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ANÚBIS

Estreito meus olhos observando o homem sentando na minha frente, com o aspecto bem mais velho que o meu, Dumal.

Moreno, com o porte grande e com uma tatuagem no pescoço. Uma carpa com a cabeça erguida para cima. E se você puxar o fundamento direitinho, vai entender o porquê da tatuagem, até porque ele não é fraco na hierarquia, é bem respeitado e é peixe grande pra caralho. Mas não me intimida em porra nenhuma; reparo na sua outra tatuagem com ligação, uma lágrima, perto da bocecha, abaixo do olho e pelo cortono ele presenciou alguma morte de alguém que deve ser importante, porque se não me falha a memória, eu só lembro dele com a carpa.

Passo a mão no bolso procurando meu isqueiro, pra apertar um e não desvio o olhar do seu. E ele abre a boca pra começa a falar, com sua voz rouca de fumante que ele tem.

Dumal: Tava lá e não sai em nenhum momento, brotei no baile ontem e seu soldado deu o papo que tu tava ocuapdo - fala balançando a cabeça e apoia uma mão em cima da mesa, fazendo eu erguer uma sobrancelha - minha parada com o Tucano é uma pendência que ele mermo tem comigo, não que interessa pra você - puxo minha boca só de um lado, dando um breve sorrisinho de canto - confiei nele porque ele fecha com o seu pai e você tá ligado cara, seu pai é mermo braço que eu. Essa história dele ter passado uns dias com o Corolla, uma semana antes dele ir pra lá chegou nos meus ouvidos tem pouco tempo, tava no escuro sabendo de porra nenhuma - estralo o pescoço e começo ler a sua postura diamante de mim já é uma parada minha, sou observador pra caralho. Ele tira a mão de cima da mesa e coloca o boné pra trás voltando a falar - eu brotei aqui pra desenrolar uma pendência com o Corolla, téti a téti eu e ele. Depois ele pulou pra lá - acena com a cabeça pro lado direito, da porta - pegou não só você de surpresa, mas como vários menó ele fez uma bagunça do caralho, tô ligado que tive uns dias aí pra trocar uma idéia contigo, mas o tcputa tão querendo invadir lá, não ia deixar lá a deus dará não. Não sou nenhum prostituto porra - eu dou uma risadinha olhando lá pra fora e volto a olhar pra ele.

Como eu disse, a parada dele é com meu pai e não comigo. E mermo sendo braço dele se tentar alguma coisa contra mim por caô de terceiros eu arranco o coração sem dó. Corolla que era pra tá gerencinado aqui e não eu, eu comando a Penha. Mas como ele saiu do chapadão a gerência veio pra mim. E sobrou pra mim resolver problema de bandido emociado, porque é isso que ele é pra mim, um mandado que tá fazendo dias nessa porra.

Olho pro Dumal, colocando o isqueiro no bolso de volta e falo com a voz firme obesrvando ele.

Anúbis: Fiquei sabendo da vk assim que cheguei aqui - apoio meus dois braços na mesa e subo o indicador, apontado pra ele - não confio em você e você já deve saber, seu lance com o meu pai ou qualquer coisa que você tenha com ele não anula porra nenhuma. Cheguei aqui tem nem uma semana direito e já caiu bomba pra caralho no meu ombro - subo a mão batendo com o indicador e o dedo do meio por cima do meu ombro - com o Tucano vai ser eu indo lá e acabando com a raça dele, já que ele não brotou aqui até agora. E se você veio até aqui é porque quer tirar o seu da reta, tava na Cruzeiro até ontem mermo, mais cedo. Mas tu esperou eu chegar aqui pra trocar uma ideia comigo? Tá vacilando pra caralho, tava com os dois antes de acontecer essa merda e não tem idéia de porra nenhuma? Tu é burro ou eles tá contra você mermo - cruzo os braços sobre o peito e falo - confiar em uma vivência que ele teve com o meu pai, tá na disney caralho? Tá no crime a anos e tá confiando de graça - se não é isso ele tá se fazendo pra caralho.

Ele passa a mão no rosto e tira o boné, afundado na metade do rosto. Eu fico calado só lendo ele, ele afasta da mesa e cruzo uma perna na outra, apoiando os braços atrás do próprio pescoço oque quer dizer que ele tá aberto pra trocar uma idéia... porém, Dumal empina a cabeça, dando a entender que está confuso. Só com isso eu já entro em uma lógica que ele tá mais perdido que qualquer um, mas não deixo de não confiar nele.

