Cap.2 - Parte II

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Continuamos ali até terminarmos de comer, mesmo parecendo muito a princípio foi a cota perfeita para três garotos em crescimento. E então, depois dos dois escovarem os dentes, seguimos nosso caminho para o carro de Bakugo.

Quando os pais de Katsuki se separaram, o pai dele se sentiu culpado de que o rompimento pudesse afetar o filho (é perceptível que Kats puxou o temperamento da mãe) e lhe presenteou com um carro.

Bakugo ficou mais mal por ter que passar a frequentar alguns dias das semanas a nova casa de seu pai, o que significava ficar longe dos amigos, do que com o divórcio em si. Aquele casal vivia brigando, Katsu sempre nos demonstrou irritação e impaciência por seus pais terem insistido naquela relação por tanto tempo.

E de imediato Baku não aprovou o presente por achar que não foi por merecimento próprio, mas ainda bem que o convencemos que todos ganhávamos com tal. Ele teria um carro, que nem era um grande modelo (não que eu entenda de carros, mas aquele tava longe de ser um zero), e eu e Kiri um motorista particular. Já que eu não consegui tirar carteira de jeito nenhum e Eiji até conseguiu, mas não gosta de dirigir >leia-se tem medo<. Percebendo que aquele presente "não merecido" também vinha com prestações, Bakugo enfim o aceitou.

– Vamos passar pra pegar Hanta e Mina? – Perguntei entusiasmado para ver nossos outros amigos.

– Eles não avisaram nada sobre querer carona. – Kirishima informou.

Ashido e Sero fazem parte do nosso grupinho da escola. Aparentemente somos ímãs de latinos, sendo Mina uma brasileira parda e Hanta um colombiano de pele clara. Não sei por que as famílias deles foram parar no interior do nosso Estado de todos os lugares, acho que estamos classificados como um dos piores locais do país para estrangeiros e pessoas de cor, diversidades no geral (apesar de Indiana significar "terra dos indígenas" e o Michael Jackson ter vindo daqui). Pra vocês terem uma ideia, há altos rumores de Sero ser um drogado traficante só por conta de suas origens. Ele fuma umas maconhas de vez em quando? Sim, mas não é viciado e longe disso ser algo da família ou as distribuir por aí. Não divide nem comigo, mesmo se eu pedir.

Ashido é de não dar a mínima para o que dizem dela (tô tentando aprender a ser assim). Desse modo, mesmo sendo criticada por ser muito metida na concepção de alguns, a garota aderiu ao costume de Kiri e tem pintado o cabelo cacheado todo de rosa pra mostrar para as recalcadas que, além de ficar deslumbrante com essa cor, ela não se envergonha de ser chamativa. Isso realmente virou uma moda pra nossa geração, não contando esses dois, ainda tem mais uns quatro do nosso ano que também adotaram o cabelo colorido. Até o emo do Shinso e o pervertido do Mineta estão inclusos nessa lista com seus fios tingidos de roxo.

Vejamos: o Todoroki, um dos riquinhos da nossa turma que dizem estar numa escola pública por conta da rixa que ele tem com o pai (pelo que me falaram o garoto recusa o dinheiro do velho só para o irritar), seguiu essa tendência recentemente descolorindo tanto a metade direita de seu cabelo que chegou a ficar branco.

Também dizem que o descolorimento foi a consequência de uma aposta que o tal perdeu, mas ele não me parece do tipo que faria nenhum dos dois (é muito certinho pra apostar e aceitar essa prenda). De qualquer forma, o agora metade ruivo não é de ligar pra opinião alheia, assim como Mina. Ele já tem uma queimadura no rosto que chama atenção, o que seria um cabelo tingido? E pensando bem até que combinou mesmo com os olhos heterocromáticos dele nesse conceito meio a meio, como diria Bakugo. O loiro não é só de distribuir apelidos, tá mais pra se recusar a se referir às pessoas pelos seus nomes, gosta dessa coisa de fingir não gravar a nomenclatura de ninguém mantendo assim sua reputação de não se importar.

Midoriya é outro que pintou o cabelo inteiro do mesmo verde de seus olhos, em solidariedade à Todoroki, seu melhor amigo, para não deixá-lo sozinho nessa em seu círculo social. Quem poderia ter problemas com esse anjo? Obviamente Kacchan, como Mido apelidou Katsuki. Claro que eu, ao notar a repulsa do loiro sobre a palavra, não perdi a chance de aderir esse jeito de chamá-lo. Bakugo também não deixou barato, apelidando Izuku de Deku.

Os dois são arqui-inimigos nos estudos desde o sexto ano, quer dizer, não acho que Izu ligue pra valer para qualquer rivalidade, mas pra Kats a disputa pela melhor nota da sala é bem real. Sim, nosso gremlin é um nerd disfarçado, competitivo nisso como em tudo. A parte boa mesmo disso é que Kiri e eu temos alguém para nos salvar nas provas.

E por fim temos Tetsu, o capitão do time de futebol americano do colégio, que passou a ser considerado ainda mais legal depois que começou a platinar o cabelo. Impressionante como a zoação é seletiva, porque em contrapartida nós, os conhecidos como Baku Squad (a galera assumiu que o Bakugo é o nosso líder por ser o mais marcante, pelo seu jeito rude, mas quem nos conhece melhor sabe que eu sou o mais qualificado pra esse cargo por ser a cola do grupo), somos nomeados de: mostarda, ketchup, maionese, shoyo e molho rosê, por conta das cores de nossos cabelos. Não preciso dizer quem seria o que, né?

– Quem vai na frente? – Eijiro perguntou me fazendo voltar ao presente.

– Quem tá com a playlist da vez! – Com um sorriso presunçoso, rapidamente lhe mostrei meu celular pronto com minhas músicas.

Ele sorriu em troca pra mim, em reconhecimento, e me deixou ir para o banco da frente enquanto se dirigia para o meio do banco de trás. Estando todos acomodados e de cinto, conectei meu cel com o carro ao som de uma bufada de Bakugo e a partida do veículo saindo do lugar.

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