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Passo pelo portão vinho da casa do Pirata, e o som extremamente alto chega junto, me fazendo crê que tem mais de um paredão aqui dentro. Atravesso o corredor enorme segurando a mão do Bodinho, enquanto ele balança seu corpo no ritmo da música.

Bodinho: Caralho, tá ritmado pra porra - sorrio, olhando sua animação - deixa ele roubar tua brisa não, curte mermo - concordo, passando a mão pelo meu cabelo.

Layla: Não vou, vim pra aproveitar com as minhas meninas - apesar de não estar me sentindo bem não vou ser inconveniente ao ponto de estragar o rolé.

Bodinho: Gosto assim, chachinhos - apoia uma mão na minha cintura deixando meu corpo na sua frente - e aí ta mec? - olho pro menino ruivinho.

Xxx: Tô mermo e tu? - eles fazem o toque e encolho meu corpo sentindo a mão do Bodinho segurando os dois lados da minha cintura, balançando meu corpo para lá e para cá - e aí - ele fala comigo e eu sorrio em forma de cumprimento.

Bodinho: Tô pô, vou deixar ela ali - aponta com a cabeça lá pra dentro - e depois broto contigo pra desenrolar aquele bagulho, já é? - olho as minhas unhas e passo a pontinha pelo meu nariz.

Xxx: Não demora quero resolver essa porra logo, maior dor de cabeça - ele cruza os braços sobre o peito.

Arrumo a bolsinha por cima do ombro e viro meu corpo fixando meu olhar lá pra dentro, assim que escuto a voz da Kimberly, me viro olhando pra lá e o Bodinho passa os dois braço pela minha cintura. Resmungo e ele me ignora. Estreito os olhos mirando olhar pra onde ela tá, o Pirata ta em pé, encostado no muro e ela na frente dele falando alguma coisa enquanto gesticula apoiando uma mão sobre a própria cintura.

Passo o olhar para a esquerda, vendo a Niara rindo de alguma coisa que o Bagdá fala, os dois estão sentados, e tem duas mesas coladas e algumas pessoas em pé já outras sentadas; eu sei que o Pirata que é de frente daqui da Vila Cruzeiro, mesmo não morando nesse morro. Pra falar a verdade eu e a Kimberly não moramos aqui, moramos em outro morro. Comecei a frequentar porque ela vive me arrastando pros lugares, e foi numa dessas que conheci o pessoal. Abaixo minha sainha apoiando minha perna uma na outra e enrolo um dedo no meu cachinho olhando eles.

Estreito mais o olhar observando o lugar, assim que sinto um olhar sobre mim arrumo minha postura, percorro meu olhar mais pro cantinho, pro lado do Bagdá.

Junto as duas sobrancelhas e mordo minha bochecha, quando meu olhar mira no homem que tá do lado do Argentino sentado. O Argentino tá com o corpo inclinado segurando o celular na palma da mão mostrando alguma coisa pra ele, mas o seu olhar não estava no celular e sim em mim, engulo a saliva e sinto meu corpo arrepiar completamente quando ele me analisa de cima abaixo e sua boca se curva em um sorriso, um sorriso indecifrável...

Acompanho seus movimentos quando o mesmo ergue seu corpo passando a mão por dentro da polo branca e tira as correntes, ele segura elas com força sem desviar o olhar do meu e joga elas por cima da peita de gola, abaixo o olhar notando as correntes que de longe ganha destaque brilhando pra caramba e mantenho o olhar reparando sua mão passando por cima. E por instinto genuíno solto um suspiro, a mão tatuada passa pelas correntes e diferente da outra mão que tá cheia de anéis, essa só tinha um, no dedo midinho.

Passo a língua pelo lábio inferior subindo o olhar, lendo toda sua postura rígida e forte! De homem que sabe que é gostoso, ao mesmo tempo que é bom é ruim, normalmente homem nesse naipe tem o poder de acabar com a minha mente. Moreno, tatuado e alto. De polo branca, calça escura e tênis. Másculo na proporção certeira, com várias tatuagens sobre seu bícipes desenhado.

Ele eu nunca tinha visto, pelo menos das vezes que eu já vim aqui... deve ser importante porque e a cara de bandido não nega, só que não falo isso só pela cara ou pelo volume da sua cintura e sim pela essência que ele emana só com o jeito de olhar, um olhar tão intenso.

Kimberly: Solta minha amiga, Bodinho - diz, lá de dentro me fazendo desviar o olhar dele - vem pra cá - me chama estralando os dedos, fazendo eu soltar um soluço assustada e todo o ar que nem sabia que estava preso.

Meu anjinho da guarda...

ESSÊNCIA DE VILÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora