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O movimento no bar sempre era tranquilo por volta da hora do almoço, ainda mais em dias de semana

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O movimento no bar sempre era tranquilo por volta da hora do almoço, ainda mais em dias de semana. O Hélio só vinha a partir das cinco e eu estava sozinho no bar, lidando tranquilo com dois velhinhos que compartilhavam uma garrafa de Coca gelada em uma das mesas e Roberto, o barbeiro que atendia no quarteirão de baixo e sempre vinha comer alguma coisa antes de voltar para o trabalho.

Liguei a TV que ficava instalada na parede atrás do balcão e ouvi as notícias sem ouvir de verdade, enquanto consertava a gaveta do caixa que tinha emperrado. Poucos minutos depois, ouvi alguém se aproximar.

- Oi, Samuel. Como vai?

Olhei para o homem baixinho sentado no banco do outro lado, exibindo um sorriso gentil sobre o bigode branco.

- Carlos! Eu tô bem, e o senhor? Hoje é seu dia de folga e decidiu fazer uma visita?

Peguei uma Fanta gelada e enchi um copo para ele. Sabia que era seu refrigerante preferido.

- Esse é só o primeiro dia de folga do resto da minha vida, filho - ele contou e ergueu o copo para brindar no ar. - Me aposentei.

Não consegui esconder a surpresa.

- Mesmo?

- Mesmo.

Eu soltei uma risada baixa e balancei a cabeça, me apoiando no balcão.

- Eu tô muito feliz pelo senhor, mas triste pelos alunos que não vão te conhecer.

Carlos sorriu por sobre o copo de Fanta.

- Você sempre foi muito gentil, Samuel.

Mas nunca tão gentil quanto ele. Carlos tinha sido meu professor de história a vida inteira, já que não havia muitos ali em Santa Cruz. Mas ele nunca tinha sido meu professor. Ele foi meu amigo.

Quando a maioria dos docentes não dava muita atenção pra mim por acharem que meu cérebro era desproporcional ao meu tamanho, Carlos foi quebrando pouco a pouco as barreiras da minha timidez, me incentivando a aprender e buscar respostas para qualquer pergunta. Sua aula e a companhia constante de Pedro eram o que me fazia querer ir pra escola. Seu incentivo não me motivou só no colégio, mas na vida. Eu queria impressionar aquele senhorzinho. Queria ser o melhor aluno em todas as aulas. Queria ser algo mais, porque ele acreditava que eu podia.

Caça Tesouros e AmoresOnde histórias criam vida. Descubra agora