FAMÍLIA ?

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AURORA FONTANA GONZÁLEZ

Olho para aquele menino sentado na poltrona em frente da minha.

Ele não parece ser uma criança ruim, mais ele tem um brilho em seu olhar um brilho que me deixa receosa, algo comum, como de quem nunca recebeu carinho.

Matteo está no escritório tendo a tão sonhada conversar com Rodrigo que desejava, e eu estou aqui com quem um dia será o meu genro.

Estranho de pensar dessa forma.

Vejo suas feições, olhos claro, pele morena e cabelo para o tom negro como os de seu pai.

Ele não me aparenta ser uma criança normal, aliais ele não tem postura de criança, é como se fosse arrancada toda essa fase e tivessem pulado direto para a fase adulta.

- porque está me olhando tanto - ele pergunta e me assusto pela forma direta que fala.

- você é um rapazinho muito bonito - digo tentando ser legal mais ele permanece sério.

- você não tem cabelo - diz confuso - gosta de cortes curtos ?- fala tentando entender meu cabelo curto e sorrio, percebendo que ele ainda não agradeceu o meu sorriso, creio que pedir desculpa ou agradecer não seja algo que seu pai ensine.

- eu fiquei doente um tempo - falo e ele me observa - e agora estou voltando a deixar ele crescer.

Ele continua me observando e permanece sentado com uma postura séria de adulto.

- sua mãe tem um cabelo grande ?- tento puxar assunto mas sua expressão não muda.

- eu não tenho mãe - fala sério e agora posso entender um pouco de seu modo de comportar.

- ah me.desculpa.- tento concertar mas ele me encara novamente.

- normal - fala como um adulto me cortando, porém com uma voz de criança ainda - isso é normal, coisas da vida - fala e eu o Observo espantada - meu pai disse que todos vão morrer um dia, não precisa chorar por algo inevitável - fala e fico como estátua diante de suas palavras.

- quantos anos você tem ? - pergunto a ele que mantém a mesma postura de desde quando chegou sorri para me falar.

- 11 anos - fala orgulhoso - sou quase um adulto - diz e sorrio retribuindo o seu.

- verdade é quase um adulto já - falo e o silêncio permanece - gosta de brincar - pergunto e ele me encara de uma forma interrogativa.

-papai não deixa - fala e finalmente vejo uma outra expressão além da indiferença, porém ela é de tristeza - ele disse que não tem tempo para isso, ele tem que me treinar, para que eu seja o melhor de todos - fala e permaneço o observando.

Vejo uma funcionária se aproxima com uma bandeja de biscoito e chá colocando sobre a mesinha entre nós.

Sorrio para ele tentando ser gentil, servindo dois copos de chá, quando vou o entregar juntamente com os biscoitos ele nega.

- você não gosta de chá e biscoitos? - o pergunto.

- gosto - diz simples mas não pega os que eu ofereci.

- então porque então aceita? - o questiono.

- papai disse para nunca aceitar nada de ninguém - fala sério - principalmente de vocês - fala simples e o encaro com uma sombrancelha levantada.

- porque? - digo perplexa.

- porque a filha de vocês vão pertence a mim, e vocês podem querer me matar por isso - ele diz e fico horrorizada.

- eu nunca te machucaria - falo indignada - você é uma criança ainda - falo e ele me olha.

- não sei se é verdade.

O olho indignada, e quando vou falar vejo Lucy descendo de mãos dadas com Cecília.

Por impulso olho para Eduardo e o vejo olhar em direção de minha filha.

- oi Ceci - digo a pegando no colo com sono, esfregando os olhos - porque não está dormindo - digo dando um beijo em sua bochecha e ela se aconchega em meu colo.

Observo Eduardo olhar todo momento eu a enchendo de carinho, até que faço algo que nunca pensei fazer.

- quer dar um oi a ela ? - pergunto e ele pensa se ele se levanta ou não.

Quanto acho que ele não vai levantar, ele anda em passos discretos até mim.

Se aproxima de minha filha ficando em sua frente a observando.

- ela é bonita - fala e sorrio automaticamente - mas é muito mas nova que eu, levanta uma sombrancelha e eu sorrio, mesmo não querendo.

- ela tem dois anos - digo e ele aproxima sua mão dela mais recua, juro que posso ter visto umas pequenas cicatrizes em suas mãos.

Eu o Observo e olho para os lados confirmando que estamos a só, pela primeira vez farei algo que nunca pensei, mas que em meu lugar qualquer mãe faria, manipular uma criança.

- Eduardo - o chamo e ele me encara.

- sim - fala comigo atento todo momento.

- queria fazer um acordo com você - digo e ele me olha receoso.

- que acordo - Pergunta curioso.

- como você disse depois que Cecília crescer ela vai se casar com você - digo e ele me observa. - mas eu não tenho nada em troca então acho justo ter - digo vendo um ar confuso em seu rosto.

- como o que ? - pergunta.

- bom teria algumas coisas que eu quero pedir - coloco Cecília sentada ao meu lado pegando um papel e uma folha - você vai ser um rapaz lindo e inteligente, que todos vão respeitar - falo vendo o orgulho em seu rosto - mas para você ser o melhor de todos teria que fazer algumas coisas como o que meu marido faz - sorrio vendo o questionamento em seu rosto.

- bom a princípio quero pedir que não seja mal a minha filha - falo e vou escrevendo na folha - e que tente ser carinhoso com ela - falo e ele continua me observando - não pode engana-la - escreve - e também não pode maltrata-la - falo - se não isso irá anular tudo que seu pai colocou no contrato.

Ele me observa e sorrio entregando o papel e a caneta, olho na esperança de ele assinar até ele me encara.

- senhorita Aurora.- fala sério e meu sorrio diminui - meu pai me ensinou que não posso assinar nada sem ele ver - fala e fico seria vendo meu plano indo por água a baixo.

- mas eu não serei uma pessoa ruim - diz e o Observo - eu tratarei ela da maneira que quer - fala - da mesma maneira que trato tudo que é meu - fala e o observo seria.

- pode aceitar isso ? - diz e vejo que uma criança de 11 anos totalmente fria conseguiu mudar tudo que havia planejado, o pior é que torço para ser verdade pela simples falta de compaixão que vejo em seu rosto - é o que posso te oferecer - diz estendendo sua mão - aceita?- ele fala e fico firme o encarando até escutar passos se aproximando novamente.

Antes que Matteo e Rodrigo se aproxima, pego a folha e rasgo segurando firme sua mãos em seguida.

- espero que seja tão honrado quanto parece - falo.segurando sua mão e falando rapidamente - Aceito.

TUDO POR ELA - Livro 2 Duologia "IRMÃOS FONTANA"Onde histórias criam vida. Descubra agora