Samuel me levou até um dos banheiros da parte de cima. Ele era todo feito de ladrilhos vermelhos e detalhes em dourado, como a pia e a moldura do espelho sobre ela. Uma banheira gigante, que serviria muito bem de piscina pra mim, ficava junto à parede.- Eu vou tentar achar umas toalhas limpas e alguma coisa pra você vestir - ele disse depois de girar as torneiras e deixá-las abertas para a banheira encher. - O meu avô deve ter guardado algumas roupas da minha mãe. Você não se importa de usar um vestido de uma pessoa falecida, né?
Sentei na beirada da banheira.
- Graças a você eu vou dormir numa casa que parece infestada de fantasmas. Sinceramente, o vestido da sua mãe é o menor dos meus problemas.
Samuel fez uma careta.
- Eu já admiti que fui um idiota por não trocar as velas! O que mais você quer?
- Um jantar quentinho - disse, caprichosa. - E bem feito!
Samuel fez um gesto brusco com a mão e me deixou sozinha no banheiro. Só quando ele foi embora que me permiti sorrir.
Eu amava encher o saco dele.
Enquanto Samu revirava a casa em busca de toalhas e roupas limpas, peguei o celular e liguei pra minha mãe.
- Bianca! Onde você tá? - Ouvi o eco do trovão pela chamada, o mesmo que rasgou o céu pela janelinha do banheiro e me fez encolher no lugar. - O mundo tá caindo lá fora!
- Eu sei, mãe, não se preocupa. Eu tô bem. - Suspirei, tentando encontrar as palavras certas, mas não conseguindo. - Eu precisei ajeitar umas coisas com o Samuel na casa dele, mas o carro enguiçou e eu tô presa aqui até amanhã cedo.
- Como é que é?
Eu me levantei da banheira e comecei a andar de um lado para o outro no cômodo enorme.
- É. A gente precisava resolver umas coisas do bar, sabe?
- Coisas do bar? Na casa dele?
- Mãe, não é o que você tá pensando...
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Caça Tesouros e Amores
RomanceBianca levava uma vida confortável com a família na capital mineira: ela tinha amigos, estava certa que passaria na faculdade dos seus sonhos e não se preocupava nem por um momento que tudo pudesse ruir de repente. Até que aconteceu. Depois...