No colégio, o primeiro que encontramos dos nossos foi Sero. O latino estava no corredor parecendo bem concentrado em arrumar seu armário. Devia estar escondendo algumas ervas, isso fazia mais o tipo dele.
– Olá! – Chamei sua atenção, exageradamente alegre, ao me aproximar dele. – Está um dia lindo hoje, não é mesmo? – Ele fechou seu armário e me olhou sem entender, minha "sutileza" não foi o bastante pelo visto.
– Não tá esquecendo de nada? – Eijiro me deu uma ajudinha, mas o colombiano continuou com cara de taxo.
– Nós te mandamos mensagem! – Katsuki proferiu irritado, indignado que até hoje o outro não tenha gravado o de nenhum de nós e nem se lembrado mesmo com seus avisos.
– Ah, sim! – Com o urro do loiro acinzentado, Hanta enfim aparentou recordar (esse é dos que trabalha sob pressão). – Feliz cumpleaños, Kami. – Como de costume, o moreno me parabenizou em espanhol. Pelo menos é o que eu presumo que seja. Para o bem dele é melhor que seja isso e não uma de suas gracinhas.
– Obrigado! Eu não vou esquecer de cobrar um presente, hein. – O adverti com meus olhos inocentes de anjo caído.
– 18, né? É um marco. – Ele logo me exibiu aquele seu sorriso malicioso. – Pode deixar que vou te dar algo condizente com essa idade.
– Se vier com algo de um Sex Shop, eu faço você devolver. – Bakugo o ameaçou sério enquanto vi de relance, pelo canto do olho, Kirishima ficar vermelho.
– Deixa de ser um puritano estraga prazeres! – Sero o zoou. – Você é o que, pai dele?
Nesse momento Yuga surgiu de algum canto, em que provavelmente estava nos espionando, e veio até nós parecendo ter pego uma parte de nossa conversa.
– É seu aniversário?! Por que não me disse antes?
– Tenho certeza que espalhei pra todo mundo de meu convívio durante essa semana. – Respondi ao chocado, e esquecido, francês.
Esses jovens dessa geração, tudo com problema de memória já. Em defesa deles aqueles dias tinham sido puxados por conta do fim próximo do ano letivo, então deviam estar com as cabeças ocupadas em coisas de estudos.
– De qualquer forma, vou pedir pro Sato mandar a real pra amiga dele pra ela parar de te incomodar. – Ao menos meu dia serviu para desencanar Aoyama de insistir pra eu aceitar Ojiro, que depois de todos aqueles meses ainda tinha esperanças comigo. – E aí eu e você podemos finalmente ter o nosso rolê de compras pra você escolher uma roupa, de uma loja que eu te levar, pra ser seu presente meu.
– Cadê a Mina? – Perguntei, desviando do sorriso maníaco que o loiro perolado deu por orgulho daquele seus planos. – Alguém viu?
– Deve tá no banheiro. – O intercambista respondeu de supetão, fechando rapidamente seu semblante ao passo que parecia querer camuflar algum tipo de nervosismo.
– Eu vi ela indo pra biblioteca não tem muito tempo, o motivo eu não faço ideia. – Hanta comunicou deixando Yuga suspeitosamente mais nervoso.
– Vou lá então cobrar dela também meus parabéns, vocês podem indo pra aula-
– Eu vou com você! – O francês interrompeu afobado minha autorização de nos dispersarmos. – Sabe, antes de qualquer um aquele é o meu ponto.
– Tá... – Concordei, mesmo que eu não estivesse muito convencido de seu argumento e sorriso adicional claramente forçado.
Os outros três, apesar de também estranharem um pouco o comportamento do loiro de olhos claros, deram de ombros. Assim, nos dividimos: enquanto os demais foram a caminho da sala, eu e Aoyama seguimos para biblioteca a passos lerdos do intercambista que me segurou pelos braços e aparentava me atrasar de propósito.
Chegando perto da entrada do lugar, por conta das paredes finas e o silêncio do local, deu para ouvir a conversa que rolava lá dentro (mesmo com o francês falando em meus ouvidos).
– Não vou conseguir dizer essas coisas! – Reconheci aquela voz como a de Shinso. Ele soou encabulado como nunca o tinha escutado antes.
– Por isso a música. – Era Mina quem estava dialogando com o arroxeado, confirmando a informação do colombiano. – Deixa a letra dizer por você, tipo que nem em "10 Coisas Que Eu Odeio Em Você". – Merda, perdi o contexto por não ter esse filme em meu repertório.
– Quer que eu faça isso no meio da escola? – Hitoshi a questionou mantendo o seu tom, que não era nem muito alto e nem baixo o bastante se aquela discussão pretendia ser privada. Senhor, que ninguém tenha passado por aqui durante os meus depoimentos comprometedores. – Vai expor ele.
– Mas os outros dois tem que ouvir. – Saber da fofoca pela metade só me deixa mais intrigado pelo enigma.
E claro que justo naquela hora, para completar a atitude suspeita do loiro ao meu lado, Yuga acelerou o passo visto que eu me dedicava mais em xeretar nossos amigos do que prestar atenção no que ele me dizia (que inclusive tava com cara de tentativa de me distrair da tal conversa).
– E se ele aceitar? – Ainda consegui escutar Shinsou perguntar, ele soava apavorado dessa vez. – Vocês não tavam o ajudando e o incentivando a se contentar ou algo assim?
– Ele dizer "sim" pra você? Até parece. – Ashido zombou. Imagino a expressão de morte que meu ex-tutor exibiu a ela que a fez em um instante se retratar: – Sem ofensas. E essa é a ajuda-
– Salut! – Anunciou o francês descomedido, no segundo em que entramos na biblioteca, alertando nossa presença aos dois.
Eles nos fitaram de olhos meio arregalados, por terem sido pegos em flagrante, e na mesma hora Hitoshi escondeu algo debaixo da mesa que não pude identificar a tempo.
– Já entendi. – Comecei me sentindo um sabichão por ter sacado a deles. – Vocês três estão em um complô planejando uma surpresa de aniversário pra mim, nesse caso o Yuga merece um Oscar de atuação pelo fingimento de ter esquecido essa data. – Virei apontando para os que estavam sentados: – Ou vocês dois estão de paquera e o Aoyama era o único que tinha conhecimento disso, até agora, e foi péssimo em acobertar. – Tá aí um casal inesperado.
– Eu só estava pedindo dicas das matérias pro filho do professor. – Mina pronunciou em nome deles enquanto os meninos permaneciam tensos. – Porque né, você tem ido muito bem com a ajuda dele e tal.
– Consegue fazer melhor que isso. – Assegurei em relação à mentira que a garota arranjou.
– Okay, pode ser que estejamos te preparando algo, mas de qualquer modo é segredo. – Por falta de saída, ela abriu o jogo (como é bom estar certo). – Agora vamos logo que eu não quero ganhar mais uma bronca por atraso. – Fui arrastado de lá apressadamente pela latina.
Os outros dois vieram atrás de nós com mais calma e eu, apesar de curioso, não pressionei mais sobre o assunto, sabendo que não conseguiria arrancar mais que aquilo deles. E também porque, como já disse, gosto de ser surpreendido.
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Por Que Três É Demais?
FanfictionQuem disse que mostarda, ketchup e maionese não combinam tudo junto? É a primária tríplice aliança, o equilíbrio perfeito de uma tiqueta. Digo, triqueta... tiquetra? Aquela desgraça do símbolo da trindade! É disso que tô falando, eu quero um poli e...