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Eu espero que quando vocês  forem bater uma siririca o dedo de  quem não deu um votinho caía...🥰
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ANÚBIS

Travo as portas do meu carro me aproximando da casa do Bagdá, escutando '7 meiota' estourar do lado de dentro e o som chegar aqui fora abafado, num ritmizado frenético.

Guardo as chaves no bolso lateral, da frente da minha bermuda e passo a mão esquerda atrás do meu boné, afroxando o regulador, arrumando o boné pela aba, no meio da testa; obsevo o Piscotralha, tirando os pés da peladeira da sua moto roxa e firmando os dois no chão, desligando enquanto canta assoviando alto a mesma melodia que toca lá dentro. 

Passo pelo portão olhando meu reflexo através da janela fechada e coço minhas costas entrando no quintal da casa, atravessando o corredor que da na área.

Argentino: Pensei que não ia voltar mais - a voz grave surge a alguns passos da onde eu tô e bato o olhar nele, encostado entre a porta da área - dios mio - fala a última frase com o sotaque espanhol e eu olho pra ele ainda calado. Me aproximo dele obsevando o mesmo com um prato branco com o fundo rosa, batendo o garfo, amassando as bananas e o Zé pendurado no seu ombro com as mãos juntas, mas com o olhar devorando as bananas, chega brilhar a bolota dos olhos.

Anúbis: Vim buscar a Júlia, ela tá onde? - pergunto, ignorando sua pergunta e inclino minhas mão até a altura do seu ombro, pegando o macaco.

Argentino: Trocando um papo com a Niara lá atrás - fala, enquanto mantém sua concentração em terminar de amassar a parada - pro meu bebê número dois - olho pro Zé pegando minhas correntes e jogando sobre o meu peito - pra não precisar fazer muito esforço pra comer - abro um sorriso de lado sentindo meu parceirinho soltando minhas correntes e começando a subir atrás das minhas costas - você é meu bebê número um tigresa, fica despreocupado. Bagdá tá em terceiro porque tá egoísta demais.

Anúbis: Hum - resmungo do fundo da minha garganta e volto a falar - vou ralar peito - tiro o macaco do meu ombro segurando ele na mão esquerda.

Argentino: Tá ficando um velho gostoso, mas muito anti-social - maneo a cabeça assistindo o Bagdá segurando o copo de whisky. Ele leva o copo até sua boca, segurando pela borda e passa a outra mão livre pelo copo, limpando o 'suor' pela parte interna do copo transparente - porra nenhuma, vai tomar uma dose de birita comigo porque o Bagdá já tá na mão do palhaço.

Solto uma risada baixa e pego o prato da sua mão, aproximando na altura do Zé, que curva seu pescoço e aproxima sua boca perto do prato, pra comer suave.

Anúbis: Então faz - desvio o olhar do macaco comendo e observo o loirinho na minha frente, e como todas as outras vezes ele tá todo trajadão de armani. 

Bagdá: Tô numa brisa sinistra, mermão - viro meu pescoço acompanhando ele brotando pra cá - de lá tava vendo um largato - Argentino começa a ri do meu lado e eu franzo minhas sobrancelhas -  e não um macaco.

Argentino: Ãn - olho pra ele que levanta as sobrancelhas sorrindo - mas é um largato porra, só tá meio marrom e com alguns pelos.

Bagdá: Papo de mandado esse teu, Gusta - aponta o indicador pro Argentino oferecendo sua dose de  whisky - tava na sua base, toddynho? - o moreno de cavanhaque bem feitinho  pergunta pra mim gesticulando com a cabeça e eu confirmo - demorou ein - assovia passando a mão pelo cavanhaque - ela comeu a carne bonitinha?

Argentino: Ou será que foi a linguiça que comeu ela - franzo minhas sobrancelhas e inclino minha perna, subindo meu pé e acerto um chute de leve por trás da sua canela - agressivo pra caralho - Bagdá da uma risada rouca cruzando os braços e o Argentino pega o copo da sua mão.

É perceptível o meu jeito de ser quando eu tô entre eles, minha essência muda, fica mais leve. Me dando o gostinho de estar em casa. Quando tava pela Bahia com o meu coroa senti uma falta fudida dos dois; as personalidades são totalmente distintas, mas do nosso jeito se completa, os dois preenchem as lacunas vazias dentro de mim.

Bagdá: Sua irmã tá chorando pra Niara e pro Parafal - ergo uma sobrancelha pra ele da continuidade no assunto - esse pela saco do Argentino passou a visão que tu tem outra cacheadinha.

Argentino: Eu menti onde mermo? - ele mete o sérinho pro Bagdá cruzando os braços antes de levar o copo até a boca - tava me gastando fui lá e gastei ela, só que diferente de mim a gatita levou pro coração - encosto as costas na parede olhando pro Zé - eu só peguei a visão porque comecei a estranhar, conveniência com o próprio Anúbis.

Bagdá: Porra nenhuma, nome disso é fofoca. Tu é fofoqueiro, papo reto.

Anúbis: Perdendo a linha pra Júlia? - pergunto dobrando minha perna e apoio meu pé na parede.

Argentino: Não é isso, não.

Passo o olhar no mini furacão atravessando a porta, com a sacola azul pendurada no seu braço.

Júlia: Papai ligou, mas como você não tava aqui porque deveria tá ocupado com outro alguém que não quero saber, eu disse pra ligar mais tarde - fala tudo rápido sem olhar pro meu rosto, mirando a visão pro tênis branco e a risada baixa do Argentino entra pela minha audição.

Anúbis: Era só ligar pra mim - falo mantendo minha voz neutra, já sabendo que meu pavio é curto.

Júlia: Ele disse que ligou pra você - fala dando os ombros - quero ir já.

Bagdá: Já, Jujuba? Tu não vai comer o doce que fiz pra tu? - chega perto dela passando a mão pelo seu pescoço - vamo meter uns passinhos pô, tu não brotou aqui por que tava com saudade do seu irmão? - ela cruza os braços e sinto a mesma respirando fundo - de nós? - ela confirma olhando ele pelo cantinho do olho, com desconfiança - então, pô.

Júlia: Só porque você tá pedindo, Bag - ele confirma e da uma cotovelada no Argentino, entrando lá pra área.

Olho pro safado do Argentino estreitando os olhos e pra disfarçar ele dá um gole no whisky desviando o contato visual do meu e entra atrás deles; maneo minha cabeça sem falar nada, ajeito o Zé Droguinha no meu braço e espero ele terminar de comer pra poder entrar.

A relação que eu tenho com a minha irmã é maneira pra caralho! Desde que a minha vó trouxe ela pra nossas vidas eu fiquei vidadrão nela. Argentino e Bagdá foi a merma coisa, Júlia é o nosso amuletinho. Tem a personalidade forte, desde menor. É ciumenta pra caralho. É a mesma coisa que eu, só que ela não pode reagir. Já eu posso, tiro do meu caminho rapidinho é só me tirar da casinha e pagar pra ver.

ESSÊNCIA DE VILÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora