Traitor - Larry Stylinson

XIII.

Harry Styles

O relógio na parede a cima da cama marca 1h43am e eu não estou com um pingo de sono. Fico me revirando na cama numa tentativa falha de conseguir cair no sono, isso já fazem umas duas horas.

Depois que eu e Louis jantamos, surpreendente civilizados, nós sentamos na sala para ver algo na televisão, eu no sofá e ele no chão em cima do tapete. O ambiente estava em um completo silêncio de ambas as partes, nossos olhares ficaram vidrados na tela durante todo o tempo.

Nós iríamos continuar a ver, mas Louis disse que já estava morrendo de sono e depois de dizer "boa noite" se dirigiu ao quarto de hóspedes e eu para o meu quarto. Não pude discutir já que o coitado trabalhou o dia todo enquanto eu fiquei apenas deitado na cama sem fazer nada.

São nesses momentos que sinto falta da minha rotina agitada.

Para minha sorte, Ethan não vem para casa essa noite. Ele me enviou uma mensagem mais cedo dizendo que foi resolver algumas coisas e iria direto para o hospital para pegar o turno da noite, não preciso mencionar o quão confuso ele ficou em saber que eu já estava em casa, ou seja: ele não prestou atenção em nada do que eu disse.

Não o disse como vim para casa, seria confuso explicar por mensagem que cheguei até aqui de moto com Louis, apenas disse que já estava aqui e ele não fez muita questão de perguntar como cheguei.

Já tentei pegar meu celular para colocar uma música relaxante e para conseguir cair no sono, não funcionou. Contei carneirinhos, não funcionou. Fui ler um livro, não funcionou.

Meus músculos já estão doloridos de tanto que me remexo na cama, então decido ir para a sala ver algum seriado. Me enrolo na coberta quentinha e ando com minhas meias de bichinhos em passos silenciosos para não acordar Louis, eu não sou tão malvado a ponto de interromper seu sono.

Tateio o sofá em busca do controle remoto e me jogo no mesmo procurando pelo canal de sempre. Eu iria até fazer um chá quentinho pra mim agora, mas estou com muita preguiça de sair debaixo do meu cobertor.

Deixo o volume o mais baixo possível para não fazer muito alarde e foco no que está passando.

Depois de três episódios e meio, sinto meu corpo finalmente se entregando ao sono e não penso muito em voltar para a cama ou o sono iria se esvair de mim, então acabo por ficando ali mesmo com o eco das vozes da televisão em minha cabeça.

Louis Tomlinson

Ainda é madrugada quando desperto, o céu está escuro e com poucas estrelas do lado de fora da janela do quarto. Ouço baixos, quase inaudíveis, murmúrios na sala e decido levantar para ver e beber água, estou com a boca seca.

Minhas meias brancas que aquecem meus pés batem contra o carpete do chão e eu os arrasto até o lado de fora do quarto, ainda sonolento. Atravesso o corredor sem fazer barulho e me deparo com uma cena admirável ao chegar a sala.

Harry está enrolado até o pescoço com uma manta, aparentemente quentinha, e com os pés do lado de fora, onde contém meias azuis de bichinhos. Alguns cachos caem em seu rosto tampando boa parte e, pela posição que ele está, um biquinho fofo se forma em seus lábios carnudos.

Fico alguns minutos apenas observando a cena e no fundo consigo ouvir os sons que ouvi do quarto, aparentemente eram da televisão.