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Anúbis, 35 anos

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Anúbis, 35 anos.

Miro o olhar lá embaixo, observando o burburinho de pessoas que se forma pelo meio da rua. Levo o copo de whisky até a boca, fitando a agitação das motos, subindo e descendo pela rua principal, fazendo o barulho do roncor ecoar forte e alto pra caralho. Coloco o copo em cima do muro e passo a mão pelo bolso, tirando um charuto de maconha.

Bagdá: Ela vai brotar pô, só vai chegar um pouco atrasada - ele guarda o celular no bolso e pega o copo em cima do muro.

Pirata: E tu não liga? - prendo o charuto por entre os lábios - eu só não vou entrar em uma neurose porquê a Kimberly tá com ela ‐ encosta no nosso lado.

Bagdá: Não entendo vocês dois, uma hora estão de boa, outra hora nesse caô - tiro o isqueiro do bolso e seguro ele em pé, giro meu polegar na roda e acinono o fogo, em seguida, acendo o charuto. Solto o disparador e guardo o isqueiro no bolso da frente de volta.

Pirata: Nem eu entendo, mermão - dou uma tragada longa no charuto e assopro a fumaça pro lado - eu amo a Kimberly - olho diretamente para sua cicatriz marcante no olho esquerdo, que de longe se nota, começa acima da sobrancelha, passando pela pálpebra e termina no começo da maçã do seu rosto.

Bagdá: Por que será, né? Tu traiu a menina com a tia dela, seu mula!

Anúbis: Traiu? - pergunto, pela primeira vez, desde que eu cheguei aqui na casa do Pirata. Tá rolando resenha pela minha volta e pela liberdade dele, o caso que a mulher do Bagdá ganhou - passa a visão.

Pirata: Tava desconfiado dela com o Bodinho - franzo o rosto e mudo o charuto de mão, pegando o copo de whisky ‐ os dois foram pro baile da Nova Holanda - diz, cruzando os braços sobre o peito mudando sua feição de boa pra puto - o cara postando vários stories com a minha mulher enquanto o fodido aqui - aponta pra ele mermo - tava quase morrendo em missão.

Anúbis: Qual foi, a relação deles sempre foi assim. Ela te traiu? Te deu motivo pra tu não confiar nela? - ele nega com a cabeça - então tu não tem nenhum motivo pra cobrar a menina - prendo o charuto na boca e pego o celular que começou a vibrar dentro do bolso, desbloqueio e olho as mensagens da Júlia, abro as conversas pra responder.

Bagdá: Isso meu vido, come o rabo dele com acarajé, porque eu ele não escuta. A mina não merecia pô, ainda mais com a tia que odeia ela, tu é um zé ruela, Pirata! Papo reto mermo.

Pirata: Porra vocês falam como se nunca tivesse traído - encaro ele sério.

Anúbis: Traiu agora sustenta.

Bagdá: É vacilão mermo, se eu fosse ela dava na mesma moeada pra largar de ser um fudido e respeitar quem fecha contigo - apontou pra ele, Bagdá já foi traído pela ex mulher dele.

Pirata: Esse papo deu tilti, tão roubando a porra da minha brisa - pego o copo de whisky e foi lá pra dentro da casa.

Bagdá: Volta aqui, terminei não seu puto - foi atrás dele gesticulando. Neguei com a cabeça e puxei uma cadeira e me sentei deixando o copo na mesa.

Jujuba: Tu voltou hoje e não me disse nada? Caralho, eu morrendo de saudade e nem pra tu brotar aqui na casa da vó.

Jujuba: Esse é o seu amor pela sua irmã? Pode arrancar meu nome da sua pele, me esquece!

Leio a mensagem pela barra de notificação e solto uma risada grossa. Voltei para Penha hoje, depois de três anos pela Bahia resolvendo questões do comando com o meu coroa.
Era pra eu ter voltado antes, mas tive que ficar um tempo por lá. Guardo o celular no bolso e deixo pra responder ela mais tarde, cheguei pela manhã e tô pernoitado e, pretendo ir ver elas amanhã mermo, de tarde, depois que conferir se está tudo em ordem, do mermo jeito que eu deixei.










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ESSÊNCIA DE VILÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora