - Respondeu com desanimo na voz.

- Eu sinto muito ainda não termos ido até Álfheim. - Ela voou até mim.

- Está tudo bem. Sei que não é tão fácil quanto parece. Alias, ouvi sua conversa com Mynna na biblioteca sobre as passagens subterrâneas. 

- Ah é? - No mesmo momento olhei para meu braço. O machucado havia cicatrizado e quase não dava para vê-lo. Eu havia tirado a atadura fazia alguns dias. Callen havia me entregue uma pomada para que eu a passasse todos os dias para diminuir a cicatriz, mas confesso que havia me esquecido de passar em determinados dias. Espero que não fique tão aparente assim quando eu estiver mais velha.

- Consegue me dizer as características do bicho que enfrentou? - Mordi os lábios tentando me lembrar de detalhes.  

- Acho que aquilo tinha mais ou menos dois metros de altura. Andava em quatro patas e tinha pelo por toda parte, além de ter dentes afiados e garras também. - Ela pensou. - Tem alguma ideia do que seja isso? - Mas fora tudo isso, a minha principal pergunta era como aquela coisa foi parar lá.

- Não tenho certeza. Seres místicos não costumam ser agressivos. Acho que são cachorros-lobos.

- Cachorros-lobos?

- Sim, são animais criados por bruxas, normalmente são ferozes. Pelo que eu me lembre, as bruxas os chamam de... Espirito guardião. - Explicou a fada.

- Mas porque teria um cachorro-lobo lá? - ela deu de ombros.

- Talvez alguém tenha aberto um portal ou alguma bruxa tenha estado lá. Acho que deveríamos ficar de olho em relação a isso. Alguém pode estar usando magia negra. 

- É, você tem razão. - Alguém bateu á porta. Fellix fez uma reverência antes de se aproximar.

- Soube do ocorrido com Lillian. - Ele se sentou ao meu lado.

- Está tudo bem agora, mas não estou no clima para olhar nos olhos de minha mãe. Tenho me preocupado com algo muito mais importante. - Fellix franziu o cenho. 

- O que?

- Vou matar Wagner. - Fellix deu uma leve tossida. - Quero acabar com ameaças e coloca-lo ao trono. - Tudo bem, isso foi surpreendente até para mim. Meu plano era simples desde o início. Matar Wagner e colocar Fellix no trono, mas e depois?

- Tany... 

- Não posso deixar Wagner vivo e você sabe disso.  Ele vai atrás de Lillian e depois de mim quando descobrir sobre o assassinato de Bella. - Ele suspirou.

- Não sei se isso é certo. - Segurei sua mão.

- Vamos nos casar, se algo acontecer nesse meio tempo, nem Wagner e nem qualquer outra pessoa conseguirá herdar o trono além de você. - Ele ficou tenso. - Você havia dito que me ajudaria caso eu precisasse. - Ele me encarou. Esse rapaz está apaixonado por você. Lembrei das palavras de Mory em relação a Fellix. O quão longe ele iria por amor?

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Embora Midgard não seja o lugar fixo de Mynna no palácio, ela decorou seu quarto onde crescera. Tinha contrastes roxos com amarelo e azul. Seu quarto estava sempre com a lareira acesa e consequentemente, seu quarto era sempre quente. 

Ela lia livros na escrivaninha. Provavelmente o livro em sua mão era sobre magia. Me joguei me deitando em sua cama. – Quer que eu pare de ler para conversarmos? – perguntou ela enquanto virava uma página sem me encarar.
- Não. Não quero conversar. – Disse. A porta se abriu e Lithium entrou ao lado da dona.

- Está nevando bastante. – comentou Victoria fechando a porta. Lithium subiu na cama enquanto distribuía beijos em meu rosto. 

- Pelos deuses, como ele já cresceu. - Observei. Vic tirou os sapatos se juntando a mim.

- Cachorros dessa raça crescem tão rápido, mesmo sendo filhotes. - Disse Vic.
 Mynna fecha o livro e caminha até nos. 

- Eu tenho a leve impressão de que Tany está aprontando alguma. - As duas me encararam. 

- Bem... Ai está a bomba: irei me casar com Fellix. - Apenas o queixo de Victoria caiu lá em baixo. Mynna apenas ergueu as sobrancelhas como se estivesse prestes a me dar uma bronca.

- E o plano é esse? - perguntou Mynna. Victoria se endireitou na cama sem entender. 

- Plano? 

- Se eu me casar com Fellix, Wagner não herdará o trono e nem sua futura esposa ou qualquer outra pessoa.  - Expliquei.

- Isso é uma boa ideia, mas é horrível se casar com quem você não gosta. - Disse Victoria.

- Eu gosto do Fellix, mas como amigo... - Mynna deu um sorriso.

- Quem sabe vocês não se apaixonem com a vida de casados. - Retirei um travesseiro de minhas costas e joguei nela. 

- Você não vai voltar para Svartal? Não sente saudades de Arthur? – questionei a Mynna. 

– Claro que vou. Arthur não gosta que eu fique aqui. - Vic faz uma careta enquanto acariciava Lithium. 

- Você tem tanta sorte. - Confessou a mais nova fazendo bico enquanto olhava para o cachorro.

- Por ter um marido? - questionou Mynna.

- Ter alguém que te ama e você ama de volta. - ela suspira. - Veja, até Callen se apaixonou pela Tany. - eu tossi. 

- Nós não nos gostamos. - as duas apenas sorriem. O que as fazem pensar que Callen e eu nos gostamos?

- A vida lhe dará um amor, você só precisa esperar. Ainda nem completou 19 anos. - Vic agora tem um olhar distante. - Acho que ela gosta do Gian. - sussurrou Mynna para mim. Victoria havia escutado e jogou um travesseiro nela. 

- Ei, eu não sou um saco de pancadas. - Resmungou ela jogando o travesseiro em Vic e depois em mim.

- Não é verdade... Só disse que o acho legal... - soltei um sorriso. 

- Então vocês conversam? - Questionei. Vic corou mais ainda e jogou mais um travesseiro. Só terminamos de irritar uma a outra quando cansamos de fazer guerra de travesseiros e dormimos ali mesmo.


Quarto em Vermelho e ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora