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Quando os homens que contratamos finalmente levaram as últimas caixas para dentro e o caminhão da mudança deu partida e sumiu na primeira esquina da ruazinha de pedra, eu ainda estava diante do portão, os olhos erguidos para o que parecia ser minh...

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Quando os homens que contratamos finalmente levaram as últimas caixas para dentro e o caminhão da mudança deu partida e sumiu na primeira esquina da ruazinha de pedra, eu ainda estava diante do portão, os olhos erguidos para o que parecia ser minha nova casa.

Digo parecia porque aquele lugar, em nenhuma hipótese imaginável ou inimaginável, era o que eu esperava de uma construção aconchegante onde minha mãe e eu pretendíamos começar uma vida nova.

Só podia ser um castigo. Ou uma brincadeira de mau gosto.

- Por favor, me fala que eles erraram o endereço - implorei, prestes a desmoronar na calçada. Minha mãe ficou em um silêncio contemplativo, encarando aquela... coisa. - Mãe...

- Era o que dava para comprar com o dinheiro da venda do imóvel em Belo Horizonte, Bia - ela disse, colocando uma mecha do cabelo castanho atrás da orelha e se virando para olhar para mim. - Você sabe que a gente morava em uma região bem mais ou menos, e uma coisa que eu descobri é que casas em cidades pequenas são caras. Mesmo as ruins.

Então era por isso que ela não tinha me trazido em todas aquelas vezes que viera até Santa Cruz negociar a compra do imóvel. Ela não queria que eu visse até não ter mais jeito. Pretendia me proteger, talvez?

Bufei.

Era isso que minha mãe vinha fazendo desde toda merda que aconteceu na minha vida no último ano. Me proteger. De tristezas, aborrecimentos e até pequenas decepções. E eu era grata por ter alguém como ela, mas não queria mais ser vista como alguém prestes a quebrar o tempo todo.

- Filha...

Ela tocou meu ombro e eu suspirei, tentando sufocar um grito de frustração.

- Eu sei que você fez seu melhor - disse, não querendo ser mais um problema na lista dela. - Eu só... - Pisquei depressa e olhei para o céu. - Vou sentir falta de Belo Horizonte e não vou ao mesmo tempo, sabe? E esse lugar ainda não é minha casa.

Eu sabia que tinha passado os primeiros meses da minha vida em Santa Cruz e que todas as minhas raízes vinham desse lugar, mas Belo Horizonte era a minha cidade desde sempre. Eu queria escapar de lá depois de tudo, mas sabia que demoraria um tempo até me adaptar ao ritmo da cidade pequena.

Caça Tesouros e AmoresOnde histórias criam vida. Descubra agora