Minha invasão não saiu como planejado.
Nem perto disso, na verdade.
Eu ainda estava lambendo as feridas naquela noite no bar, pensando em como um medo bobo de supostos fantasmas e um guarda-chuva tinham me feito entregar os pontos e ter Samuel inserido no meio de toda aquela história.
Ao mesmo tempo, era bom não precisar mentir mais e ter alguém com quem compartilhar aquele segredo pesado e monstruoso. Mas eu ainda não sabia se era tão bom assim ter Samuel como parceiro. Na real, não tinha nem ideia de como aquilo iria funcionar.
- Você tá pensando sobre as joias, não tá? - ele perguntou quando precisei ir até o balcão pegar pedidos.
- É só nisso que eu penso ultimamente - falei, olhando para os lados antes de completar: - E vê se fica esperto. Não dá pra ficar comentando sobre isso aqui.
- Desculpa. - Ele começou a limpar o balcão, como sempre fazia quando estava estressado ou precisava se distrair enquanto um cliente tagarelava. - É que é tão doido! Parece enredo de novela.
Tentei disfarçar o sorriso, mas não consegui.
- Nas novelas, os mocinhos ficam ricos no final. Vamos torcer.
Samuel riu.
- E desde quando você é a mocinha?
- Desde sempre.
- Mocinhas não são gentis e bem comportadas?
Bufei.
- Que tipo de novela você assiste? As dos anos 60? Tá na hora de rever seus conceitos sobre mulher ideal.
- É que as mocinhas não invadem casas. Nem tentam matar pobres rapazes inocentes.
- Inocente? Você? - Samuel e eu trocamos um olhar e caímos na risada. Eu balancei a cabeça para ele. - Vai trabalhar. Já tá me distraindo.
Peguei os pedidos e os transferi para a minha bandeja. Tinha acabado de servir uma roda de amigos quando alguém deu batidinhas no meu ombro.
- Tem algum lugar disponível para mim?
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Caça Tesouros e Amores
RomanceBianca levava uma vida confortável com a família na capital mineira: ela tinha amigos, estava certa que passaria na faculdade dos seus sonhos e não se preocupava nem por um momento que tudo pudesse ruir de repente. Até que aconteceu. Depois...