Bianca levava uma vida confortável com a família na capital mineira: ela tinha amigos, estava certa que passaria na faculdade dos seus sonhos e não se preocupava nem por um momento que tudo pudesse ruir de repente. Até que aconteceu.
Depois...
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Eu me arrependia amargamente de ter comentado com o Pedro sobre a reforma na casa da Bia na noite anterior. Porque assim que mencionei que tinha comprado os materiais e contratado a mão de obra para tentar dar um jeito no lugar, ele se ofereceu para ajudar também.
E agora eu estava ali, com Pedro falando por quase três horas interruptas no meu ouvido. Os tópicos variavam entre futebol, a viagem que ele queria fazer com a Juliana no dia dos namorados e o fato de eu estar interessado na Bianca, mas, segundo ele, ser covarde demais para admitir.
Considerando o fato de que estávamos em cima do telhado da casa dela, talvez eu acabasse jogando um de nós dois dali de cima para acabar de vez com o meu sofrimento.
- Dá para você calar a boca? - falei enquanto trocava as telhas. Estava um calor dos infernos ali em cima, mesmo perto do sol se pôr. Eu tinha tirado a camisa e jogado uma garrafa de água gelada no peito, mas mesmo assim era como se eu fosse começar a derreter a qualquer instante.
- Se você admitisse logo, eu te deixava em paz - ele disse enquanto fingia que trabalhava, demorando tanto para trocar as telhas que eu adicionei outro item à minha lista de arrependimentos: ter ido ali para cima com ele ao invés de ajudar um dos pedreiros com a construção da cobertura da lavanderia lá embaixo. - Sabe, não vai doer falar que gosta dela.
- Você tá parecendo um adolescente - falei. - E do que isso te interessa, no fim das contas? Você devia cuidar do seu relacionamento ao invés de se preocupar com o dos outros. Da última vez que chequei, a pessoa a invadir uma casa bêbado no meio da noite porque a mulher o chutou pra fora, foi você.
- Primeiro, a Ju e eu já resolvemos isso, babaca. - Soltei um resmungo de descrença, mas Pedro já estava com um sorriso enorme no rosto. - E segundo... então você admite que tem um relacionamento?
Eu podiajogar ele do telhado. Era só falar para as autoridades que o idiota caiu por acidente e eu nem precisaria passar uma noite atrás das grades.
Mas, antes que fizesse qualquer coisa, ouvi a voz da Bia chamar lá embaixo:
- Meninos, o café tá pronto! Anda logo, antes que esfrie.