Dumal: Não vai precisar você ir lá se eu saber que ele tá querendo me fazer de palhaço, eu mermo trago ele aqui - maneo a cabeça em concordância.

Anúbis: Não vai mudar muita coisa, depois que passar o Corolla vou mandar uma parada lá pra ele - não tô sendo burro em tá falando oque eu vou fazer pra ele, se ele tiver de caô pra cima de mim Tucano vai nem vim atrás de mim aqui no Chapadãoe se ele tiver falando verdade vai tá poupando bala da minha glock e um sermão do meu coroa.

...

Bagdá: Sou eu mermo... Bagdá e eu fiquei com a sua casa, mó piscinona do caralho, quiser mando um vídeo meu pra tu, nadando.. e é tu que tá passando fome. Pode avisar aí, pro Nandão e Coelhão.. que eu tô chegando, vou nem falar o dia, até quarta - feira tu me espera. Pode avisar pra geral correr e corre pra longe...pra serrinha, babilônia, chapéu mangueira...se correr aqui por perto eu vou passar com trem por cima da cabeça sem leme.

Eu coço a garganta olhando pros dois lado da rua da minha casa, Dumal pio daqui já tem uma hora. Bagdá encostou aqui na minha base e já tem mais de dez minutos que ele tá trocando com o Corolla, através do radinho.

Bagdá: Tudo que era nosso tu vai devolver, seu pela saco do caralho. Tem nem armamento decente pra trocar um a um. Quase sai purpurina dessas porra, toma no cu.

Corolla: Fala pra caralho, quero ver tu aqui. Pode vim, não vou me esconder. Fala a hora cria, que eu mermo vou tá na linha de frente pra pegar você. E se eu pegar você vou pegar sua advogada de brinde, pegou a visão?

A risada alta do Bagdá entra pela minha audição e olho pro lado, obervando o moreno sentando na calçada com a cabeça pra cima. Não é de hoje que o pessoal cita a Niara, a mina além de fuder com a vida de facção rival é mulher do Bagdá odiado pra caralho.

Bagdá: Pode vim de onder for, tô de prontidão pra trocar tiros com vocês a noite toda. E no outro dia vai ser a sua cabeça que vai tá na minha mão, vou fazer a limpa nessa porra. E fazer tu engolir a língua pra nunca mais falar da minha mulher.

Inclino meu corpo, afastando minhas costas do carro quando escuto o motor da BMW branca do Argentino, passando pelo meu portão e entrando no meu quintal. Bato meu pé no chão, tirando a areia do meu tênis e cruzo os braços. A porta esquerda do passageiro abre e de lá sai uma jumbinha que eu reconheço de olhos fechados.

Anúbis: Vai pra lá - falo com o Bagdá acenando com a cabeça lá pra frente, não gosto de ver a Júlia perto disso.

Bagdá: Já acabei aqui toddynho - ele adpta o radinho na cintura e da um salto, ficando em pé.

Cruzo os braços olhando a Júlia chegando perto de mim com uma cara de cínica que ela tem, sendo que eu tinha dado o papo pro menó trazer ela direto pra cá. Escuto o alarme do carro travando e o Argentino da a volta segurando o zé droguinha.

Anúbis: Tava aonde? - pergunto pra Júlia antes dela chegar perto de mim.

Júlia: Bom dia, Júlia, como você tá? Bem? - contínuo calado só olhando ela - eu vim aqui e não tinha ninguém daí eu queria ver o zé droguinha e mandei mensagem pro Argentino e ele veio me buscar pra dá uma voltinha.

Argentino: Foi assim não ela não parou de me perturbar, essa peste - fala colocando o macaco no chão e sobe a bermuda.

Júlia: Eu mandei só três massagens porque eu não queria ficar sozinha.

Bagdá: Como sofre, meu deus.

Eu olho pros três e nego na hora, eu quero descansar. Meu corpo tá doído da pimentinha, mas com esses três aqui a única coisa que eu vou fazer vai ser passar nervoso.

Júlia: Era seis horas da manhã e Cauã mandando mensagem pra mim, querendo saber de creme - eu rio acenando pros menó da contenção ficar na atividade e subo na calçada tirando as chaves do bolso da frente.

Argentino: Desde quando o cabelo do meu tigrão é cacheado? - passo a chave na fechadura abrindo o porta.

Bagdá: Vem, zé droguinha.

Júlia: Eu pensei que fosse pra mim, mas não vi nada até agora.

ESSÊNCIA DE VILÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora