capítulo XXI

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Ana Drew

Ler é a mesma coisa que terapia para mim.

Meus livros são como minhas vidas passadas que eu não tive a oportunidade de viver de forma correta ou como se fosse algum lugar do multiverso como diria Stan Lee, mas existem livros que parecem mais querer acabar com você do que te ajudar.

Estou sentada na varanda da casa do Adam tentando ler, ele não me deu paz desde a hora que o mesmo me acordou, agora ele está no escritório trabalhando eu acho, eu não gosto de trabalhar em casa prefiro deixar casa e trabalho separados.

As coisas na empresa vão bem até demais, tudo sob controle até agora não demiti ninguém e nem perdi um contrato importante, Harry deveria se orgulhar da filha que tem e sei que ele o faz.

O jantar na casa dos pais do Adam é hoje daqui a algumas horas e eu estou nervosa como nunca, ele já me disse que vai ser tranquilo, mas é a família dele não a minha caramba.

Já está quase no fim da tarde quando ele sai do escritório vindo graciosamente até mim, ele sorri ao me ver sentada na varanda com apenas uma calcinha e uma das camisas gigantes dele.

Seus olhos frios varrem meu corpo, sinto um frio na espinha lembrando do que aconteceu na boate na noite anterior, tenho quase a certeza que ele quebrou o pulso do homem. Não vou mentir, fiquei assustada pra caralho, tive vontade de correr para bem longe dele porém ver ele me fazer aquilo para me proteger fez meu coração querer pular do peito e ir até ele. Adam é possessivo, sempre soube que ele não era um cavaleiro de armadura vim me salvar, e sim o que me prende, mas para ser sincera nunca vi muita graça nos mocinhos.

Adam se inclina sobre mim me dando um beijo, se jogando ao meu lado pegando minhas pernas para que fiquem em cima das suas.

— O que está lendo aí? - pergunta.

— Não sei bem o que é, vi em uma livraria e resolvi comprar.

Viro lhe mostrando a capa do livro dizendo "Eu tenho sérios poemas mentais" esse livro já estava na minha lista faz tempo mas nunca consigo lê-lo por inteiro. Em minhas viagens, gosto de ir a livrarias comuns e comprar livros antigos ou algo que chame minha atenção como este.

— Me parece bom, leia uma parte em voz alta - diz ele, abro a página em que parei e começo:

Quando eu pego um papel e uma caneta (azul, de preferência), não tenho a pretensão de escrever poemas, meu único desejo é sangrar. Não é um exercício literário; para mim, é uma experiência humana. Eu escrevo para tomar banho de chuva, não para tentar explicá-la. Enquanto eu escrevo, estou explodindo, estou transbordando, estou escorrendo; só depois do ponto-final isso se torna poesia, durante a escrita, é meramente ferimento. A poesia é o devir do sentimento.

Paro de ler e olho para ele que está observando a vista incrível da varanda, o prédio de Adam é bem maior que o meu e mais luxuoso, a própria imagem dele que exala poder.

— Para mim a poesia não passa de uma canção da alma, um pedido de socorro, uma súplica ou algo do tipo - diz depois de um tempo.

— É como se o escritor estivesse esfaqueando a própria alma para sangrar em cima do papel - penso alto.

— Um jeito de se libertar não acha? Como se ele estivesse trancado em sua própria mente.

— Tipo naquelas histórias que a pessoa fica presa no corpo de e outra, só que na própria mente?

— Sim - Adam diz e sorri para mim.

Ele chega mais perto de mim e coloca uma mão em meu rosto me permito sentir o carinho dele por mim, sua mão me puxa mais perto colando nossos lábios, Adam me beija lentamente, sua língua brinca com a minha, sua outra mão em minha cintura apertando de leve, minha mão em seu cabelo puxando de leve ouvindo seu gemido baixinho.

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